Centenário de um repentista de Embolada: Manezinho Araujo
Hoje, 27 de setembro de 2010, celebra-se o centenário de nascimento de Manuel Pereira de Araújo, conhecido como Manezinho Araujo. Apesar de alguns referendarem uma data de registro (1913), é preciso considerar a 'forma de registração' da época. Estudiosos mais cuidadosos avaliam seu nascimento em 27 de setembro de 1910, filho de Joventina Pereira de Araújo e de José Brasilino de Araújo. (Num exemplo de pesquisa acurada está a de Semira Adler Vainsencher, pesquisadora da Fundação Joaquim Nabuco).
Manezinho Araujo, jornalista, pintor e compositor, nascido na cidade de Cabo (PE), aprendeu a cantar Emboladas com um dos maiores mestres do gênero: Severino de Figueiredo Carneiro, o Minona, em Casa Amarela, na cidade do Recife, quando ainda era adolescente.
Como compositor, seu disco 'Cuma é o nome dele?' está entre os '300 discos importantes da música brasileira', conforme livro do mesmo nome de Charles Gabin, Tárik de Souza, Carlos Calado e Arthur Dapieve, publicado em 2008.
Como pintor, além de duas telas expostas no museu da Fundação Gulbenkian em Lisboa, tem várias de suas pinturas em exposição de museus regionais, inclusive o de São Luis (MA), o de Araxá (MG) e o de Feira de Santana (BA).
Embolada, Coco de Embolada, Coco-de-improviso ou Coco de Repente é uma arte repentista natural do Nordeste, que consiste em uma dupla de 'cantadores', ao som de um pandeiro ou batucada de mãos, montando versos métricos, rápidos e muitas vezes improvisados, onde há uma 'disputa' de imagens construídas por cada oponente acerca do adversário.
A Embolada requer velocidade de resposta e deve ser 'bem bolada' pois do contrário o adversário vence e recebe a 'coroa do triunfante'. De acordo com o pesquisador Coutinho Filho ('Violas e repentes; repentes populares, em prosa e verso; pesquisas folclóricas no nordeste brasileiro) "Emboladas são décimas generalizadamente cantadas em versos de quatro e de cinco sílabas, próprias para as 'pelejas incruentas', para os 'lances dos entreveros demolidores', que caiu em desuso para os violeiros improvisadores (ou repentistas) ficando comum entre os cantadores de feira, ao chocalhar dos maracás e aos ruídos dos reco-recos, sob a percussão estridulante dos pandeiros, acompanhados pelos ganzás ensurdecedores e, às vezes, por violas e concertinas. O cantador de 'emboladas', nas feiras, raramente improvisa, porém é hábil em decorar versos (...). As 'emboladas' quando cantadas pelos nossos repentistas, ao baião da viola, no ardor dos improvisos, aparecem como ferro em brasa, no repto e no revide." (in Revista Jangada Brasil, ano IV, número 44, Abril 2002).
Pra onde vai, valente?
(Manezinho Araujo)
Pra onde vai, valente?
Vou pra linha de frente,
Tava na feira
C'a pistola e um cravinote
O muleque deu um pinote
Me chamou mode brigá.
Pego no meu punhá
Enfio a faca, o sangue pula
Moleque você não bula
Com Mané do Arraiá.
Veio um sordado
C'um boné arrevirado
Com dois oio abuticado
Que só cachorro do má.
Botou-me a mão
Home, me disse, você tá preso
E eu fiquei c'um braço teso
Na cara lhe quis passá.
Pra vadiá
Eu sou caboco bom na briga
Mas só gosto da intriga
Quando encontro especiá.
Dedo do Cão
Moleque bom no gatilho
Se coçou, eu vi o brilho
Atirou pra me pegá.
Ele me atira
Eu me abaixo e a bala passa
E fico achando graça
Do baque que a bala dá.
Pra onde vai, valente?
