TANTAS MÁSCARAS

Pedro Du Bois, em seu livro Tantas Máscaras, revela a imagem da vida, fazendo um registro formado pelos tipos e situações comuns ao padrão cultural. Também mostra que a postura do mascarado revela sentimentos de poder que por alguns instantes conquistam em suas vidas.

“Na máscara se revela / inteiro mostrando /

como se esconde / pensa o escuro / da farsa /

e se ilumina aos olhos / o espelho reflete

a imagem / que queria mostrar /

nos dias rasos / em que a sua vida se esconde”.

O mascarado engana, trai a confiança e expulsa as orações. Mente para si seus desejos, retirando sua paz da paz em que se refugia. Desvenda a sua alma e avança não dando ouvidos para a sua voz.

“O suor escorre a máscara / desnudando o rosto /

vazio de significados. // A face antepondo a máscara /

à desilusão frente ao pecado...”

Tantas são as máscaras que o medo salta transformando seus sonhos, escondendo as verdadeiras emoções das faces das pessoas. Mente os fatos e os atos e, ao ver a luz da manhã, não mente o sonho e nele sua luz permanece.

A relativação da colocação da máscara é inventar um mundo que supõe existir, atendendo ao seu desejo. E o que parece mentira é tão somente outra verdade.

“Retirar a máscara desfazendo o véu /

que nada mais encobre / é livre tua tristeza /

não mais sobre ti os olhares da maldade”.

É impossível retirar a máscara do outro e ter a certeza que nos dá a versão dos fatos. Essas impossibilidades o poeta nos mostra em seus poemas, fazendo-nos refletir sobre as intenções alheias, e com isso não podemos dizer que o convívio social conduz às certezas, onde o mascarado ocupa uma posição social e se revela na problematização do conflito dos sonhos, sonhando por si.

O mascarado é o caminho escondido e mal tratado, chora lágrimas de saudades e grita ao retirar a máscara.

“Outras máscaras / não permitindo / que possamos

nos conhecer / Outras máscaras / tão alegres /

nas alegorias nos carnavais / Outras máscaras /

passado e futuro / escondidos entre nós”

A máscara esconde o tempo e o transforma em passado; e que, passado tempo em vida, a retirada da máscara é livre.