O Papel da Ética nas Organizações: Uma Análise sob a Perspectiva de Grandes Filósofos
A ética é um elemento central em todas as esferas da vida humana, incluindo as organizações. No contexto empresarial, as práticas éticas promovem um ambiente saudável, a confiança entre os colaboradores e a sustentabilidade dos negócios. A partir de uma perspectiva filosófica, este artigo analisa como conceitos de ética, propostos por grandes pensadores, podem ser aplicados no contexto organizacional contemporâneo, com base na realidade brasileira.
1. A Ética Aristotélica e a Excelência Organizacional
Aristóteles, em sua obra Ética a Nicômaco , destaca que a virtude está no equilíbrio e na busca pelo bem comum. No ambiente organizacional, isso se traduz pela necessidade de alinhar os objetivos individuais dos colaboradores com os objetivos da organização.
No Brasil, organizações que priorizam o bem-estar coletivo e a justiça em suas práticas têm maior sucesso em promover a coesão interna. Segundo estudos de Fischer e Von Borries (2018) , empresas brasileiras que adotam uma gestão ética conseguem melhorar o desempenho geral, além de atrair e reter talentos.
2. Kant e o Dever na Gestão Empresarial
Immanuel Kant, ao formular o conceito do imperativo categórico, defendeu que as ações devem ser guiadas por princípios universais que podem ser adotados por todos. No contexto organizacional, isso implica que líderes e colaboradores devem agir com integridade e tomar decisões que respeitem os direitos de todos os envolvidos.
No Brasil, a aplicação do pensamento kantiano é particularmente relevante em situações que envolvem licitações públicas, compliance e governança. A Nova Lei de Licitações (Lei nº 14.133/2021) reflete uma tentativa de estruturar processos que valorizam princípios éticos, como transparência e igualdade de condições.
3. Habermas e a Comunicação Ética
Jürgen Habermas contribui para a ética organizacional ao enfatizar o papel do diálogo e do consenso nas relações humanas. Em sua Teoria do Agir Comunicativo , ele defende que as decisões devem ser tomadas com base em discussões abertas, livres de coerção, e que considerem os interesses de todos os envolvidos.
No cenário corporativo brasileiro, a adoção de práticas de diálogo aberto pode ajudar a resolver conflitos internos e promover a participação dos colaboradores nos processos decisórios. Empresas que investem em canais de comunicação transparentes fortalecem a confiança e a coesão organizacional ( Paula e Silva, 2017 ).
4. A Visão Crítica de Nietzsche sobre a Moralidade nas Organizações
Friedrich Nietzsche, com sua crítica à moral tradicional, questiona as práticas padronizadas que limitam a criatividade e o poder de ação do indivíduo. No ambiente corporativo, sua filosofia desafia a burocracia excessiva e o conformismo que muitas vezes sufoca a inovação.
No Brasil, organizações que permitem maior autonomia para os colaboradores se destacam em mercados competitivos. Estudos apontam que estruturas mais horizontais e abertas à criatividade tendem a gerar maior engajamento e resultados positivos ( Tenório, 2016 ).
5. A Ética na Prática: Desafios no Contexto Brasileiro
Apesar das teorias filosóficas apontadas para a importância de uma gestão ética, a realidade brasileira apresenta desafios significativos, como a corrupção, o nepotismo e a centralização de poder em algumas organizações.
Entretanto, avanços têm sido observados. A implementação de programas de compliance e governança corporativa tem sido um passo importante para criar uma cultura ética nas empresas brasileiras. Segundo Fischer et al. (2018) , empresas que promovem práticas transparentes conseguem melhorar sua confiança e construir um legado sustentável.
6. Conclusão
A ética nas organizações não é apenas uma questão de cumprimento de normas, mas de incorporar valores que respeitem o bem comum, a integridade e a justiça. Os ensinamentos de grandes filósofos como Aristóteles, Kant, Habermas e Nietzsche oferecem fundamentos teóricos para uma gestão ética e eficiente.
No Brasil, o desafio é transformar essas ideias em práticas concretas, que não apenas melhorem o desempenho organizacional, mas também contribuam para uma sociedade mais justa e sustentável.
Referências:
Fischer, T. e Von Borries, K. (2018). Ética e Sustentabilidade nas Organizações Brasileiras . São Paulo: Atlas.
Paula, APP e Silva, EM (2017). Governança e Ética Organizacional no Brasil . Rio de Janeiro: Elsevier.
Tenório, FG (2016). Gestão Social e Ética nas Organizações . São Paulo: Editora FGV.
Aristóteles. (2001). Ética a Nicômaco . São Paulo: Martins Fontes.
Kant, I. (2005). Fundação da Metafísica dos Trajes . São Paulo: Paulus.
Habermas, J. (1984). Teoria do Agir Comunicativo . São Paulo: Vozes.
Nietzsche, F. (2003). Além do Bem e do Mal . São Paulo: Companhia das Letras.