CADEIRA PARA OBESO

Os consumidores no mundo e no Brasil estão conquistando cada vez mais direitos. Esses direitos passam muitas vezes por situações óbvias que estavam sendo negadas. Outras vezes temos algumas situações bizarras que geram processos baseados em fatos tidos como normais por séculos e séculos. Incompreensível para a mente comum que algum juiz considere procedente alguém processar uma grande rede de lanchonete porque um cliente se queimou com o café quente ao derramá-lo. Este mesmo cliente pode querer processar a lanchonete porque o café estava frio. O comportamento do consumidor também muda de conformidade com o local em que ele faz suas compras. O que é corriqueiro numa birosca da esquina, passa a ser crime numa franquia de uma grande rede.

Um grande restaurante em São Paulo está sendo processado porque um cliente obeso ficou entalado dentro de uma cadeira. É bem verdade que as pessoas muito acima do peso dos cidadãos comuns passam por constrangimentos inimagináveis para os “normais”. Embora sem ter conhecimento detalhado sobre a origem deste processo, podemos imaginar a situação constrangedora de alguém preso a uma cadeira num restaurante.

Por que a mesma situação não se aplica aos colégios e universidades que pensam na pessoa canhota, mas não se preocupam com o obeso? Por que não aos ônibus e aviões que submetem as pessoas gordas a desconfortos por horas a fio? Essas pessoas ainda correm o risco de ser motivo de chacota das pessoas que deveriam atendê-las. Gordo é gordo porque gosta de comer. No avião, muitos não conseguem sequer fazer uso da mesinha que fica em frente à poltrona.

É freqüente ouvirem-se reclamações de senhoras porque em banheiros públicos não há lugar para pendurarem suas bolsas, tendo que deixá-las num piso de higiene duvidosa. Em alguns shoppings e restaurante os banheiros já têm este gancho, mas a maioria não. Metade dos consumidores é do sexo feminino e usa bolsas. Até existe um ditado de que mulher sem bolsa é como carro sem farol, porque não consegue sair à noite.

Muitos e muitos bares e pequenos restaurantes aderiram ao uso de cadeiras de plástico que, para resistir ao peso de uma pessoa acima de setenta quilos, precisam estar em terreno nivelado, que não seja escorregadio nem arenoso. Porém este tipo de cadeira para pessoas que passaram dos três dígitos na balança é um problema que vai além do desconforto. Ele atinge também a segurança física. Qualquer desnivelamento ou deslize tira toda a segurança da cadeira e pode provocar muito mais que constrangimento àquele que está sentado.

Há hotéis de renome, porém construídos numa época em que os consumidores eram menos exigentes, que têm banheiros que são ratoeiras para os hóspedes obesos. As portas dos boxes são minúsculas e o espaço para banho é tão apertado que para ensaboar-se o obeso bate com os cotovelos nas paredes, quando não precisa fazer a proeza de passar por cima da mureta da banheira para poder chegar até a ducha.

Acreditamos que há exageros nas exigências de muitos consumidores. Porém há normas básicas que, se forem adotadas mesmo não sendo exigidas por lei, trarão aos estabelecimentos os gordinhos fora da moda light que são grandes consumidores.

A história mostra que as casas que se preocuparam com detalhes de conforto têm mais sucesso que outras que vêem no consumidor apenas um número entre o público pagante de seu negócio. O bom senso nos diz que não há necessidades de grandes regulamentos legais para que obeso e estabelecimento se entendam. Um estabelecimento consciente e que quer ter vida longa busca sempre o melhor para seus clientes.

Luiz lauschner – Escritor e Empresário

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Luiz Lauschner
Enviado por Luiz Lauschner em 19/04/2010
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