FAYE MONCRYEF: A FLOR

Há flores que levam mais tempo a desabrochar, assim mesmo, desabrocham. Há ainda flores que contém mais espinhos ou formas inexatas, incompreensíveis aos olhos humanos, mas que tem beleza incomparável.

Estas são as mais belas, devem ser contempladas por inteiro. Estou falando, não de uma simples flor, estou falando de uma rara, daquelas que só se acha ao fundo do penhasco, ou em cavernas subterrâneas. Ela não se nutre pelo Sol, pela luz, mas pela escuridão, pelo grotesco. Esta flor é diferente, em aspecto e aroma, sua vida se traduz em trazer à luz o que está na escuridão.

Oh, tão bela e adorável! Dá-nos de seu puro perfume, dá-nos sua essência!

Ela é incomum, e observada do ângulo certo, com o maior tato, pois é tão delicada ao contato humano, pode mudar vidas. Se lida como é, pura e simplesmente, causa impacto, em seguida, paixão.

Não é fácil revelar o que está escondido, colocar em seio comum aquilo que todos fogem, seu sacrifício é o nosso alento. Sua obra, imunda, pois não é deste lugar, acaricia-nos com o que não sabemos explicar. Seu mistério é parte de cada um, envolve. Não é qualquer um que tem capacidade para tal. Ela é esplêndida em todos os sentidos, sua melancolia, sua solidão, comove.

Tomo um cálice de sangue à mão e brindo a você, doce flor em pétalas negras, continue desmascarando-nos, mostre-nos o que realmente somos com seu olhar colossal.

Pandim
Enviado por Pandim em 31/10/2010
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