Sociedade Esportiva Sousa X Santos Esporte Clube: a maior rivalidade do Sertão

Sociedade Esportiva Sousa X Santos Esporte Clube: a maior rivalidade do Sertão

No sertão paraibano, onde o futebol é vivido com a alma, duas forças regionais protagonizaram a maior rivalidade da história do esporte amador da região: Sociedade Esportiva Sousa e Santos Esporte Clube de Cajazeiras. Esses dois titãs do futebol semi-profissional escreveram capítulos memoráveis no imaginário popular, e seus jogos são lembrados não apenas pelos gols, mas pela emoção, tensão e o espírito de disputa entre as duas cidades vizinhas.

O primeiro confronto pelo Matutão de 1969: Santos vence no Estádio Higino Pires Ferreira

O primeiro capítulo dessa disputa acirrada pelo Matutão 1969 foi escrito no lendário Estádio Higino Pires Ferreira, em Cajazeiras. O jogo, realizado sob os olhares atentos de torcedores fervorosos e narração apaixonada de Carlos Alencar, locutor da Difusora Rádio Cajazeiras, trouxe à tona o que seria uma disputa épica.

A partida era tensa e equilibrada, refletindo a expectativa que crescia nas semanas anteriores. A Sociedade Esportiva Sousa, vinda com força máxima, tentava impor seu ritmo, mas o Santos, jogando em casa e empurrado pela vibrante torcida cajazeirense, estava determinado a vencer. Aos 44 minutos do primeiro tempo, um contra-ataque fulminante pegou a defesa sousense de surpresa. O artilheiro Bil, numa jogada rápida e precisa, mandou a bola para o fundo das redes.

O gol foi como um golpe mortal para os torcedores sousenses. O placar de 1 X 0 em favor do Santos calou a "Cidade Sorriso" e a derrota foi recebida com um silêncio catacumbal. A tristeza tomou conta dos torcedores da Sociedade, mas a derrota também alimentou um sentimento de revanche que só aumentou com o passar dos meses. Os sousenses queriam a redenção, e sabiam que ela viria no confronto de volta, em Sousa.

A revanche no Estádio Antonio Mariz: Sousa renasce

O jogo de volta, disputado no Estádio Antonio Mariz, em Sousa, foi aguardado com ansiedade quase palpável. A cidade inteira se mobilizou em apoio à Sociedade Esportiva, que via na partida a oportunidade de dar o troco. O dia começou com uma grande carreata pelas ruas da cidade, bandeirões tremulavam e o clima de festa contrastava com a tensão que dominava os torcedores. O estádio, já lotado horas antes do jogo, pulsava com energia.

Quando a Sociedade entrou em campo, capitaneada pelo valoroso Pelim, a torcida explodiu em aplausos. Contudo, a partida não começou da maneira esperada. Blu, o centroavante do Santos, abriu o placar logo no início, marcando um gol que parecia abalar as esperanças sousenses. Porém, a força da Sociedade Esportiva Sousa não se deixaria abater tão facilmente. Os jogadores sabiam que aquele era mais do que um jogo; era a honra de Sousa em campo.

A virada começou com um lance inusitado, quando o zagueiro Batista, do Santos, ao tentar recuar a bola para o goleiro, acabou encobrindo-o, marcando um gol contra que incendiou a torcida sousense. Esse lance de pura infelicidade abriu as portas para o domínio da Sociedade.

Com o apoio incondicional da torcida, a Sociedade começou a controlar o jogo. Edilson, o maior craque da história de Sousa, entrou em cena com toda a sua genialidade. Ele marcou dois gols naquela tarde, conduzindo sua equipe à vitória. Zamba e Tida também contribuíram com um gol cada, e a Sociedade aplicou uma goleada histórica de 5 X 1, lavando a alma dos torcedores e transformando a derrota amarga em Cajazeiras em uma vitória épica.

As Equipes em Campo

A Sociedade Esportiva Sousa, naquele dia, jogou com Marcelo no gol, protegido pela sólida zaga formada por Neném Mago, Pelim, Chico de Dalva e Douglas. No meio de campo, Nego Di e Zamba dominaram, enquanto o ataque, liderado por Edilson, contava ainda com Caristia, Butijinha, Tida e Iran.

Do lado do Santos, a defesa composta por Batista, Jackson (goleiro), Assisinho, Bão, Tonho e Mucuim tentou segurar o ímpeto sousense, mas sucumbiu à pressão. O ataque cajazeirense, liderado por Blu e Bil, não conseguiu repetir o sucesso do primeiro jogo, sendo engolido pela força da Sociedade.

A Rivalidade Eterna

Os confrontos entre Sociedade Esportiva Sousa e Santos Esporte Clube de Cajazeiras marcaram o sertão paraibano de forma indelével. Aqueles jogos não foram apenas disputas esportivas, mas embates que uniram cidades em torno de suas paixões, carregando consigo a energia de uma verdadeira guerra futebolística. A goleada da Sociedade, após a derrota no Higino Pires Ferreira, representou mais do que uma simples revanche: foi a redenção de um povo, liderado por Edilson, o maior jogador que Sousa já viu. A rivalidade entre essas duas equipes se tornou a mais intensa e emocionante do sertão paraibano, e seus ecos reverberam até os dias de hoje.

Referências

ANDRADE FILHO, F. C. de. Capítulos da Formação e Trajetória do Futebol Profissional de Sousa. Sousa: Edição do Autor, 2021.

Josemar Alves
Enviado por Josemar Alves em 16/10/2024
Reeditado em 16/10/2024
Código do texto: T8174702
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