Desalento nos braços de Morfeu

Nos braços de Morfeu, uma amarga decepção vive o vate: o apogeu... O tempo passa tão velozmente... Os ágeis ponteiros não mais obedecem aos contra-sensos da vã e sinistra realidade que ora a matéria à sangria de dor se abraseia e à inumana desgraça a ave d’aurora da catacumba agora gorjeia; à sardônica circunstância, de deboche, à revelia desse visguento ser um mal requer e à amaldiçoada indiscrição os vermes à mesa farta à pútrida chicha aos risos “inté” se aprazeia, qual energúmeno em plena decomposição à poeira cósmica um ralo de enxofre ao largo à ígnea fagulha um incenso no ar bafora e embaça, como à névoa o odor pútrido à escuridão reacende, borrifa e às ventas o pulmão se enche de graça...

Aéreas anátemas às densas atmosferas alcançam... À lira da ilusão um insistente tic-tac às cordoalhas um ritmo estridente às esferas subjetivas da modorrenta comoção a todo vapor a esmo por aí voeja e à plena convicção padece de mofenta emoção... Chora... Às asas da esperança ao dorso consigo uma desconjurada e incomparável maldição traz: triste lamento que ao desconhecido um augúrio à pálida alma ressoa... À sombra de um funesto exílio de aturdida alegria se assoma... E ao além de ânsia o espírito agora se diploma...

Baila moribundo por entre as fendas cósmica o desgraçado fantoche apelidado de o “sujismundo”... Ao portal do inatingível à maçaneta força... De doirados vislumbres agourentos espantalhos de escárnio reluzem: cadavéricos segredos que de si um mausoléu a morte uma vontade aspira e de mágica ambição ao não correspondido apego assim delira... Ardente deseja... Ao etéreo mergulha... Resoluto em silêncio se acomete... Aquieta-se ante o negro véu e ao vazio se arremete... Tétrico ao luminar das fuligens às premunições se desmitifica... Ao burilar do hoje ao nada não mais se identifica...

Atila-se para o antes com a face seminua... Mantém-se desperto, embora com as retinas turvas voltadas pra lua... O cuco, que por entre as frestas do breu entrecortado da natura o canto lúgubre entoava, agora àquela desgraça não mais disseminava... Às sombras do sepulcro o quiromante ao final da sinistra viagem à vida regressa... A si nada mais resta ou pouco importa o devaneio vetusto, pois do futuro herdado sobrara-lhe tão somente a frialdade daquele silêncio totalmente absoluto...

Pálido poeta
Enviado por Pálido poeta em 17/10/2010
Reeditado em 03/11/2010
Código do texto: T2561971
Classificação de conteúdo: seguro