Diletantismo filosófico IX
A realidade é constituída por múltiplas relações de comunicação definidas pelos seus entes, individualmente e em conjunto, criando assim uma teia de comunicação em diferentes níveis. O ser-em-busca-de-si expressa o ente através de sucessivas afirmações e negações, estruturadas em dois movimentos: um do todo para a parte e outro da parte para o todo. Assim, o ente é a interconexão desses dois movimentos da consciência. A afirmação da forma do ente se dá por particularização; essa particularização é negada, produzindo a generalização da forma e a afirmação de uma nova forma que sofrerá o mesmo processo. Em si, o ente possui todas as formas do ser, orientadas em consonância com a sua forma atualizada. Cada negação e ajuste de uma nova forma estão associados a um conjunto de reflexões que equaliza a concatenação das formas, que são ícones e índices das relações entre os entes. O ente é, porque é ser, e assim sendo, tem em si a totalidade das formas.
O ente que está aí é o seu momento e se dá nessa ou naquela forma; é a conjunção do movimento do espírito que o particulariza e o generaliza concomitantemente. Esse ponto de conexão entre os dois movimentos é o eixo que conduz à totalidade do ser e à exata apreciação do ente. O eixo é como uma dobra que desvela e vela, conforme se afirma e se nega. Assim, o ente carrega a essência do ser-em-busca-de-si, que é ser negado.
Desta maneira, podemos concluir que o tempo, para a consciência do ser-em-busca-de-si, é um eterno presente neste vértice que sintetiza o encontro dos movimentos de indução e dedução, da particularização e da generalização, do espírito que vai para a parte e para o todo ao mesmo tempo.