ZONA ZERO POEMAS DE YOUSSEF RZOUGA
POR ROSA-ISABEL MARTÍNEZ LILO- ESPANHA (*)
Desde que Umberto Eco iniciou-nos ao amplo e necessário conceito de “obra aberta” estamos convencidos de que se é certo de que uma obra pode ter mais de uma interpretação, podemos pois abordar a mesma realidade desde várias perspectivas e assim entrar em um castelo encantado ou não e, isto por várias portas.
Algo parecido ocorre com o ultimo divã do jovem e solidíssimo poeta tunisiano Youssef Rzouga (Zorda, 1957) (1) .Na verdade é a sua obra em si
que nos será aberta, ante nossa constante, crescente e profunda admiração com sua leitura, caminho que nos vai introduzindo por mil e uma passagens secretas, por mil e uma escadas que sobem e descem, por mil e um labirintos carecedores de principio de saídas.
A estrutura em si poderia ser de um divã
concebido, digamos à maneira clássica
isto é uma antologia poética composta por vinte e seis poemas (e uma introdução crítica sobre sua poesia), cujo fio condutor é conforme deduzimos do título o trágico fato de onze de setembro de 2001 e suas seqüelas.
Isto poderia servir de ponto de partida, mas, na realidade o poeta faz de tal acontecimento um ponto para muitas outros caminhamentos. O principal será o de erguer um novo vocabulário poético, uma nova poética como também fizeram outras vozes árabes com Adonis à cabeça. Uma nova poética, que gera-se no próprio poeta a partir de um tempo e espaço zero.
Não é de admirar que Rzouga o execute. Seus “experimentos” literários são muitos e de diversas naturezas; assim, por exemplo, o feito de haver levado à poesia francesa (idioma à qual também ele escreve poesia), a métrica mais puramente árabe.
Originalidade, portanto, formal e conceitual, o autor também deleita-nos em muitos aspectos com a meta-poesia, os jogos de Y com as palavras, a inserção de vocabulário da informática, a utilização de neologismos que ele mesmo cria...e um longo etcetera.
Em qualquer caso, além ou quiçá, paralelamente a tudo o leitor amante de “realidades mais clássicas” , me perdoe a expressão, também tem lugar neste divã, mesmo quem vai em busca de poesia profunda, transcendental, transparente ou seja genuinamente mediterrânea, também haverá de ler a Zona Zero de nosso poeta tunisiano . Y é que Rzouga é, essencial e principalmente um poeta mediterrâneo, um poeta de azuis e verdes, um poeta do mar, desde a terra, um poeta mediterrâneo que em definitivo e isto é mais o que nos surpreendeu, não deixa de jogar com o Tempo e o Espaço ao ritmo do mar, ao ritmo das ondas de nosso Mare Nostrum.
Apreciemo-lo como um exemplo, neste breve, denso e belo poema chamado precisamente,
BARBANTE AZUL
tradução do árabe para o espanhol por Rosa-Isabel Martinez Lillo
O posterior brinca com o anterior
e o anterior com o mais anterior
e o mais anterior com os ancestrais
É como se a morte, esta morte...
não fosse aquela morte, a morte.
a morte de ser terno e da vitalidade que o circunda!
Ou como se o momento, este momento...
não fosse aquele momento, o momento...
o momento do perfeito alhandal e de todo seu apetite sexual!
Ou como se a voz, esta voz...
não fosse aquela voz, a voz...
a voz do vil tirano e todos seus erros circundantes!
Ou como se a cor, aquela cor...
não fosse esta cor, a cor....
a cor do riso amarelo debaixo da máscara!
O poeta brinca com o leitor
e o leitor com o texto que tem diante dos olhos
brinca conosco este barbante azul
o mar do instante impetuoso
o mar das palavras (2)
Rzouga, Youssef: Ard al-sifr (Zona Cero, "The Ground Zero" (Rosa-Isabel Martínze Lillo).
AWRAQ (Vol.XXIII - 2006)
(1) De sua produção poética destacamos Barnamay al-ward (El pograma de la rosa)y Azhar thani oxyde altarij (las flores del -bi-óxido de la historia), cujas traduções inéditas todavia estamos levando a efeito.
(2) A tradução que aqui insertamos, inédita até agora é nossa.
