CARNE DE CAVALO

CARNE DE CAVALO, o seu tempo passou por Bragança Pta.

Ontem dando um giro na cidade e acabei parando no deposito de reciclagem do Natinho Muchiba.

Estava passando quando o vi sentando na frente de sua empresa de reciclagem, parei a caminhonete na calçada ao lado e sem descer da caminhonete começamos a conversar sobre vários assuntos.

Lembramos quando ele tinha reciclagem na Rua da Boa Vontade, e onde havia o campo de futebol do Avenida Clube, ele disse que era um loteamento e ele tinha ali 10 lotes na época, mais ou menos em 1960/1970.

Falamos de seus burros, e suas éguas e seus porquinhos caipiras que ele vai ao agudo todos o dias para tratar.

Ele perguntou do rapaz que morava com meu pai, que viajava ao sul de Minas para comprar cavalo para o frigorifico de matança de cavalos em Bragança Pta, ele não lembrava o nome, ai eu disse que era o zé Gardino.

É certo que pela casa de meu pai, muitos passaram e moraram, como João Dias, zé Gaieiro (um negão) irmão do Chico Gaierio, Luiza, Carola do Lourenço, isto tudo em Anhumas, pessoas que não tinham uma família para viver e fazia de nossa família a sua família, nem sempre trabalhava para nós, alguns trabalhavam por conta própria ou para outras pessoas, como o caso do Zé Gardino que era braganhador como o meu pai, amansador de cavalo e usava os pastinhso que meu pai tinha para encostar cavalos ou tropas de passagem, assim também outros que passavam com manadas de outras regiões o faziam pelo conhecimento que tinha com meu pai. É certo mesmo após mudarmos para Bragança Pta, este costume de hospedar pessoas de fora em nossa casa não acabou tendo hospedado dois primos de são Paulo por uns tempos, um de Jundiai, uma moça de Pinhalzinho chamada Fatima que estudava enfermagem, e duas de Socorro quando seus pais voltaram a morar lá e elas queriam continuar em Bragança também ficaram na casa de meus pais, Sei que não eram hospedes pagantes, e que minha mãe tratavam destas pessoas com cama, mesa, banho e cuidava inclusive das roupas dos homens. Sem considerar que nossa casa em Bragança era pequena, pois tinha dois quartos e um quartinho fora, mas mesmos assim todos se acomodavam.

Ele Natinho disse que ele era o comprador dos cavalos que vinha, que o zé Gardino trazia com meu pai, não entendi se ele era o comprador do frigorifico ou comprava os melhores para distribuir para uso de sela, e foi ai que eu disse que meu pai também era junto com o zé Gardino o comprador dos cavalos no sul de Minas, na região de monte verde, nas florestas da melhoramentos que são mais de dez mil hectares, andavam de Munhoz, Senador, Cambui, Camanducaia-MG e vinha com tropas de 20 a 60 cavalos, separavam, os que podiam dar alguma coisa pra sela, e vendiam o resto para carne e mesmo assim ao chegar no Frigorifico, as vezes viam animais que estavam para abate, melhor dos que eles estavam trazendo e faziam também uma troca, levando para uso de montaria em vez de receber tudo em dinheiro, recebia parte em animais que achavam em melhor condições de uso.

Foi um período “o frigorifico de matar cavalo em Bragança Paulista-SP, embora os Brasileiros não tivesse sidos educados a comer carne de cavalo, muitos países do mundo o são, com venda normal nos mercados, ao lado de outras carnes, como ovelha, bovina, caprina, etc. sendo certo que os preços também não são desvalorizadas, tive eu a oportunidade de confirmar isto em supermercado no sul de paris em 2014 quando por lá passei.

É certo que é vendido naturalmente, e tem seu consumo normal também, como na China os cachorros fazem parte da exposição de carne nos mercados, em muitos lugares do mundo o cavalo faz parte da oferta de carne.

Dissemos que não tem hoje no Brasil frigorifico (matadouros) de cavalos, disse ele que não tem mais cavalos para abastecer estes estabelecimentos, o que discordei, pois acho que tem, mas ao que soube nos últimos dez anos tentou abrir um em Araguari e não sei o motivo por que não foi para frente.

Lembramos ainda que zé gardino depois de sais da casa de meu pai, casou com a Dinha e mudou-se para Bragança e foi trabalhar em uma Ferraria do Mario Xaxa por onde permaneu por uns anos, tendo depois mudado para a Região de Ourinhos em Xavantes, e recentemente mudou de volta para Jundiai e já tem mais de oitenta e seis(86) e continua forte para contar as histórias.

Dos Braganhadores Catireiros que negociavam com meu pai e eles, João vidal e outros já não estão mais com nós.

Assim Bragança Pta, que é a terra da Linquiça, pelo fato de ser a capital dos porcos a muito tempo e os porcos “descartes”, ou seja os porcos usados para matriz, machos e femeas, não eram porcos padrões e não serviam para frigorifico, então no final da produção eram descartados para linguiça e eram vendidos em são Paulo, e ninguém conseguia fazer uma linguiça igual, porque não tinha este tipo de matéria prima, ou seja porcos mais velhos, fora do padrão, que davam sabores mais fortes as referidas linguiças, ou sejam sabores melhores eram de porcos com mais idades do que aqueles vendido em frigoríficos que normalmente são porcos de 100 dias, estes porcos tinham em torno de três a quatro anos e com certeza dava sabores especiais a linguiça bragantina.

Quando mudamos para Bragança Pta em 1964, e adquirimos um pequeno lote na Av São Vicente de Paula no Jardim Recreio, um campo da Periferia na saída do Tanque do Moinho, fomos inquilino do Vererador Francisco Picareli, um criador de Porcos e fabricante de linguiça famoso da época que tinha uns quartinhos de locação naquela região, tudo era sem luz, esgoto com agua de poço, e ruas de terras, tudo ainda era “calipal”, floresta de Eucalipto, onde nos ajudava pelar uns cavacos de lenha para cozinhar macarrão enquanto fazíamos a nossa primeira casinha em Bragança, é certo. É certo que depois de instalarmos na nossa casa o fornecimento regular de lenha para o fogão era feita pelo Sr. Geraldo carvoeiro e por Ismail Mourão, que passava de carroça ou carro de boi, vendendo lenha em quantidade de metro cubico, ou então em parcela de metro.

Ainda hoje Bragança é considerada região dos porcos (suínos) e é considerada em homenagem aqueles tempos a terra da linguiça, embora hoje a linguiça não e feita só de porcos descartes e sim também dos porcos padrão de 100 dias.

Assim a Carne de cavalo teve a sua “ERA”, nos últimos dez anos ouvia falar de Frigorifico em Arcos, e alguns clandestinos que vendia a carne como se fosse bovina, e é certo que a carne passa por carne bovina, pois os cortes são mais ou menos semelhantes.

Ainda acho que tá no tempo de no Brasil, que é grande exportador de carnes de Frango, suíno e o maior de bovino no mundo, ter linha frigorifica de carne de Cavalo, pois ao contrario do que disse o Natinho, acho que tem cavalos o suficiente para mais de um frigorifico no Brasil, bem como acho que devia ter estes produtos a venda nos mercados como carnes especiais, e aqueles que vierem a provar com certeza não sentirão grandes diferenças com as outras carnes.

Mas os frigoríficos de matança de cavalos foram uma “era” Brasileira, próximos das décadas de 60, 70, 80, em Arcos-MG, acho que foi até 2010, e não sei porque desapareceu. 29.8.2018

estreladamantiqueira
Enviado por estreladamantiqueira em 13/10/2018
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