A Linguagem Do Conto

1) O diálogo direto (ou discurso direto) permite que as personagens entrem em contato verbal entre si de uma forma literária, a partir da qual o narrador não interfere. Ou sua interferência é, supostamente, mínima. Desde que o autor cria as personagens, a influência não é tão mínima, como querem alguns teóricos do conto.

2) No diálogo indireto (ou discurso indireto), o autor resume as falas das personagens em forma narrativa, sem destacar o diálogo entre elas.

3) No diálogo indireto livre (ou discurso indireto livre), a terceira e a primeira pessoa da narrativa se fundem. Entre autor e personagem (ou personagens), há uma espécie de interlocutor. Ele fala a língua das personagens, e insere-se discretamente em seus discursos, através dos quais o autor relata ou interfere nos fatos narrados.

4) No diálogo ou monólogo interior, a personagem subjetiva-se, fala consigo mesma, em vários níveis de consciência. Um exemplo deste estilo de narrar é o da escritora Clarice Lispector, dos escritores Dalton Trevisan e , p.ex.

Segundo Massaud Moisés, em seu livro A Criação Literária, o epílogo do conto corresponde ao clímax da história: enigmático por excelência precisa surpreender o leitor por seu caráter imprevisível, revelado afinal, à curiosidade insatisfeita. Tudo é difícil e ao mesmo tempo fácil no conto, a depender dos recursos empregados pelo escritor. Da técnica de elaboração literária do autor.

A aplicação e a dedicação no uso da palavra se concentra mais no momento de iniciar a narrativa. Das primeiras linhas e parágrafos, depende o futuro da continuidade narrativa. Se ele consegue prender a atenção do leitor desde o início ("a primeira impressão é a que fica"), certamente o leitor lerá até o final. Se não gostar, não vai adiante. Exceto se for um estudioso dos vários estilos de narrativa curta.

No conto, por suas próprias características, o começo e o fim estão próximos. O autor não deve perder tempo em delongas e firulas que enfastiem o leitor. Pelo contrário, deve a narrativa ser o mais dinâmica possível. O epílogo está presente na introdução, e o leitor é chamado pelo mistério narrativo e fixa sua curiosidade na continuidade narrativa, em busca de um ápice dramático que justifique a chama de sua curiosidade intelectual, acesa pelo processo narrativo.

O início pode ser o grande trunfo do contista. Nele, por vezes, ele mostra o passado anterior ao fato, e este truque narrativo prende a atenção do leitor e justifica as páginas seguintes do texto e a atenção dele, leitor, para a continuidade da narração, com cada vez maior interesse.

Ao contrário do romance e da novela, toda a atenção deve somar-se na síntese das primeiras linhas. O contista deve saber principiar, chamar a atenção, despertar a curiosidade a partir de alguma estratégia narrativa que o identifique (o ledor) com o enredo, com uma paisagem e/ou com os sentimentos e emoções das personagens.

O leitor do conto é, presume-se, um indivíduo "apressado". Deseja desentediar-se, participar da emoção fornecida pelo narrador, pelos conflitos que tornam os diálogos interessantes e provocam uma incitação dos sentidos. Quando o leitor entra na viagem subjetiva de uma personagem e com ela se identifica, então está pego pela narrativa ou pela dramaticidade desenvolvida pelo autor.

No conto, a visão do ledor está, por vezes, limitada às margens próximas da narrativa. O universo do conto não é tão amplo como o do romance ou o da novela. Uma visão mais geral, universal, profunda e abrangente dos eventos narrados, é característica do romance, narrativa mais longa, que não exige do autor da narrativa curta, o talento na síntese de eventos e emoções que precisam estar presentes logo nas primeiras linhas do conto.

DECIO GOODNEWS
Enviado por DECIO GOODNEWS em 08/07/2010
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