(*) ((Rosa-Isabel Martínez Lillo. Profesora Titular de Lengua y Literatura Árabes Departamento de Estudios Árabes e Islámicos y Estudios Orientales/Licenciatura de traducción e Interpretación Universidad Autónoma de Madrid)
Tradução do espanhol p/ português por
Lilian Reinhardt
www.lilianreinhardt.prosaeverso.net/visualizar.php
www.facebook.com/note.php
POR ROSA-ISABEL MARTÍNEZ LILO- ESPANHA (*)
Desde que Umberto Eco iniciou-nos ao amplo e necessário conceito de “obra aberta” estamos convencidos de que se é certo de que uma obra pode ter mais de uma interpretação, podemos pois abordar a mesma realidade desde várias perspectivas e assim entrar em um castelo encantado ou não e, isto por várias portas.
Algo parecido ocorre com o ultimo divã do jovem e solidíssimo poeta tunisiano Youssef Rzouga (Zorda, 1957) (1) .Na verdade é a sua obra em si
que nos será aberta, ante nossa constante, crescente e profunda admiração com sua leitura, caminho que nos vai introduzindo por mil e uma passagens secretas, por mil e uma escadas que sobem e descem, por mil e um labirintos carecedores de principio de saídas.
A estrutura em si poderia ser de um divã
concebido, digamos à maneira clássica
isto é uma antologia poética composta por vinte e seis poemas (e uma introdução crítica sobre sua poesia), cujo fio condutor é conforme deduzimos do título o trágico fato de onze de setembro de 2001 e suas seqüelas.
Isto poderia servir de ponto de partida, mas, na realidade o poeta faz de tal acontecimento um ponto para muitas outros caminhamentos. O principal será o de erguer um novo vocabulário poético, uma nova poética como também fizeram outras vozes árabes com Adonis à cabeça. Uma nova poética, que gera-se no próprio poeta a partir de um tempo e espaço zero.
Não é de admirar que Rzouga o execute. Seus “experimentos” literários são muitos e de diversas naturezas; assim, por exemplo, o feito de haver levado à poesia francesa (idioma à qual também ele escreve poesia), a métrica mais puramente árabe.
Originalidade, portanto, formal e conceitual, o autor também deleita-nos em muitos aspectos com a meta-poesia, os jogos de Y com as palavras, a inserção de vocabulário da informática, a utilização de neologismos que ele mesmo cria...e um longo etcetera.
Em qualquer caso, além ou quiçá, paralelamente a tudo o leitor amante de “realidades mais clássicas” , me perdoe a expressão, também tem lugar neste divã, mesmo quem vai em busca de poesia profunda, transcendental, transparente ou seja genuinamente mediterrânea, também haverá de ler a Zona Zero de nosso poeta tunisiano . Y é que Rzouga é, essencial e principalmente um poeta mediterrâneo, um poeta de azuis e verdes, um poeta do mar, desde a terra, um poeta mediterrâneo que em definitivo e isto é mais o que nos surpreendeu, não deixa de jogar com o Tempo e o Espaço ao ritmo do mar, ao ritmo das ondas de nosso Mare Nostrum.
Apreciemo-lo como um exemplo, neste breve, denso e belo poema chamado precisamente,
BARBANTE AZUL
tradução do árabe para o espanhol por Rosa-Isabel Martinez Lillo
O posterior brinca com o anterior
e o anterior com o mais anterior
e o mais anterior com os ancestrais
É como se a morte, esta morte...
não fosse aquela morte, a morte.
a morte de ser terno e da vitalidade que o circunda!
Ou como se o momento, este momento...
não fosse aquele momento, o momento...
o momento do perfeito alhandal e de todo seu apetite sexual!
Ou como se a voz, esta voz...
não fosse aquela voz, a voz...
a voz do vil tirano e todos seus erros circundantes!
Ou como se a cor, aquela cor...
não fosse esta cor, a cor....
a cor do riso amarelo debaixo da máscara!
O poeta brinca com o leitor
e o leitor com o texto que tem diante dos olhos
brinca conosco este barbante azul
o mar do instante impetuoso
o mar das palavras (2)
Rzouga, Youssef: Ard al-sifr (Zona Cero, "The Ground Zero" (Rosa-Isabel Martínze Lillo).
AWRAQ (Vol.XXIII - 2006)
(1) De sua produção poética destacamos Barnamay al-ward (El pograma de la rosa)y Azhar thani oxyde altarij (las flores del -bi-óxido de la historia), cujas traduções inéditas todavia estamos levando a efeito.
(2) A tradução que aqui insertamos, inédita até agora é nossa.
(*) ((Rosa-Isabel Martínez Lillo. Profesora Titular de Lengua y Literatura Árabes Departamento de Estudios Árabes e Islámicos y Estudios Orientales/Licenciatura de traducción e Interpretación Universidad Autónoma de Madrid)
Tradução do espanhol p/ português por
Lilian Reinhardt
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