Vou pra linha de frente.
Hoje, 27 de setembro de 2010, celebra-se o centenário de nascimento de Manuel Pereira de Araújo, conhecido como Manezinho Araujo. Apesar de alguns referendarem uma data de registro (1913), é preciso considerar a 'forma de registração' da época. Estudiosos mais cuidadosos avaliam seu nascimento em 27 de setembro de 1910, filho de Joventina Pereira de Araújo e de José Brasilino de Araújo. (Num exemplo de pesquisa acurada está a de Semira Adler Vainsencher, pesquisadora da Fundação Joaquim Nabuco).
Manezinho Araujo, jornalista, pintor e compositor, nascido na cidade de Cabo (PE), aprendeu a cantar Emboladas com um dos maiores mestres do gênero: Severino de Figueiredo Carneiro, o Minona, em Casa Amarela, na cidade do Recife, quando ainda era adolescente.
Como compositor, seu disco 'Cuma é o nome dele?' está entre os '300 discos importantes da música brasileira', conforme livro do mesmo nome de Charles Gabin, Tárik de Souza, Carlos Calado e Arthur Dapieve, publicado em 2008.
Como pintor, além de duas telas expostas no museu da Fundação Gulbenkian em Lisboa, tem várias de suas pinturas em exposição de museus regionais, inclusive o de São Luis (MA), o de Araxá (MG) e o de Feira de Santana (BA).
Embolada, Coco de Embolada, Coco-de-improviso ou Coco de Repente é uma arte repentista natural do Nordeste, que consiste em uma dupla de 'cantadores', ao som de um pandeiro ou batucada de mãos, montando versos métricos, rápidos e muitas vezes improvisados, onde há uma 'disputa' de imagens construídas por cada oponente acerca do adversário.
A Embolada requer velocidade de resposta e deve ser 'bem bolada' pois do contrário o adversário vence e recebe a 'coroa do triunfante'. De acordo com o pesquisador Coutinho Filho ('Violas e repentes; repentes populares, em prosa e verso; pesquisas folclóricas no nordeste brasileiro) "Emboladas são décimas generalizadamente cantadas em versos de quatro e de cinco sílabas, próprias para as 'pelejas incruentas', para os 'lances dos entreveros demolidores', que caiu em desuso para os violeiros improvisadores (ou repentistas) ficando comum entre os cantadores de feira, ao chocalhar dos maracás e aos ruídos dos reco-recos, sob a percussão estridulante dos pandeiros, acompanhados pelos ganzás ensurdecedores e, às vezes, por violas e concertinas. O cantador de 'emboladas', nas feiras, raramente improvisa, porém é hábil em decorar versos (...). As 'emboladas' quando cantadas pelos nossos repentistas, ao baião da viola, no ardor dos improvisos, aparecem como ferro em brasa, no repto e no revide." (in Revista Jangada Brasil, ano IV, número 44, Abril 2002).
Pra onde vai, valente?
(Manezinho Araujo)
Pra onde vai, valente?
Vou pra linha de frente,
Tava na feira
C'a pistola e um cravinote
O muleque deu um pinote
Me chamou mode brigá.
Pego no meu punhá
Enfio a faca, o sangue pula
Moleque você não bula
Com Mané do Arraiá.
Veio um sordado
C'um boné arrevirado
Com dois oio abuticado
Que só cachorro do má.
Botou-me a mão
Home, me disse, você tá preso
E eu fiquei c'um braço teso
Na cara lhe quis passá.
Pra vadiá
Eu sou caboco bom na briga
Mas só gosto da intriga
Quando encontro especiá.
Dedo do Cão
Moleque bom no gatilho
Se coçou, eu vi o brilho
Atirou pra me pegá.
Ele me atira
Eu me abaixo e a bala passa
E fico achando graça
Do baque que a bala dá.
Pra onde vai, valente?
Vou pra linha de frente.