OS FAROESTES DE LUCAS DURAND
Muito verde ainda, indo até os idos do meu grau médio, eu era doido pelos filmes de caubói, aqueles clássicos faroestes norte-americanos. Por sorte minha, sendo eu um bobão, e para dar uma virada no meu gosto cinematográfico, havia no Curso Clássico um colega que fez minha cabeça, no melhor dos sentidos.
O cara foi o Antônio Flávio, de tradicionais genealogias cearenses, um dos Porto e Bezerra de Meneses, que escrevia para jornais, membro que era do “Clube de Cinema”. Esta, sim, uma ex-grande escola do cinema local, de onde saíram até cineastas de renome.
A partir dos papos com o colega “avançado” e versado em coisas da tela, colega que me virara um amigo, eu passei a desviar as minhas preferências para o Neo-Realismo italiano, o Cinema Novo luso-brasileiro, de inspiração francesa, e para a Nouvelle Vague, que eram os movimentos coqueluches, algo em voga.
Tudo, lá, no colégio, regado ao molho das leituras do Existencialismo, de Jean Paul Sartre, Karl Jaspers e Soren Kierkegaard, sem esquecer as indispensáveis leituras e discussões de Karl Marx, Lênin e os raros textos de Che Guevara. Quer dizer, mesmo não aprendendo nada, em matéria de filmes, entrei no embalo dos anos 60, refugando os bangue-bangues dos ianques. E até aí, muito bem, eu nunca botara o nariz nos umbrais da literatura policial.
Mas os tempos mudam e, longe de Sherlock Holmes, da Agatha Christie e demais cobrões da literatura policial, outro dia dei-me de testa com um excelente faroeste, livro policial, de algum modo, que recomendo com prazer a todo mundo.
Trata-se do livro O RETORNO DE HUSTIN*, rubricado com o pseudônimo de J. G. Hunter, autoria do nosso comum amigo do Recanto das Letras, o mineiro Lucas Durand, e publicado pela Virtual Books. Esta história é cheia de mortes, emoções e peripécias de heroísmo, porém maravilhosamente saborosa. Eu a li quase de um fôlego, de tão cativante e interessante que a narrativa é.
Não por me haver sido livro presenteado, não, que ainda estou a agradecer ao dono da cortesia. Contudo, sem prestar favor algum ao seu Autor, o Lucas Durand, digo que a aludida história de faroeste, sem nunca antes eu ter-me dado ao luxo de ler Sheldon, Agatha Christie ou o detetive Sherlock, o presente foi um passeio agradabilíssimo de leitura.
No livro, às pencas, morre muita gente, sim. Quase hecatombe, pois não. Mas aí é onde mora o espírito de aventuras do livro. A mortandade praticada pelo “mocinho”, o personagem Hustin, justifica-se pela desforra dele, herói, em nome da justiça.
Comecei a deglutir o mimo de livro com certo pé atrás com relação ao comportamento vingativo do rapaz Hustin, sentenciado injustamente e feito prisioneiro, sem que ele tivesse nas costas crime algum, por longos e sofridos quinze anos, a curtir cadeia no lugar do verdadeiro assassino, vilão e patife cujo nome até faço questão de nem lembrar.
Não vou lhes contar o enredo da primorosa história do nosso amigo Lucas Durand. Deixo que vocês a façam, olhos arregalados no retângulo das folhas, muito pessoal e individualmente, a fim de que O RETORNO DE HUSTIN ainda mais se torne bem gustativa.
Vejam vocês que soltei, lá sobre a mesa, o deslumbrante Ariano Suassuna, quando, já pelo meio, lia “O romance da Pedra do Reino”. E, preterindo aquele baita escriba paraibano, embrenhei-me a devorar, quase de uma sentada, o livro do amigo Durand.
Por motivos outros, sobretudo pela tal azáfama que andei curtindo, ainda não li o outro livrinho do ilustre mineiro, que adquiri pela Protexto, uma editora de Curitiba, que tira a lume ótimas edições. Esse outro volume, que vou ler qualquer dia desses, não, qualquer hora dessas, chama-se..., chama-se...
O diabo foi que andei dando uns vernizes numa das estantes da biblioteca, justo na de sucupira maciça, e todo o recinto dos meus refúgios ficou virado pelo avesso. Após as tintas, lambrecadas por toda parte, e até no chão, a nossa livrança misturou-se toda e virou um caos.
Mas vou descobrir o título do outro livro do Lucas; digo para vocês, em cima das buchas, quando eu o vir, cá, meio à bagunça dos livros. Epa!... Em tempo, eureca, achei... A outra história do Durand, que comprei pela dita editora Protexto, vem assinada com o epíteto literário de Allan Foster. Intitula-se POR UM BEIJO, APENAS e, sem hora certa, vou lê-la com a sofreguidão que tive pelo primeiro livro.
No que for possível, leiam os dois, leiam todos os que puderem do citado Autor, que ele ainda tem uma porção de outros títulos publicados e a publicar. Quem for a um b u s c a d o r da internet cairá para trás de surpresa com a avultada obra do nosso escritor das Gerais.
Parabéns, caro poeta e escritor de histórias do faroeste. Nunca me imaginara a entrar numa boa dessas, pode acreditar, oh pessoal. A leitura é um doce, algo atraente, de cabo a rabo. Livros do Sheldon, da Agatha e do tira Holmes, que recebia grátis quando ainda professor, na ativa, e ao tempo em que fui sócio do Círculo do Livro, eu ofertava logo para pessoas amigas, um a um. Sequer os lia, e por não ir com o gênero.
Depois da leitura de O RETORNO DE HUSTIN, meu burro preconceito em relação à literatura policial / faroeste, cheia de tiros e mortes e aventuras fantásticas, caiu-me por terra. Agora estou um modesto (quase) adepto da literatura faroeste.
Fort., 24/08/2010.
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(*) Nas palavras do próprio Autor, “o livro O RETORNO DE HUSTIN será lançado brevemente (me informaram ser na segunda quinzena de setembro) e poderá ser adquirido brevemente, a partir de setembro, agora pelo site da editora Virtual Books, www.virtualbookstore.com.br"/.