Edilson: a lenda viva do Futebol Sousense
Edilson: A Lenda Viva do Futebol Sousense
Quando se fala sobre os grandes craques que marcaram a história do futebol no sertão paraibano, um nome se destaca com brilho incontestável: Edilson. Com talento nato e uma trajetória que mescla conquistas, gols memoráveis e um carisma singular, Edilson se consagrou como o maior jogador de futebol que Sousa já viu. Sua jornada nos gramados, que começou ainda na Sociedade Esportiva Sousa no final dos anos 1960, foi marcada por uma ascensão meteórica, seguida de passagens gloriosas por clubes de destaque, especialmente no futebol piauiense, antes de um emocionante retorno ao futebol amador sousense no ano de 1983.
A Ascensão: Sociedade Esportiva Sousa e Atlético Clube de Sousa
Edilson iniciou sua carreira no cenário local, defendendo os núcleos da temida Sociedade Esportiva Sousa. Seu talento logo se sobressaiu, e ele rapidamente conquistou a torcida com sua habilidade técnica, visão de jogo e faro de gols. No Estádio Antonio Mariz, nos campos de terra batida e gramados acanhados do sertão, Edilson mostrava lampejos de genialidade. Até 1974, vestiu a camisa da Sociedade, tornando-se o maior craque da equipe e artilheiro, responsável por levar a equipe a vitórias significativas e acumular um número expressivo de gols.
Porém, o destino do jogador estava reservado a algo ainda maior, e ainda em 1974, Edilson se transferiu para o recém-fundado Atlético Clube de Sousa, o Leão do Sertão, onde sua lenda começaria a tomar proporções inigualáveis. Defendendo o Atlético, Edilson não foi apenas artilheiro dos campeonatos paraibanos de 1975 e 1976, como também escreveu seu nome no panteão dos maiores atletas da região.
O triunfo no Piauí: Tricampeão Piauiense
Em 1978, Edilson atravessou as fronteiras do futebol paraibano e se transferiu o Tiradentes, onde disputou o campeonato piauiense daquele ano. Em 1979, o seu futebol despertou a atenção de clubes maiores, sendo contratado pelo Piauí e em seguida pelo Flamengo-PI, onde foi parte crucial na conquista do campeonato piauiense daquele ano. Seu talento logo o levou para o River, outro grande clube piauiense. Foi pelo River que Edilson viveu o auge de sua carreira, ao lado do craque Sima, sagrando-se bicampeão estadual em 1980 e 1981, além de artilheiro em 1980.
Nos campos do Piauí, Edilson impressionou por sua capacidade de decidir partidas, pela frieza nos momentos de pressão e pela elegante com que conduzia a bola. Seu domínio técnico, seu instinto de gol e sua precisão nos passes tornaram-no uma figura temida pelos adversários e respeitada pelos companheiros de equipe.
O retorno triunfal: a Portuguesa e a consagração no Estádio Antonio Mariz
Após os anos de glória no futebol profissional, Edilson decidiu voltar para Sousa em 1983, vestindo as cores da Portuguesa, o tradicional time rubro-verde comandado pelo saudoso Pedrinho Ferreira. Seu retorno ao futebol amador foi um acontecimento emblemático para a cidade, que aguardava ansiosamente pelo reencontro com o ídolo. Nesse contexto, Edilson protagonizou um momento que ficaria para sempre gravado na memória dos torcedores: o dia em que marcou quatro gols no Estádio Antonio Mariz, selando, de uma vez por todas, sua posição como a maior lenda do futebol sousense.
Aquele retorno foi uma demonstração de que, apesar do tempo passado, o talento de Edilson permaneceu intacto. Aos 33 anos, ele dominou o campo com a maestria de quem compreendia cada nuance do jogo. Com a bola nos pés, parecia desdenhar da idade, conduzindo jogadas que remeteram aos seus tempos áureos na Sociedade E. S., Atlético C. S. e no River. A arquibancada, repleta de admiradores e curiosos, testemunhou uma exibição de gala que culminou com o quarto gol, uma pintura que começou no meio-campo e terminou com um leve toque por cima do goleiro adversário.
