Uma AOC ou DOCG em LIVRAMENTO-RS?
Uma AOC ou DOCG em LIVRAMENTO-RS?
FlavioMPinto
Que Livramento possui um imenso potencial para produção de vinhos finos é a mais pura verdade. Insofismável.
A partir da definição da área descoberta por satélite pela EMBRAPA na década de 70 e posteriormente explorada , inicialmente, pela Almadén, que foi a desbravadora e carro-chefe das vitivinícolas hoje instaladas, se teve a confirmação desse potencial. Uvas das mais diferentes castas se aclimataram muito bem dando frutos magníficos. E vinhos especialíssimos.
O terroir santanense se fortalece a cada dia e a cada vinícola instalada surgem mais vozes reafirmando a vocação vitivinífera da região oeste da campanha fronteiriça.
Portanto, não é demais sonhar alto e pensar no futuro.
Não se produz vinhos finos sem pensar em região demarcada. São grifes que definem os produtos lhe dando identidade definitiva. Quem não admira um Châteauneuf-du-pape e o degusta com todo respeito? Ou um Bordeaux? E não é coisa de querer “fazer” por achar que determinada região pode. É questão de muitos anos de definição do tipo de uva produzida na área e consequentemente o tipo de vinho mais característico. Processos que demoram anos e anos para se consolidar. As mais felizes são aquelas que definem o vinho, dão personalidade própria, nome próprio, vida própria.
Muitos países adotam controles técnicos produtivos na agricultura. Nos mais conhecidos, caso dos vinhos, na França temos o AOC-Appelattion d’Origen Controlée, adotado a partir de 1913, na Itália as Denominazione di Origine Controllata-DOC e Denominazione di Origine Controllata e Garantita-DOCG, nos Estados Unidos a Americana Áreas Viticultural. Em Portugal a Denominação Origem Controlada-DOC. Na Espanha , Denominação de Origen-DDO, que precedeu o sistema AOC francês por alguns anos. Da mesma forma, na Alemanha o Bestimmter Anbaugebiete é um sistema de classificação dos vinhos com base na região geográfica, mas difere da AOC em aspectos importantes.
As AOC francesas definem o vinho pela região e são as mais reconhecidas, como por exemplo o citado Châteauneuf-du-pape. Feito na região de Côtes-du-Rhone, no vale do Rhône, mais especificamente em torno da vila de Châteauneuf-du-pape, ao sul de Avignon. São aproximadamente 3200 ha, com inúmeros produtores, que produzem esse vinho com as mesmas especificações. É um padrão de produção rígido e fiscalizado. Existem centenas de AOC francesas.
A Almadén chegou a produzir vinhos que poderiam se constituir nos pais de uma futura produção de região demarcada. Foi a série Palomas, na década de 80, onde tínhamos o Rouge de Palomas, tinto, tendo como base a Pinot Noir, o Blanc de Palomas, branco baseado na Chardonay e o Rosé de Palomas, o rosé da série, que tinha a Gamay como uva principal. Todos produzidos com uvas selecionadas. Havia também a série Ouro, com vinhos varietais do mesmo nível.
Quem sabe a Miolo possa recuperar aquele passivo adormecido, e latente nos parreirais de Palomas!