Espectro
Espectro
Nesta cela sombria, aonde a tenebrosa noite à sangria caminha e encortina a imagem íntegra do medo; em que o negro lençol à grade os tristes ais oculta e às ínfimas frestas reverbera apenas os pequenos descompassos do próprio degredo... Engessa-se o espectro disforme por entre as vestes cadavéricas deste mórbido e desgraçado uniforme...
Alinhava-se por um feérico fio às malditas esperanças o pérfido luminar inda repleno daquelas entrecortadas e compulsórias bonanças: esquelético ser, que às pálidas imagens de um assombroso véu, reflete, de tão mal a já agourenta e adiantada decepção, uns traços patéticos pra lá de hipotéticos; e, com tal zelo, inunda a paisagem do instante se enovelando com aquele estágio difuso escudado de aveludado desvelo, modelo...
Da aterrorizante fuligem à infida figura emaranha-se em meio às densas nuvens o trivial segredo à prateada lua que ao nada se enchumaça e, ao aéreo espaço, se desfigura como num mágico toque tudo aquilo que o sentimento em vão a razão ultrapassa: fantasmagórica realidade que se desintegra de braços encolhidos à truanesca mordaça da amargura os eviternos grunhidos...
Zéfiro brando que, por entre as férreas fissuras desse imundo cubículo, invade, refresca e sequer uma súplica ao cinéreo alado faz gritando, qual onda os altivos rochedos lambe e às mil e uma gotas cai de volta ao mar requebrando... Meneia proba a sua desventura... Às mãos a face de febre tremula... Ardente a fronte em delíquios à obscura claridade à lira delira: frívolas vontades que de uma bondosa compaixão à liberdade do hoje ansioso aspira... Fido às bíblicas dicotomias deste enorme cadafalso chora o carrasco dentro de si as sempiternas heresias... Despede-se da notívaga armadura o fulmíneo bardo... E das hórridas esperas não mais chora as macabras sombras que ora se orvalham em meio àquelas turvas fuligens, como o mar na sua eterna agonia soçobra às outras eras as névoas despertas desde agora não mais eternamente virgens...