Os tipos de semente e o processo de demolhagem
Sementes são reservatórios da vida. Da mesma forma como repousa no sémen um ser humano, em uma semente adormece uma árvore, um arbusto, uma gramínea. Cada variedade conserva em si a matriz vital completa de uma determinada planta: seu código genético, sua essência e sua vitalidade. Em cada semente está toda a aposta de continuidade de uma determinada espécie, e nela a planta deposita o que de melhor ela puder.
Há muito o homem aprendeu a plantar e colher as sementes e a desfrutar de suas propriedades nutritivas e medicinais – são inúmeras as sementes comestíveis que a Natureza deste planeta oferece. Entretanto, quando estudamos minuciosamente os mecanismos necessários para se preservar e extrair o melhor de cada semente, percebemos que a falta de conhecimento generalizado faz com que haja um grande desperdício do potencial alimentício das sementes, principalmente em função da escolha de métodos equivocados de preparo destas.
Para melhor compreender como usufruir adequadamente do melhor que cada semente tem a oferecer, vamos primeiro dividir as mesmas em categorias:
Sementes Oleaginosas (que oferecem predominancia de elementos oleosos em sua composição).
Ex: semente de girassol, gergelim, linhaça, amêndoas, nozes, cacau, etc.
Sementes Amiláceas (que oferecem predominância de amido em sua composição).
Ex: Arroz, quinua, aveia, cevada, trigo, etc.
Sementes Protéicas (que oferecem predominância de aminoácidos em sua composição).
Ex: Feijões de todos os tipos, ervilhas, lentilhas, soja, etc.
Cada tipo de semente torna-se mais biodisponível quando processada (ou não) de uma determinada maneira. As sementes oleaginosas, por exemplo, são sensíveis ao calor e tem seus benéficos óleos essenciais destruídos quando cozidas ou tostadas. Oleaginosas tostadas, embora muitas vezes sejam saborosas, são fontes de radicais livres, substâncias que desordenam a estrutura molecular do corpo e propiciam o envelhecimento precoce do mesmo. Isto significa que obtemos o melhor das sementes oleaginosas quando as ingerimos “in natura”, ou seja, processadas à frio ou em baixa temperatura.
Já as sementes amiláceas, por sua vez, são muito pouco aproveitadas pelo corpo quando não cozidas.
Ocorre que o amido é uma substância que requer a gelatinização de sua estrutura para ser assimilado pelo aparelho digestivo e transformado em energia. O amido não-cozido, embora seja útil para alguns processos digestivos que ocorrem no cólon, não consegue se transformar em energia no intestino delgado, sendo assim minimamente utilizado e dispensado pelas fezes praticamente intacto.
Embora seja importante de maneira geral observar a moderação no consumo de amido e açúcares de qualquer tipo, a energia disponibilizada pelos amidos requer o cozimento do mesmo. Ainda assim, o cozimento dos amidos deve ser sempre realizado dentro de métodos adequados. Ocorre que quando torramos, fritamos ou tostamos o amido, forma-se uma concentração de uma determinada substância denominada acrilamida, uma poderosa neurotoxina que serve como precursora de células cancerígenas(Tareke et al.,2002), além de oferecer outros efeitos colaterais. Por este motivo, recomenda-se que amidos fritos ou assados (pão, biscoitos, etc.) sejam reservados para ocasiões e seu consumo diário seja minimizado. O processo de fervura, porém, cria concentrações irrisórias de acrilamida, sendo portanto este o método ideal para preparar os amiláceos.
O mesmo pode ser dito em relação aos feijões de todos os tipos – quando consumidos crus, o corpo dificilmente tem acesso aos seus nutrientes, e ainda tem que lidar com indesejáveis toxinas, tais como a fito hemaglutinina presente no feijão roxinho dentre outros, que pode causar náuse, vômitos e diarréias. Quando crus, estes feijões apresentam concentrações de entre 20.000 a 70.000 unidades desta toxina, enquanto que cozidar por no mínimo 10 minutos em temperatura superior à 80 graus centígrados reduz esta concentração para entre 200 e 400 unidades. Desta forma, cozinhe seus feijões, ainda que germinados.
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