UMA AGENDA CURIOSA...

ADENDO AO TEXTO - dou por encerrados em definitivo meus textos sobre a Capoeira DE BELÉM... a do Passado (anos 90) ou de qualquer tempo. Este artigo foi necessário para "pôr os pingos NOS Is"... e como tem I nessa "aventura" ! (NATOAZEVEDO - em 28/fev. de 2025)

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Antes que alguém "imagine" que possuo um baú mágico do qual vez ou outra extraio algo do Passado, informo aos leitores que esta Agenda não veio a mim levitando, através de um portal etéreo, interestelar. Não, amigos, uma das muitas pilhas de caixas de isopor grandes que entulham minha casa caiu sobre o mano numa dessas madrugadas. Entre roupas imprestáveis e bugigangas diversas lá estava a AGENDA, guardada por 30 ANOS, talvez mais.

O objeto é um monstrengo de plástico super-duro, com 6 anéis de metal, do tipo que "abre" para acrescentar novas folhas, páginas. Traz nome em Inglês, espaços em cada aba para cartões (business cards, calculator) e até para um certo "note pad". É portanto um objeto dos anos 1990, não creio que houvesse algo assim em 1980 e poucos. Há 75 NOMES nela, todos preenchidos com a letra do mano. É de se crer que ele juntou tudo o que estava disperso, em pequenos pedaços de papel e anotou nomes e telefones ali. (NOTA: entre um "Abestado" e um "Tô nem Aí", temos 1 COELHO, mais um na minha vida: Gilberto S. Coelho ! Alguém em Belém sabe quem é o gajo ?! DUVIDO, digo apenas que é do... Marajó !)

Na letra A, o segundo nome é AFONSO e (jornal), entre parênteses... pra quem acha que nossas lutas (e prejuízos) foram só com Capoeira, nem imagina que a primeira delas foi com a CELPA, assim que chegamos em Belém, em agosto de 1986. Depois viriam a COSANPA, a COHAB, os Centros ditos comunitários do bairro e, lá por 1991, o maior jornal da capital -- "o mais vendido", dizia o "slogan" -- que colocamos "na Justiça", no MP do Ver-o-Peso, para poder COMPRAR jornais "lá dentro", na sede. "Vendiam" a tiragem inteira para meia dúzia, que a repassava para "segundos" e estes para "terceiros", os jornaleiros verdadeiros, Por vezes, eram eles os "quartos" na escala... foi como findamos, após "VENCERMOS" na primeira semana, graças a Ordem judicial.

Na semana seguinte perdemos tudo... os "compradores" uniram-se para não nos vender nada, proibiram seus "segundos", alertaram os "terceiros" ! O mano tinha 130 fregueses (mais venda "por fora") e eu uns 60 clientes fixos, só para entrega... em mês e meio perdemos todos. E há gente pra "comparar" sua "caminhada" -- entre livros e ar-condicionado -- com a nossa, acordando 4 e meia da madrugada o ano inteiro, com chuva ou sem ela.

Porém, jurei não escrever mais LAMENTAÇÕES... essa despretensiosa Agenda "foi a salvação da lavoura" ! Veio CALAR em definitivo quem nos acusava de "DENEGRIR a Capoeira do Pará... LÁ FORA" ! Mas porquê eu me daria ao trabalho de "pichar" a Capoeira local para Mestres que nunca ouviram falar dela, isto em 1990 ?! Quais Mestres "lá de fora" CONHECIAM a Capoeira... de Belém, pelo menos ?! Alguém sabe ?! Só comecei a escrever "lá pra fora" em meados de 1989, depois do fracasso definitivo dos objetivos do CCCP. (*1) Daí, decidimos FAZER FOTOS (e até gravar vídeos, em fitas VHS) de Grupos que meu irmão frequentava, uns 15 no mínimo. Nessa época, 1987/89) não se via Baluarte em lugar nenhum. Pra quem não sabe, "cheguei ao Canadá" (?!) ANTES de qualquer outro... pra DIVULGAR qual Capoeira ?! A do Rio, de São Paulo ?! Não, leitores... A DE BELÈM ! (*2)

Isto se faria em cadernos, selos, toalhas, postais, CARTÕES de telefone, assim que estes foram lançados, em 1989 eu acho ! Antes disso eram "fichinhas de chumbo", do tipo usado em máquinas de games, as "pinballs". 'Quebramos a cara"... os tais cartões eram fabricados só no Rio ! Por ofício de lá me sugeriram procurar a TelePará; esta nem se dignou me responder ! Uns 90 DIAS depois lá estava o JUDÔ, pro país inteiro, num desenho ruim.

