SARAMAGO MORREU

 
Saramago morreu, deu a notícia com voz macia a minha filha. Só podia ser mesmo ela a dizer tal coisa e eu conseguir ouvir sem ter um mal também.
Falei:_ Ah, que pena!
 
Ele tinha acabado de morrer, e ela contou. Era meio dia.
E agora, quinze horas, escrevo e choro uma tristeza que a gente não sabe dizer. Porque a tristeza não se sabe definir. Eu não sei mais dizer sobre a vida. Estou chorando por Saramago agora que acredito que morreu. Que não escreverá mais. Porque o amava e fazia a vida mais bonita. Ler seus livros era um requinte. Fazia-me sentir melhor.

Quando acabava de ler seus livros sentia que tinha estado junto de um irmão de alma, irmãos de mesma língua e sentir. Uma maneira de crescer: lê-lo.

A “CAVERNA” (2000) é um livro maravilhoso. Uma frase de Saramago batia no mesmo compasso que o meu, eu entendia tudo. Era um companheiro de “olhar na mesma direção”.

Cada livro dele, uma maravilha. E ele mesmo, quando dizia coisas, dizia as mais importantes. Sinto Saramago um irmão de alma, delicado, de lógica, de lucidez, de um olhar maravilhado e cuidadoso para a vida.

“CAIM” é um pequeno livro delicioso, que a gente se diverte muito. É imperdível, irreverente, engraçado, inteligente.

Nas menores e mais descuidadas palavras ele dizia o mais importante de se registrar. Um homem do meu tempo é uma dor não tê-lo mais entre nós. Pensávamos muito parecidos. Era um mestre de literatura.
Livros seus não serão escritos mais.

“As Intermitências da Morte” (de 2005) ainda não li.
Ele dizia: “O mundo é tão bonito, e tenho tanta pena de morrer!”

 Um dia, lá no meu Catetinho, eu li um livrinho dele que me tocou tanto, em que falava da sua terra de menino com tanta expressão de amor e pureza de alma, com a língua portuguesa de sua terra preservada, que a tudo ele dava todo o sentido de verdade e de origem das coisas. Eu vi o seu lugar de infância, vi suas pernas finas de menino pisando seu solo e sentindo a sua vida, e olhando com seus olhos de escritor tudo a volta fazendo eu - leitora, acompanhar cada passo e sentir o que ele queria que fosse sentido, a sua verdade. Era sobre sua origem em Ribatejo, um pequeno lugar de Portugal, de onde se afastou fisicamente, mas o teve sempre no seu coração.

Terminada a leitura, carreguei o livro do colo, como continuação da leitura feita, pois livro tem forma e matéria, é um companheiro da vida, e peguei um pano e bordei uma barra fazendo uma homenagem a José Saramago. Fiz um bordado e só parei quando terminei. Com prazer, carinho e afeto embrulhei o livro com aquele pano bordado, para ficar protegido, resguardado em sua preciosidade. Este livro tem o nome de “AS PEQUENAS MEMÓRIAS” de 138 páginas, (2006). 
                                Livros também são amigos.

Tenho muitos livros de Saramago, mas não todos. Estou lendo O HOMEM DUPLICADO (2002). Tudo dele é interessante demais.

O CADERNO (2009)
ENSAIO SOBRE A LUCIDEZ(2004)
TERRA DO PECADO
CAIM
O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS (1988)
A JANGADA DE PEDRA
HISTÓRIA DI CERCO DE LISBOA (1989)
O EVANGELHO SEGUNDO JESIS CRISTO (1991)
MANUAL DE PINTURA E CALIGRAFIA (1992)
“IN NOMINE DEI” (1993)
OBJETO QUASE (1994)
ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA (1995)
A BAGAGEM DO VIAJANTE (1996)
MEMORIAL DO CONVENTO (1996
 CADERNOS DE LANZAROTE (1997)
TODOS OS NOMES (1997)
VIAGEM A PORTUGAL (1997)
QUE FARE COM ESTE LIVRO? (1998)
O CONTO DA ILHA DESCONHECIDA (1998)
 CADERNOS DE LANZAROTE II (1999)
A MAIOR FLOR DO MUNDO (2001)
DON GIOVANNI ou DISSOLUTO ABSOLVIDO (2005)
A JANGADA DE PEDRA (2005, em edição de bolso)
A VIAGEM DO ELEFANTE (2008)
O CADERNO (2009)
CAIM (2009)