Clarice ... Daqui para a eternidade ...

Falar de Clarice Lispector é sem dúvida nenhuma abordar a ânsia de perplexidade que envolve o seu texto literário. Clarice não foi uma escritora qualquer. Sua contribuição para a literatura brasileira abriu as portas para outros escritores que até então, não eram conhecidos em outros países.Seu trabalho como escritora difundiu a nossa cultura e literatura ao redor do mundo. Clarice trabalhou também como tradutora. Traduzindo obras de língua inglesa para o português; uma dessas obras é "O Retrato de Dorian Gray" (por Oscar Wilde), publicada pela editora Ediouro.Sua enorme diversidade pela leitura é percebida, em certos momentos, em sua literatura. Ler não era um simples prazer ou hobby para ela, e sim uma forma de desligar-se do mundo real, transportando para seus personagens um universo de sonhos, angústias, amor e fantasias, misturados em uma escrita metafórica, sutil e poética, características complexas de sua retórica. Muitos escritores e jornalistas tentavam decifrar essa enigmática mulher. Certa vez, Otto Lara Rezende (jornalista e escritor brasileiro) disse que ela não fazia literatura, mas sim, bruxaria.Clarice é considerada uma das mais cultuadas escritoras brasileiras em todo o mundo. Alguns apaixonados dizem: "a mais importante do século XX''.Sua história começa na Ucrânia, numa pequena aldeia chamada Tchetchelnik, onde nasceu no dia 10 de dezembro de 1925. Seus pais emigraram para o Brasil, após dois meses de seu nascimento. Desembarcaram em Maceió e permaneceram na cidade por volta de quatro anos, fixando residência mais tarde em Recife, lugar onde passou sua adolescência. Em 1937, Clarice mudou-se para o Rio de Janeiro e formou-se em direito. Seu primeiro romance, "Perto do Coração Selvagem" (1943), foi um enorme sucesso de crítica, ganhando o prêmio Graça Aranha.Clarice viajou o mundo. Morou em Nápoles, logo após se casar. Serviu num hospital da cidade no final da Segunda Guerra Mundial, retornando mais tarde ao Rio de Janeiro.Contribuiu com seu talento também para a imprensa, trabalhando na Agência Nacional e nos jornais A Noite e Diário da Noite. Foi colunista no Correio da Manhã, realizou várias entrevistas para a revista Manchete e escreveu crônicas no Jornal do Brasil.Seu amor pelas letras surgiu quando ainda menina. Escrevia suas pequenas estórias que eram sempre recusadas pelo Diário de Pernambuco, jornal que mantinha uma página infantil. Suas estórias eram recusadas pelo jornal, com o argumento de não conterem enredo e fatos, mas apenas sensações.Clarice viveu em vários países, pois se casara com um diplomata. Vida essa que não lhe agradava. Foi mãe de dois filhos, Pedro e Paulo.Em 1959, voltou para o Rio (depois de anos morando no exterior), já separada de seu marido.Durante toda a década de 60, colaborou com inúmeros jornais e revistas e trabalhou como tradutora; apesar de ter sua obra conhecida no exterior, nessa época passou por dificuldades financeiras.Um fato inusitado acontece em seu apartamento do Leme, no Rio. Certa madrugada, Clarice adormece fumando. Acorda assustada e percebe o início de um incêndio. De impulso, tenta apagar o fogo com as mãos e fere sua mão direita gravemente (a da escrita), impedindo-a de trabalhar por um tempo.O texto de Clarice nunca é frívolo. Sua narrativa pode começar com um simples relato de um caminhar, evoluindo aos poucos sobre uma reflexão a respeito da vida, da solidão, da morte... Não é por menos que sua obra é fonte de estudos, por psicanalistas e filósofos. Esbanjava talento ao escrever em diversos estilos literários.Há aqueles que buscam influências em sua obra, invocando uma pitada de temperamento feminino; já outros não a entendem. Clarice foi e sempre será uma incógnita, transcendendo a essência da escrita rumo ao fim.Como ela disse em sua última entrevista: "quando não escrevo, estou morta!"Clarice morreu de câncer, em 9 de dezembro de 1977, na véspera de completar 57 anos.

Livros mais importantes:Perto do Coração Selvagem (1943), romance.A Paixão Segundo GH (1964), romance.A Hora da Estrela (1977), romance.A Legião Estrangeira (1964), contos.Laços de Família (1960), contos.Bibliografia completa da escritora no site: www.klickescritores.com.br

Dica de leitura:Quem não leu, leia: "Perto do Coração Selvagem", e surpreenda-se!

Frases da autora:"Renda-se como eu me rendi.Mergulhe no que você não conhece.Não se preocupe em entender.Viver ultrapassa qualquer entendimento"

"Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso.Nunca se sabe qual defeito sustenta o nosso edifício inteiro. "

Renato Leme
Enviado por Renato Leme em 06/10/2010
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