O legado imortal
Para os torcedores de Sousa e para todos aqueles que tiveram o privilégio de assistir Edilson em campo, seu nome está eternamente gravado na história do futebol nordestino. Mesmo após seu retorno ao futebol amador, Edilson continuou a ser uma referência de excelência, mostrando que o amor pelo jogo e a paixão pelo esporte superavam as barreiras impostas pelo tempo.
Seja na Sociedade, no Atlético, no Flamengo ou no River, Edilson deixou sua marca indelével a cada vez pelo que passou. Suas conquistas em Sousa e no Piauí são lembranças vivas de uma era em que o futebol era mais do que um jogo – era uma extensão da identidade de uma comunidade, um símbolo de superação e um elo entre o sonho e a realidade. O craque sousense transcendeu as quatro linhas com sua postura humilde e o coração comprometido com a grandeza do esporte, nunca se distanciando de suas raízes, mesmo nos momentos de maior glória.
A cada gol marcado e a cada vitória conquistada, Edilson honrou o nome do sertão paraibano e levou o orgulho de Sousa além de suas fronteiras. Ele foi um jogador que se tornou símbolo de esperança para muitos jovens que, como ele, sonhavam em ascender através do esporte e desafiar as adversidades que a vida impõe. Seus feitos dentro de campo inspiraram gerações e alimentaram a paixão pelo futebol na região, ao ponto de, mesmo décadas depois, seu nome continuar sendo evocado em conversas, crônicas e memórias afetivas.
O inesquecível episódio de 1974: a ressaca, o cabaré e o heroísmo
Uma das histórias mais folclóricas sobre Edilson, que circula até hoje entre os apaixonados pelo futebol em Sousa, diz respeito a um episódio inusitado de 1974, em que o craque não apareceu para o primeiro tempo de uma importante partida entre a Sociedade E. S. e o Sergipe, campeão sergipano. A razão para sua ausência era, no mínimo, inesperada: Edilson havia passado a noite no cabaré, envolto em bebedeiras e aventuras com mulheres, o que o deixou completamente indisposto para o início do jogo.
No entanto, o que poderia ter sido um desastre para a Sociedade logo se transformou em uma narrativa épica. Arrastado para o campo no segundo tempo, ainda com os efeitos da ressaca, Edilson, como se movido por um instinto sobre-humano, tomou conta da partida e liderou uma reviravolta inesquecível. Ao entrar em campo no segundo tempo, a Sociedade perdia por 3 X 0. Porém, em uma atuação genial, Edilson faz três gols e evita uma derrota humilhante da Sociedade. Os relatos dizem que sua atuação, mesmo sob circunstâncias físicas tão desfavoráveis, foi digna de seu status de lenda, provando que o futebol é, por vezes, o palco de momentos inexplicáveis, movido por algo além da técnica ou da preparação física.
O legado: muito além dos gols
Para os jovens de Sousa, Edilson é mais do que uma inspiração. Para os torcedores que testemunharam sua trajetória, suas histórias permaneceram vivas como fábulas contadas de geração em geração, e para os apaixonados pelo futebol paraibano, ele será eternamente o maior jogador que já passou pelos campos da cidade.
Sua relação com Sousa nunca terminou. Mesmo após suas aventuras no futebol profissional, Edilson nunca deixou de estar presente nos corações daqueles que vibravam com suas jogadas. Hoje, seu nome ecoa nas lembranças de tardes de futebol sob o sol ardente do sertão, nas conversas nostálgicas em bares e nas arquibancadas, onde os mais velhos relembram seus feitos, e os mais novos aprendem sobre a grandeza de um jogador que nunca será esquecido .
Edilson é, sem dúvida, a mais pura representação do futebol raiz, aquele futebol de alma e coração, vívido em cada lance e celebrado por uma cidade que o acolheu como herói. O craque de Sousa transformou a bola em arte e o campo em um cenário de batalhas épicas, deixando um legado imortal que resiste ao tempo e transcende as gerações.
O craque faleceu em 2018, aos 67 anos. O seu nome, escrito com letras douradas na história do futebol sousense, será para sempre lembrado como o maior craque que Sousa já viu .