A VERDADE HABITA NO SER, APESAR DA FALIBILIDADE NO DIZER E FAZER /// Parte 1 ///
“𝐂𝐎𝐍𝐅𝐈𝐄 𝐎𝐔 𝐍𝐀̃𝐎 𝐂𝐎𝐍𝐅𝐈𝐄 𝐍𝐎 𝐐𝐔𝐄 𝐀 𝐏𝐄𝐒𝐒𝐎𝐀 𝐄́, 𝐌𝐀𝐒 𝐍𝐔𝐍𝐂𝐀 𝐍𝐀𝐐𝐔𝐈𝐋𝐎 𝐐𝐔𝐄 𝐄𝐋𝐀 𝐃𝐈𝐙 𝐎𝐔 𝐅𝐀𝐙.”
(𝖬𝖺𝗌, 𝗌𝖾 𝗇𝖺̃𝗈 𝗉𝗈𝗌𝗌𝗈 𝖼𝗈𝗇𝗌𝗂𝖽𝖾𝗋𝖺𝗋 𝗌𝗎𝖺𝗌 𝗉𝖺𝗅𝖺𝗏𝗋𝖺𝗌 𝗈𝗎 𝖺𝗍𝗈𝗌, 𝖼𝗈𝗆𝗈 𝗉𝗈𝖽𝖾𝗋𝖾𝗂 𝖽𝗂𝗌𝖼𝖾𝗋𝗇𝗂𝗋 𝗌𝖾𝗎 𝖼𝖺𝗋𝖺́𝗍𝖾𝗋? 𝖯𝖺𝗋𝖺 𝖺𝗉𝗋𝗈𝖿𝗎𝗇𝖽𝖺𝗆𝖾𝗇𝗍𝗈, 𝗏𝖾𝗃𝖺 𝗈 𝖾𝗇𝗌𝖺𝗂𝗈 𝗌𝗈𝖻𝗋𝖾 "𝖣𝗂𝗌𝖼𝖾𝗋𝗇𝗂𝗆𝖾𝗇𝗍𝗈 𝖤𝗌𝗉𝗂𝗋𝗂𝗍𝗎𝖺𝗅", 𝗍𝖺𝗆𝖻𝖾́𝗆 𝖼𝗁𝖺𝗆𝖺𝖽𝗈 𝖽𝖾 𝖨𝗇𝗍𝗎𝗂𝖼̧𝖺̃𝗈).
> Considero-me uma pessoa voltada ao bem comum, com uma intenção genuína, mesmo que, às vezes, a custo dos meus próprios interesses. Contudo, surpreendo-me com a frequência com que erro ao falar – seja por exagero, imprecisão, opinião, suposição ou por devaneios e imaginação sem fundamentação sólida. Muitas vezes, por informações incompletas ou propositalmente omitidas, acabo por reforçar a narrativa em questão.
Esse fenômeno é totalmente orgânico e, de modo algum, premeditado; ele ocorre de forma inesperada em diálogos, conversas ou palestras. Por não ser intencional ou malicioso, sinto-me tão vítima quanto aqueles que me escutam. Em minha busca por uma compreensão desse fenômeno, ainda não detectei em mim nem desvio moral, nem patologia; apenas reconheço sua naturalidade, e noto que todos, em certa medida, exibem esse mesmo traço em suas falas.
"Se alguém não tropeça no falar, esse é perfeito." — Tiago
Desdobramento 1
Reconhecendo essa tendência, tentei inúmeras vezes controlar e manipular a fala, buscando ser preciso e conciso. Mas fui surpreendido pelo fracasso! Não porque é impossível, mas porque uma fala completamente desprovida de espontaneidade e emoção torna-se insuportável e não se encaixa em uma conversação civilizada. Essa experiência me conduziu a uma reflexão ainda mais profunda.
Desdobramento 2
"Queres caminhar confortavelmente pelo mundo? Forre todo o chão com couro, e o mundo será seguro e macio. Mas, se isso não for possível, calce teus próprios pés com couro."
Minha percepção surgiu não de uma reflexão estática, mas de uma observação em ação. Notei que, ao me posicionar com humildade, apresentando minha fala como relativa, em constante aprendizado e aberta a correções, meus ouvintes se mostravam mais compreensivos e dispostos a aceitar minhas limitações. Quando falo com transparência – sem a pretensão de estar absolutamente certo – as pessoas conseguem, naturalmente, perceber a intenção sincera que carrego, mesmo que não a verbalize.
Consideração A
"Integridade talvez não resida na perfeição de algo ou alguém, mas sim em ser verdadeiro, apesar das instabilidades."
Exemplo 1: "Se sou fraco, então sou fraco! Não me apresentarei como forte, mas tampouco negarei a força que possuo, mesmo que esta seja limitada por minha fraqueza real."
Esse paradoxo lembra o episódio de Sócrates no Oráculo de Delfos, que culmina na máxima transcendental: "Só sei que nada sei." A interpretação comum, especialmente entre os menos familiarizados com a filosofia clássica, tende a entender essa frase como expressão de limitação. E, de fato, na superfície, Sócrates expõe sua fraqueza frente à vastidão do conhecimento. No entanto, quando aprofundamos o contexto, percebemos que essa frase carrega também uma força imensa. É a manifestação do equilíbrio entre humildade e sabedoria, uma consciência que abraça a vastidão universal e se reconhece parte dela.
Voltamos, então, ao ponto central da segunda reflexão: como caminharei com conforto no mundo? Forrando a terra toda ou apenas meus pés?
Pré-Conclusão
Embora Sócrates tenha sido o grande filósofo, transcendente a gerações, nem ele foi suficiente para resolver o caos do mundo. Ele pôde, sim, ver, perceber, ajustar-se, e, além disso, inspirar milhões a buscarem fazer o mesmo.
"Às vezes, o mais sábio é parecer não saber de nada." — Machado de Assis
A expectativa moderada e o desapego podem, muitas vezes, evitar frustrações e diminuir a pressão por perfeição e autocobrança.
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