Desafio qualquer um a apontar (entre 1989 e 92) 1 carta onde eu "denigra" a Capoeira local... (mestres podem ter recebido JORNAIS daqui onde eu apontava trapalhões, isso é outra história !) Não confundir com CRÍTICAS a fatos, com a descrição de ATOS com os quais eu discordava. Isso não impediu que a gente DIVULGASSE esta mesma Capoeira, com os melhores dela, sem os "trambolhos" que a desmoralizavam. Estes, sim, a DENEGRIAM com seu comportamento ! Nas raras vezes em que alguém ME VIU em Grupo ou Roda, fui lá para confirmar a falta de qualificação de alguma "figurinha" local -- bajulada e alçada ao título de MESTRE, isso lá por 1990/91, vejam bem, o sujeito com 20 ou 23 anos DE IDADE -- ou para DIVULGÁ-LA enquanto presidente (que fui) de um Centro Cultural QUE EU NUNCA PRETENDI CRIAR, mas que "caiu nas minhas mãos" por obra e graça do Destino.

Tudo começou na Cidade Nova 4... em meados de 1987, primeiros meses nosso no bairro. Reunião na casa de um "macumbeiro", ao lado de um templo "japonês". Meu irmão foi lá, comandava a "proposta" uma das maiores "bombas" que a Capoeira de Belém viu surgir. A estória "morreu" ali !

Em janeiro ou fevereiro de 1988, num colégio fechado nas férias escolares, perto do Mercado de S. Brás, às 19 ou 20hs, eis que me vejo -- entre 8 ou 10 "capoeiras" -- OUVINDO o "mala sem alça nem rodinhas" a explanar confuso projeto, mal planejado, de um futuro "Grupo-Show", ele sendo grosseiro com todos ali. Findei "anotador" dos presentes lá e das ideias (?!) do sujeito, num papel de embrulho cor-de-rosa, que nem material de escritório ele levou. Assim "nasceu" o Centro Cultural, com outro nome, claro... meu irmão e eu decidimos concretizar a ideia em maio/1988, onde SHOWS eram só 1 dos vários objetivos, em boa parte CULTURAIS e sociais. (Há uma página inteira sobre isso, no jornal DIÁRIO DO PARÁ de fins de 1989.)

Esta Agenda DESMENTE os "fofoqueiros" da época: dos 75 NOMES lá, quase 60 são de "capoeiras" DE BELÉM, amigos do meu irmão "Carioca", que lhe cederam nome e telefone. E gastamos um bocado de fichas e cartões, estes duravam meio minuto cada, 20 segundos se a ligação fosse DDD, i.é, ligação para outras regiões, mesmo daqui, Castanhal, por exemplo. Há nela nome e telefone de 8 MESTRES em outros Estados, inclusive 1 c/me angoleiro dos EUA, de nome Jim Sera. Entre outros, me. "Alvinho Sucuri" (SE), "Peixinho" (RJ), Guaracy (França). os mestres Valdenor, César e "Peixe" (SP), além de um certo Pedro (CE), na época no Grupo Muzenza. A Agenda inicia com "Angolinha" (aluno do "Carioca") e finda na letra Z, com uma certa "Zoziane" e ele (SNR), o que me "apontou" no SESC-Doca em 17/nov. de 1987 como a pessoa que DENEGRIA (?!) a Capoeira local... embora eu só tenha "me metido" nela APÓS maio de 1988, mês da criação do CCCP, no mesmo SESC !

"NATO" AZEVEDO (em 26/fev. de 2025, 23hs)

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OBS: (*1) - entre 1987 e 88 (inclusive nos jornais de Belém) produzi textos -- no "Espaço Aberto" do Diário do Pará e no de CARTAS de O Liberal -- onde eu REPENSAVA as questões comuns à Capoeira, eram textos LITERÁRIOS, nada tinham de panfletários, acusatórios. Também enviei cartas para Nestor "Capoeira" (RJ), me. "Burguês" (PR), os mestres do Grupo MOCAMBO, de Aracaju ("Macaô" e "Alvinho Sucuri"), me. Suassuna (SP), mestra "Cigana" (RJ), para mestre Valdenor (FPC-SP), me. Itapoan (BA), adiante mestre André Lacê (RJ - em 1992?), para 2 mestres de Porto Alegre (Gavião? Farol? já não lembro mais!), entre outros mais. ACUMULEI perto de 60 CARTAS de mestres de vários Estados... por não confiar mais nos CORREIOS, tudo se perdeu !

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OBS: (*2) - chegar aos outros países foi até bem simples: tendo trabalhado no Jornal "BALCÃO" (no Rio, em 1981/82) pedi-lhes que ANUNCIASSEM O CCCP no Exterior. Recebi cartas da Alemanha, Polônia, EUA e Canadá (em 14/out. de 1990), onde Empresa local queria DIVULGAR a Capoeira... DE BELÉM lá, em fitas VHS. Jornaleiros sem recursos, não conseguimos atendê-la, mas a carta existe (cópia, reprodução) para comprovar. (Está em Inglês... posto o trecho mais importante, abaixo. A preocupação dele era com a DETERIORAÇÃO da Capoeira, o desvirtuamento de seus golpes e tradições, como sucedera lá com o Taekondo, que praticou na juventude:)

"My concern comes of my study of Tae Kwon Do (...) how it and many the other martial Arts HAVE DEGENERATED in the past decade". (etc, continua...) *** (ass:) DAVID S. DUNAWAY / Canadá