"Bestsellers" no supermercado
Um dia desses, fui surpreendido por uma estante de livros quando fazia compras em um supermercado. Os livros ou volumes, quase todos com selos de números de vendas ou, pelo menos, indicações de que seriam “bestsellers”, me levaram, em poucos minutos, a um sentimento de estranha admiração. Não que eu me preocupasse em ler livros comercialmente bem sucedidos, mas fiquei surpreso ao ver livros em geral com uma acessibilidade que há certo tempo seria surreal.
De um lado, passei os olhos desinteressados por livros de auto-ajuda. Com o tempo, percebi que, até certo ponto da estante, os livros de literatura e auto-ajuda pareciam estar misturados entre si, dando uma leve impressão de que, pelo menos ali, não havia distinção entre a função de ambos os gêneros.
Se, por um lado, esse tipo de acessibilidade pode incentivar a leitura além do ramo ainda restrito das grandes livrarias, também pode limitar as opções de compra de títulos a partir da ‘comercialidade’ dos mesmos, deturpando, muitas vezes, o que representa a qualidade de uma obra literária.
Porém, inegavelmente, pode ser um passo, ainda que curto, para levar a literatura a pessoas que nunca tiveram o hábito ou a oportunidade de ler um livro, ou, pelo menos, chamar a atenção para a importância que o universo dos livros tem.