O LINGUAJAR DOS VINHOS
O LINGUAJAR DOS VINHOS
FlávioMPinto
Uma das coisas mais interessantes que temos no mundo das comunicações verbais é a maneira de se pronunciar das diversas “tribos”. É o informatiquês, o economês, os surfistas e por aí vai.
A linguagem de informação dos vinhos não fica atrás.
Quando escrevi-“ Com lágrimas persistentes, o bouquet se apresentou meio agressivo com perfumes fortes indicando um vinho com forte personalidade lembrando baunilha, cerejas e tabaco”. Tudo sobre o Quintas do Seival, poucos devem ter entendido. Não importa.
Quando se vai degustar um vinho que não se conhece, é praxe rodar o líquido fazendo com que caiam do bordo para o fundo da taça gotas em cascata que chamamos de “lágrimas”. Essas lágrimas devem descer modorramente.
Logo após vem o bouquet. O que é isso? Outro costume é cheirar o líquido sentindo seus aromas liberados quando rodamos a taça. Surgem os mais distintos aromas liberados desde o momento do engarrafamento. Eu, por exemplo, não me atrevo a fazer isso com um Château Margaux. É o respeito.
Baunilha, tabaco, couro(?), cerejas, frutas maduras, amoras, flores, chocolate, alcaçuz, anis, especiarias e outros tantos aromas surgem.
Um bom enólogo, e também um sommelier, pode distinguir inúmeros aromas típicos. Não tantos quanto o meu cachorro beagle Calú, mas muitos. Diferentemente daquelas pessoas que diferenciam o vinho de outros líquidos só pela cor.
E vinho tem personalidade? Que coisa! Tem e até caráter. Mas como? Começou a complicar.
Claro que tem. Vinhos marcantes, de aromas, cor e sabores reconhecidos que o definem como tal, isso forma sua personalidade. Claro que existem mais coisas, mas é difícil definirmos neste pequeno espaço com absoluta firmeza.