Camões
Quando eu estudava no colégio “São Luís” – diretor e proprietário profº. Luis Rêgo – respeitado e admirado pelo seu bem dizer e o relacionamento com os alunos e de português o Profº Boson.
Ele passava sempre para os alunos analisar esse verso de Camões:
“Cesse tudo que a musa antígua canta, que outro valor mais alto se alevanta”.
Resolvi ir a sua casa, domingo pela manhã, encontrei-o deitado numa rede na sala de seu casarão. Sentei-me próximo e perguntei: professor por que o senhor repete sempre esse verso de Camões? Ele sorriu e respondeu: você não vê porque não compreende. Levantou-se e saiu retornando com dois livros,entregou-me e disse:leia-os e após a conversação cheguei à minha casa para vê o festejado verso embutido na terceira estrofe que assim começa:
“3 Cessem do sábio Grego e do Troiano
As navegações grandes que fizeram;
Calle-se de Alexandro e de Trajano
A fama das victórias que tiveram:
Que eu canto o peito ilustre lusitano,
A quem Neptuno e Marte obedeceram!
Cesse tudo o que a musa antígua canta,
Que outro valor mais alto se alevanta!
Cessem de ser cantadas (1) as navegações do Troiano (2) e do sábio Grego (3), as grandes navegações que eles fizeram; cale-se a fama das vitórias de Alexandre (4) e de Trajano (5), e vitórias que eles tiveram: que (= pois) eu canto (6) o ilustre peito lusitano (7), a quem Neptuno e Marte obedeceram (8); cesse de ser cantado tudo que a antiga Musa (9) canta, que outro valor mais alto se levanta (10)”. As remissões não foram transcritas porque o texto ficaria muito longo.