UÍSQUE - PURO OU EM COQUETÉIS

 
É comum no Brasil, assim como em outros países, a preferência por determinadas bebidas seguir certo modismo. Já tivemos a era do rum (com a famosa cuba-libre), da vodca (e o inesquecível hi-fi), além do vinho branco, como aperitivo, que conquistou muitos novos seguidores. Mas, apesar das tendências, sempre há consumidores fiéis e o uísque tem seu público certo, que não troca sua bebida favorita por nenhuma outra. 
 
Há muitos anos, podíamos comprar legítimos scotchs a preços acessíveis, mas as limitações e as altas taxas alfandegárias restringiram o mercado. Hoje, um importado Johnnie Walker Black Label pode ser encontrado por volta de R$ 120,00 e o Red Label sai em torno de R$ 70,00. Estes dois são muito consumidos no Brasil, além do Chivas, Ballantines, Logan e Dimple. Durante muito tempo era comum se ouvir que o uísque nacional “dava dor de cabeça” ou que o bom uísque se “conhecia no dia seguinte”. Hoje, porém, o uísque nacional já está bem confiável graças ao empenho das grandes empresas multinacionais de bebidas que utilizam matéria-prima importada e supervisão técnica das casas de origem para a produção do uísque. 
 
Os engarrafados no Brasil – conhecidos como nacionalizados – utilizam todos os seus componentes malt whisky e grain importados, à exceção da água desmineralizada. O engarrafamento e a manutenção da qualidade são supervisionados pelos produtores. Nesta linha estão o Passaport, 100 Piper’s, Long John, Vat 69, Bell’s e Teacher’s. Há ainda os de segunda linha – como o Natu Nobilis – que usam malte importado da Escócia, envelhecimento em torno de oito anos e álcool de cereais nacional envelhecido. Depois vem a linha premium que tem no Old Eight seu mais conhecido representante e finalmente a linha standard, onde se encontra o Drury’s. Para estes também a matéria-prima é escocesa. Existem outros mais populares, mas aí já seria enveredar por baixa qualidade, além de desafiar aquela “dor de cabeça” citada acima.
 
Como nos vinhos, é na degustação que se conhece a qualidade de um uísque. Podemos distinguir se é forte ou leve, suave ou áspero, generoso ou aguado. Desconfie dos uísques contrabandeados a preços convidativos. Ainda existe uma verdadeira indústria de falsificadores. Cuidado com a embalagem, nada de rótulos tortos ou com letras borradas e que trazem purpurina no lugar do ouro original. Coloque a garrafa contra a luz forte e observe se o produto está turvo ou com partículas. O verdadeiro é límpido. Despreze se o aroma lembrar o álcool ou o iodo. O bom uísque tem o aroma próprio e forte. Esfregue-o nas mãos e sinta o suave aroma do malte.
 
O uísque tem largo uso na coquetelaria. Normalmente não se utiliza um uísque de primeira linha (Black Label, por exemplo) para fazer as misturas. Isso beira a uma afronta aos irmãos escoceses. Nos coquetéis caem bem os bourbons (uísques americanos), os de centeio (rye) e os nacionalizados. Assim como o Dry Martini e o Bloody Mary são dois dos mais famosos coquetéis do mundo, o uísque também tem os seus clássicos, como o Manhattan (duas partes de uísque canadense – ou bourbon, uma parte de vermute tinto e duas gotas de angostura misturados no copo de bar – use uma cereja ao marasquino como guarnição) e o Whisky Sour (três partes de uísque, uma parte de suco de limão e uma colher de açúcar batidos na coqueteleira – se quiser, use gelo picado como complemento). 

Os dois acima são os mais famosos, mas existem outras misturas que podem ser feitas com o uísque, com excelentes resultados. Vejamos alguns deles:
Afternoon (três partes de uísque, uma parte de Curaçao Triple Sec, uma parte de suco de laranja. Bata na coqueteleira com gelo, coe e sirva em copo de short drink).
Black Eyes (três partes de uísque, uma parte de cherry brandy e uma parte de suco de laranja. Bata na coqueteleira e sirva em copo de short drink com gelo picado e uma cereja).
Fifty-Fifty (meia dose de vermute seco, meia dose de uísque, uma gota de angostura. Misture no copo de bar e sirva em taça de coquetel).
Albatroz (três partes de uísque, uma parte de vermute tinto, uma parte de vermute branco doce, uma parte de licor Benedictine. Misture no copo de bar e sirva com uma cereja e gelo picado no copo de short drink).
 


 
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