José Saramago
JOSÉ SARAMAGO
Dia 18 de junho deste 2010 José Saramago premio Nobel da Literatura aos oitenta e sete anos de idade despediu-se da vida terrena, e através da sua obra literária fez-se imortal. Ateu, contestador, sempre propugnou por justiça para os mais desvalidos.
Sem enveredar por terrenos tão delicados e difíceis, de foro tão íntimo que só a cada um deve dizer respeito: crença religiosa e ideologia política, José Saramago foi acima de tudo um ser humano cheio de ternura e compaixão.
O mundo da cultura e especialmente da literatura acaba de perder uma inteligência privilegiada. Prêmio Nobel de Literatura, talvez o maior escritor deste século como já afirmaram vários críticos de renome internacional. Saramago escritor serôdio, (não temporão, pois são palavras antônimas) deu um novo estilo e uniu mais o mundo lusófono, imensa comunidade que faz uso de uma das mais ricas e belas línguas, a 3ª. mais falada do Ocidente, e a 5ª. do mundo, a língua portuguesa.
“É ainda possível chorar sobre as páginas de um livro, mas não se pode derramar lágrimas sobre um disco rígido” .
“Penso que não cegamos. Penso que estamos cegos. Cegos que veem. Cegos que vendo não veem”
“Se tens um coração de ferro, bom proveito. O meu, fizeram-no de carne, e sangra todo o dia”.
“Sabemos que cada dia que nasce é o primeiro para uns e será o último para outros e que, para a maioria, é só um dia mais.
“Gostar é provavelmente a melhor maneira de ter, ter deve ser a pior maneira de gostar”.
Poderíamos continuar com inúmeras citações da vasta obra deste digno Nobel da Literatura, mas penso que nestas poucas citações, dá para se ter uma pálida mostra do grande ser humano que foi Saramago.
Tempos atrás escrevi neste jornal um artigo que se intitulava “Caim de Saramago, sobre o seu livro do mesmo nome onde eu afirmava entre outras coisas: “Saramago é um descrente que crê”... na ânsia incontida da procura...
Saramago comprou seu primeiro livro aos 19 anos e antes de se dedicar à literatura foi mecânico, desenhador, funcionário público, editor tradutor e jornalista. Foi diretor literário de uma editora, fez crítica na Revista Seara Nova e comentários políticos no jornal Diário de Lisboa, tendo ainda sido diretor-adjunto do Diário de Notícias em 1975. A partir de 1976 dedicou-se em exclusivo à literatura e à atividade política, sendo autor de poemas, contos, crônicas, ensaios políticos, peças de teatro e romances.
José Saramago foi escritor da nova geração do romance em Portugal.
Sua obra abrange aproximadamente 40 livros, editados em trinta países.
Embora não comungue de suas crenças ou descrenças e ideologias políticas, sou um profundo admirador da sua obra literária, e do grande ser, apaixonado, de uma solidariedade até ao mais profundo do seu ego, com seus irmãos, na frágil e desprotegida condição humana.
Seus livros mais polêmicos: O Evangelho segundo Jesus Cristo de 1991 e Caim seu último livro. Trabalhava num novo romance, e deixa um livro inédito guardado a sete chaves, que certamente, posteriormente será publicado por seus familiares.
Para encerrar, tomo as palavras do Pe. Tolentino Mendonça Diretor do Secretariado da Pastoral da Cultura, pela nota de pesar da igreja católica de Portugal sobre a morte de José Saramago: Saramago- ateu e crítico do catolicismo – “ampliou o inestimável patrimônio que a literatura representa, capaz de espelhar profundamente a condição humana nas suas buscas, incertezas e vicissitudes.
Eduardo de Almeida Farias
edumendo@gmail.com