MÁRIO VARGAS LLOSA
"Não se deve pensar em prêmios, porque isso prejudica muito a autenticidade de um escritor ... Um escritor que respeita sua vocação não deve pensar no prêmio Nobel. Os escritores que conheço que vivem pensando no prêmio Nobel se transformam em maus escritores".
Mário Vargas Llosa
Ele diz que não esperava mais;sentia-se esquecido.Nem nós.Mas,enfim,fez-se a luz na Academia Sueca de Ciências e o cobiçado prêmio Nobel foi entregue a Mario Vargas Llosa,escritor peruano nascido em Arequipa nos idos de março de 1936.Antes tarde do que nunca,reza o velho ditado.
Autor de um dos melhores livros sobre o comportamento político na América Latina,”Conversa na Catedral”,além de um livro sobre Canudos,o genocídio brasileiro “A Guerra do Fim do Mundo”,Llosa que confessou sofrer influência do nosso Euclides da Cunha,atingiu agora o clímax da sua carreira.
Bem nascido, ”homme du monde”,sua obra reflete muito os personagens que conheceu,as imagens que a memória teima em conservar,diz ele.Entrou para a Escola Militar forçado pelo pai que o queria longe da literatura - coisa de maricas e que além de tudo não rendia nada - dizia ele.Mal sabia o velho que ali,naquele microcosmo peruano,nasceria seu primeiro livro “A Cidade e os cachorros”.
Rebelde por natureza, casou-se aos 18 anos com uma mulher mais velha,segundo ele por amor,mas,também por pressão familiar;a família era contra? Ele casava! Seu lema sempre foi:-Não vou por aqui!
Seus personagens parecem-se muito com ele.Como o jornalista Santiago Zavala,oriundo de família rica e poderosa ,mas,que rompe com o establishment para viver sua própria vida.
- Rememoro pessoas que conheci ,membros da família,disse.Concordo plenamente e complemento:o escritor é uma colcha de retalhos,que vai juntando pessoas,acontecimentos,sonhos num belo patchwork que retrata o mundo.
O prêmio dado ao notável escritor peruano também homenageia todos os autores latino-americanos na figura de um mestre insuperável da ficção.
Ainda estava sob o impacto do livro “Conversa na Catedral”, quando meu marido chegou de Lisboa e me trouxe “A festa do chibo”,livro que narra a ditadura de Trujillo e que aqui se chamou “A festa do Bode”.Inimigo das ditaduras,Llosa se superou.
Este outro livro encantador fez com que me rendesse à genialidade de Llosa.
Ainda bem que suas andanças pela política não deram certo.Perder o escritor para a política seria verdadeiramente desastroso.Ganhou a Literatura.Ganhamos nós