CIÊNCIA X POESIA
Penso ser sempre errôneo associar/comparar Poesia com Ciência. Poesia (materializada no poema) não tem por objetivo a busca de uma verdade científica e racional (o que acontece nas Pesquisas em Ciências Exatas e Biológicas).
Também não é o caminho associar/comparar Poesia com trabalhos científicos de Ciências Humanas, pois, estes procuram estudar, compreender e interpretar fatos de duas realidades possíveis de serem pesquisadas (a realidade social, e a inerente ao homem e sua subjetividade). Neste caso, como na Poesia, a subjetividade existe, porém, nas Ciências Humanas, o subjetivo eu penso estar em como cada pesquisador enxerga a realidade e qual das Teorias (criações humanas: Positivismo, Historicismo, Marxismo, Fenomenologia, etc.) ele crê dará suporte para explicá-la melhor (cientificamente); e na Poesia, a subjetividade é a própria matéria Poética: por essência habitante do Mundo Subjetivo do poeta, mesmo que este narre um fato da realidade social, sem jamais utilizar Teoria e Método para realizá-la.
Na Poesia não se busca o texto científico e sim o texto poético. CIÊNCIA É PROSA, POESIA É VERSO (tirando as exceções: Poesia Concreta, Prosa Poética, etc. que podem ser aceitas ou não como Poesia dependendo do juízo de cada poeta, leitor ou crítico - como temos, numa visão mais radical, grupos de leitores, poetas ou críticos que não entendem a Poesia Moderna como sendo Poesia), não nos esqueçamos jamais disto. Não nos esqueçamos também, como um suporte literário, do conceito da verossimilhança (a idéia de que o que é narrado se assemelha à realidade, porém, não é a própria realidade) conceito importante da Literatura, que é diverso da verdade científica. Na Ciência não se cria um mundo imaginário, na Poesia sim... Se entendermos a Poesia como Ciência podemos afirmar: o homem busca com a Poesia tornar-se a máquina perfeita, aquela máquina que realiza todas as operações com precisão e não precisa sequer de energia elétrica ou bateria (mesmo que solar) para funcionar a pleno vapor, tornando-se o homem: Imortal! nesta Vida terrena...
Poesia, para mim, não é uma representação fiel da realidade, jamais será. Ela não tem Teoria e Método, Objetivos Gerais, Objetivos Específicos, não se busca com a Poesia nenhuma Tese, nenhuma proposição de verdade absoluta ou a verdade do Cientista Humano. A Poesia não tem regras, é um Estado de Espírito e pertence a um mundo imaterial (impalpável); ELA não nasceu depois da criação de uma Teoria Científica, já nasceu internalizada no homem sem o homem percebe-la de imediato e muito antes de o homem sistematizar o conceito de Ciência e as regras possíveis para um poema, que também nasceu bem depois da Poesia.
O que o poeta pode, em determinados momentos da história, é aceitar conceitos (regras) criados por outro(s) poetas(s), considerados como direções que nos levam ao bom poetar; é uma imposição doutrinária de um poeta ou mais de um poeta em busca de se seguir uma linha poética onde, se ensina a quem escreve um texto em versos: como obter “reconhecimento” como poeta. Segue quem quer estes grupos doutrinários, e mesmo seguindo um deles, não se pode afirmar que estaremos, após a leitura dos versos de um poeta que os seguiu, diante de um bom ou mau poema. Sempre caberá um juízo de valor particular de cada leitor ao texto, considerado pelo autor ou não considerado por ele e considerado pela crítica como um poema.
Poema, verso, estrofe, métrica, rima, ritmo marcado, verso livre, verso branco, soneto, ode, haicai, etc. são criações humanas; já a Poesia nasceu de um sopro de Deus, ou como possam defender os Ateus: do acaso.
Existe um local em que alguns poetas programam seus poemas: nos "concursos de Poesia", são poemas programados para ganhar o concurso, adaptando-se à linha dos organizadores, aos macetes dos julgadores, aos temas e conceitos atuais e aos doutrinadores predominantes neste tempo histórico. Estes poemas recolhem as regras poéticas mais aceitas por um poeta ou grupos de poetas, por professores e conhecedores da Arte Poética e eles nascem programados para vencer o concurso. Mesmo assim, com a honraria do respeito da crítica é subjetiva a nossa apreciação e podemos não gostar do aclamado poema.
Toda crítica parte de um conceito de Literatura, de uma doutrina do poético, do que venha a ser um bom poema, não é verdade, amigo leitor? Não existe unanimidade. Nem Carlos Drummond de Andrade consegue a unanimidade, tanto é que sempre tem alguém que diz assim: “- e não me venham com a imposição de gostar de C.D.A.”; quem não ouviu esta frase ao menos uma vez na Vida! Eu já ouvi algumas vezes na Vida.
Abraços,
Alexandre!