Ilusão
Ilusão
De que valem as ridículas vaidades? Os falsos mimos? Da juventude que emurcheceu... Que adianta tudo isso? Pergunta o pálido poeta a si mesmo... Repousa a desmaiada face em um rochedo... Entorpecido, se perde no advento... Dúbio, clama ao vento: vem ilusão de mulher. Por quem chora? Não mo diga que foi o eclipse do ontem a querer cegar, quando ainda era discente da ilusão. Desgosto, ira, desencanto, desamor,... Diz que a inverdade não a enveredou pelos caminhos incertos da alma cadente, cuja elegia a tornara herege, fria e desconexa...
Oh mundana vida, até onde o gênio há de sentir na epiderme os rufos açoites do temporal dia a grelhar a palhoça do desdém que outrora a imponência do ser às vestimentas ornamentais argüidas pela carne lho fazia sentido e que agora o faz desfrutar das rugas herdadas pela sofreguidão atemporal... E você, donzela, por que quer calar o instante? Responda às indagações do Douto abstrato... Chore... Recoste sobre este tórax a face linda... Deixe que suas lágrimas escorram por este peito ardente... Melhor ventura não há... Angélica vontade os lábios aspiram...
Ilusão, única, querido sonho, melhor instante não existe, quando em noites de devaneios as pálidas queixas suspiravam pelos amores santos... Nas enluaradas estações enamoradas derramaria amoroso pranto... No êxtase, morreria de encanto... Abra ante os olhos lacrimejantes o mais que querer e diante das névoas puras orvalhar-se num banho radiante... Em sintonia, se deixe levar pela alínea do verso livre...
Não, não! Quantos legados - não! - Serão necessários aspergirem o bálsamo santo e na afável ilusão inebriar o entretanto... Deixe-o preconizar o melhor tormento... E no ritmo entoar o insidioso canto...