Diletantismo filosófico VII
O ser-em-busca-de-si tem origem no ser negado. O ser que é, é reflexividade em função da consciência de si. Esta consciência de ser é um movimento do todo para a parte, da superfície para o interior, de fora para dentro: é razão de ser que se dá por meio da particularização. A formalidade da consciência de si, que é razão e movimento de particularização, é naturalmente conduzida a sucessivas particularizações que, por meio de infinitas restrições, encontra o nada que instaura o movimento oposto, a generalização. Assim, o ser-em-busca-de-si é a consciência resultante do encontro da consciência de si com o nada — este não-ser, este pai do tempo. O ente é o sendo do ser que busca a si mesmo e tem em si este duplo movimento: particularização e generalização. O ente é ser que flui, é um sendo que, ao se afirmar por meio da particularização da forma, a nega por meio da generalização, o que confere persistência ao ente: acúmulo de formas e transformações, mudança.
É importante perceber que a negação implica generalização, que resulta em permanência. A persistência do ente, que lhe confere momento, é fruto de sucessivas negações, resultantes de sucessivas particularizações do ser, que se dá de forma em forma. Cada particularização negada é um signo que resulta em um conjunto de ciências que define a abertura do ente para outro. Logo, o ente traz em si as formas de ser e a ciência que as institui. Assim, o sendo do ente, regido pelo ser-em-busca-de-si, é também busca de si, do seu particular negado. Então, o ente afirma seu momento, que é um conjunto de formas negadas, e as nega porque é busca, porque é para outro.
O ente é para si e para o outro: é um sistema fechado em seu momento de existência - de forma em forma, nas suas transformações - e é aberto enquanto ser-em-busca-de-si, é abertura que se comunica nas formas e na ciência de ser.