SOBRE SER ESCRITOR

Para ser escritor é preciso não ser escritor. A todo o momento somos alguma coisa. No outro não somos mais aquilo que éramos.

Uma conclusão um tanto quanto shakespeariano, mas é terno (eterno).

A escrita para o escritor é a companheira de todas as horas. Vazias ou ocupadas. Ficar sozinho às vezes é muito necessário para se escutar. O silêncio nos inspira e tem vozes, muitas vozes. O silêncio do escritor é barulhento.

E no momento em que eu escrevo estas palavras não sou mais o mesmo. Corre um tímido vento no inicio da tarde. Quanto calor! A escrita...

A escrita nos possibilita uma metamorfose. Ave Kafka!

Não precisamos ler todos os livros. O livro cabe dentro da gente através duma ínfima partícula verbal. É a alma do escritor (outro) que se esconde e dialoga com o meu escritor interior.

Lúcia Miners, uma das minhas bússolas poéticas, certa vez me libertou de pesadas correntes de ser “o leitor” quando disse:

____ Para ser ler um livro inteiro basta sentir o seu sopro. Foi o suficiente para entender que eu já tinha lido muitos livros nesta vida. Razão/Emoção para ser escritor.

Uma coisa todos nós podemos concordar. Para ser escritor tem que ler. Não só livros publicados, mas livros impublicáveis e artesanais, blogs, bula de remédio, história em quadrinhos, propaganda de produtos de consumo, sinalizações,,, Tudo que seja signo, significado, significante, verbal ou não-verbal.

Para ser escritor tem que escrever. Não importa o lugar e o suporte: caderno velho ou novo, papel de pão, papel de açougue (quase não tem mais por aí), papel higiênico, pedra, chão, tijolo, madeira, papelão, parede etc.

Seja escritor, seja criativo escrevendo. Comece experimentando, errando, experimentando de novo, errando de novo.... Ninguém nasce pronto. Todos nos precisamos passar por um processo de construção.

Escrever é um “rito de passagem” que todos nós devemos passar para alcançar a consciência do SELF (si mesmo).

Depois prometo escrever mais.