Diletantismo filosófico V
A relação entre ser e forma é uma relação de fluição por consonância, decorrendo daí a persistência do ente, que existe e resiste estruturado na forma. O ser, que tem em si a totalidade das formas, se relaciona com o ente por meio da forma deste, agregando, até a saturação, formas na forma do ente, num processo de constante reflexão.
O ente, que se dá como momento, persiste como reforma, em virtude da saturação que, ao acumular formas de ser em sua forma, o transforma, o reforma para um novo momento, um novo período de resistência do discreto à pressão vital do contínuo.
O ente é síntese de tempo e espaço, que constrói o momento que traz em si a afirmação da forma que persiste e a negação que a reforma, por acúmulo de ser, neste motor da temporalidade.
A realidade é a síntese da totalidade dos entes e é também um ente que acumula e transforma. A persistência da realidade, que é fluição de ser, é também negação, acúmulo e reflexão. Desta maneira, a realidade, que se dá por síntese, é representação e é dobrada sobre si, numa face que confere forma ao seu tempo e outra que a nega.
A realidade se dá em um processo de emergência da consciência, que tem origem na negação do ser: a consciência do ser-em-busca-de-si, que parte da totalidade do ser que é e não é, para ser desta ou daquela forma que permite outras formas, que, por saturação, transforma.