Cem dias entre o céu e o mar”.

Amyr Klink

Impacto

Amyr Klink aos empreendedores: em 100 dias de viagem, sabia que tempestades viriam, mas não parei na primeira

20 set, 2023

Passados anos de planejamento da rota náutica, do estoque de suprimentos e a construção do barco que faria o jovem Amyr Klink cruzar pela primeira vez – a remo e sozinho – o Oceano Atlântico, tudo estava pronto para zarpar. A viagem da África à Bahia levaria 100 dias, pelos cálculos do navegador, mas antes de sair um funcionário do porto da Namíbia o alertou: “Você não pode ir agora, tem uma tempestade se formando em mar aberto”. 

Amyr Klink ignorou o alerta e partiu mesmo assim para a sua primeira aventura, no longínquo ano de 1984. Durante o percurso, o barco virou três vezes, mas sempre foi possível desvirá-lo, pois ele desenvolveu um sistema anticapotagem pioneiro.

Todo o projeto a longo prazo vai passar por adversidades, então é preciso estar preparado. Era muito difícil que, em 100 dias de viagem, eu não cruzasse por nenhuma tempestade, então não iria parar por causa da primeira. 

Esta é uma entre as muitas lições que a história de Klink traz para quem as escuta. Elas são verdadeiras metáforas sobre as relações pessoais e, principalmente, para quem vive de empreender. 

Responsável por 20 expedições marítimas, 15 delas para Antártica, e autor de livros consagrados que contam suas experiências ao mar, Klink foi um dos painelistas da Semana Caldeira, onde sintetizou suas aventuras.

Painel de Amyr Klink na 2ª edição da Semana Caldeira, que acontece de 18 a 22 de setembro. Créditos: Instituto Caldeira.

Voltando à viagem de estreia, Amyr notou que não estava navegando as milhas náuticas necessárias para cumprir, em 100 dias, a travessia. Ele precisava acelerar suas remadas. O fez e cumpriu seu prazo, o que lhe deu, somado às pequenas refeições, um novo físico quando chegou à Bahia.

Ele conta que isso o deixou tão orgulhoso quanto ter chegado no exato ponto que pretendia, 100 dias depois, ao atracar na costa brasileira. 

“O ser humano é o único animal do mundo que consegue sempre ter um incremento de eficiência. Tudo que a gente faz hoje, podemos fazer melhor amanhã, e foi isso que fiz”.

Mas o que o deixava mais feliz em sua chegada era que, pela primeira vez, ele tinha sido protagonista de um projeto, após anos de planejamento, desejo e muitos conselhos para que não o fizesse. Klink conta essa história com detalhes no livro “Cem dias entre o céu e o mar”.