E se Edilson não tivesse existido?
E se Edilson não tivesse existido?
Se Edilson não tivesse existido, o cenário do futebol em Sousa e no Nordeste seria drasticamente diferente, repleto de lacunas e ausências que ecoariam na memória dos torcedores. Um vazio de talento, carisma e feitos memoráveis tomaria o lugar da magia que ele trouxe aos campos.
Sem a presença de Edilson, a gloriosa Sociedade Esportiva Sousa, nos anos 1960 e 1970, não teria a mesma ressonância. A equipe, que brilhou em sua era de ouro, lutaria para encontrar um substituto à altura. Os torcedores, que se emocionavam com suas jogadas espetaculares e os gols que pareciam desafiar as leis da física, sentiriam uma ausência palpável. Certamente, as partidas seriam menos vibrantes.
A ausência de Edilson também impactaria o Torneio Matutão, um campeonato interestadual que se destacou nos anos de 1969, 1970 e 1971. Sem ele, que foi protagonista da conquista dos dois primeiros títulos pela Sociedade E. S. e do terceiro pelo Clube Centenário Pauferrense, a competição perderia seu brilho. Edilson, artilheiro nato, encantou os torcedores com seus gols, e sua habilidade em campo inspirava jovens e adultos. Sem esse ícone, o torneio se tornaria uma sucessão de partidas comuns, desprovidas da emoção e da rivalidade que Edilson tão bem soube criar. Os garotos da década de 1960 e 1970, que buscavam referências para sonhar e se espelhar no futebol, não teriam um ídolo para admirar. Sem Edilson, eles poderiam ter se perdido em um vácuo de inspiração, privados da possibilidade de vislumbrar um futuro que ele, com sua genialidade, ajudou a construir.
Em 1973, a vitória da Sociedade por 2 X 0 sobre o Botafogo de Cajazeiras, que teve como destaque a presença de Garrincha, não teria o mesmo brilho sem os dois gols de Edilson. Aquela partida, que uniu e inflamou os corações dos torcedores, se tornaria apenas mais um jogo sem emoção, sem a alegria proporcionada por um ícone local. O eco das comemorações e os gritos de "Edilson!" que ressoavam pelo estádio jamais seriam ouvidos, e o antagonismo entre as equipes perderia parte de sua essência.
Se Edilson não tivesse existido, sua ausência privava o São Cristovão de Pombal e outras equipes locais de momentos memoráveis, como uma partida histórica contra o Botafogo da Paraíba, na década de 1970. Não era o time principal da equipe da capital, mas sua camisa e sua tradição estavam presentes. Após uma derrota parcial por 1 X 0 no primeiro tempo e uma série de críticas, Edilson ressurgiu brilhantemente no segundo, marcando quatro gols e silenciando os céticos. Sem ele, o futebol sousense perderia sua essência vibrante, suas jogadas mágicas e seus gols lendários, que inspiraram gerações e uniram torcedores. A identidade esportiva da região seria menos rica e emocionante, sem a paixão e o oportunismo que Edilson injetou em cada jogo.
E o que dizer de sua atuação memorável contra o Sergipe, em 1974, quando a Sociedade perdia por 3 X 0 e ele anotou três gols, jogando apenas o segundo tempo da partida, e em condições físicas totalmente adversas? Sem essas performances brilhantes, a emoção em clássicos que se tornaram históricos ficariam restritas a um imaginário distante. A história do futebol sertanejo local seria desprovida de um dos momentos mais emocionantes, uma partida que selou o carinho da torcida por um atleta que transcendeu o jogo e se tornou um símbolo de vencedor.
O Atlético Clube de Sousa, fundado em 1974, também sofreria as consequências da ausência de Edilson. O clube, que se tornou um marco na história do futebol sousense, teria que encontrar outros caminhos sem seu craque. As arquibancadas, que antes se encheriam de entusiasmo e gritos de apoio, se tornariam um espaço de incertezas, onde a falta de gols e vitórias significativas poderia desmotivar a torcida. A rivalidade e a emoção de clássicos enfrentando a Sociedade não teriam a mesma intensidade, deixando um rastro de desânimo nas memórias coletivas.
Os títulos de artilheiro do campeonato paraibano em 1975 e 1976, pelo Atlético C. S., conquistas que consolidaram sua reputação como um dos maiores goleadores da época, deixariam de existir, e o panteão dos grandes nomes do futebol paraibano perderia um de seus protagonistas. A ausência de suas conquistas individuais deixaria os torcedores sem ídolos, sem referências que inspirassem futuras gerações.
A sua brilhante passagem pelo Piauí entre 1978 e 1982, com títulos, gols e artilharia, também ficaria marcada pela falta de um talento que encantava os torcedores e fazia história nas competições estaduais. O episódio em que ele acertou uma bola no travessão da equipe adversária, em 1978, pelo Botafogo-PB, seria um momento nunca vivido, um marco que eternizaria sua habilidade, mas que, sem sua presença, se transformaria em mera possibilidade. A ausência de Edilson significaria menos brilho nas partidas, menos histórias para contar, e campeonatos mais pobres em emoção.
Pensemos no seu retorno triunfal à Portuguesa, onde, em um único jogo, ele anotou quatro gols. Sem Edilson, aquele espetáculo se tornaria apenas uma lembrança não vivida, uma oportunidade perdida para a torcida de celebrar um craque que personificava a esperança e a paixão pelo esporte. Aquelas jogadas mágicas, os dribles desconcertantes e os chutes potentes que encantaram o público seriam substituídos por um silêncio ensurdecedor nas arquibancadas.
E como ficaria a torcida sousense sem a magia do craque? A flama pelo futebol, que já era intensa, poderia se tornar uma chama branda, marcada pela saudade de momentos grandiosos que nunca aconteceram. Os encontros nos bares e as discussões acaloradas sobre o desempenho do time teriam menos entusiasmo, e as histórias passadas se tornariam uma repetição monótona, sem a emoção que Edilson trazia a cada drible e a cada gol.
Se Edilson não tivesse existido, o futebol de Sousa seria um relato incompleto, uma narrativa marcada pela ausência de um craque que moldou a identidade da região. O apego pelo esporte, as memórias compartilhadas e os momentos de glória que ele proporcionou se tornariam ecos de uma história que nunca aconteceu. Sem ele, a magia do futebol, com seus altos e baixos, seus ídolos e suas lendas, seria menos vibrante, menos rica e, sem dúvida, menos mágica.
Mas ele existiu, logo, a sombra do seu não existir se dissipa diante da realidade vibrante que nos cerca. E por existir, o pesadelo de sua não existência nunca se concretizou, permitindo-nos celebrar as alegrias que sua presença proporcionou. E por ser real, sua trajetória, repleta de gols e conquistas, teceu um manto de memórias que abraçam cada torcedor sousense.
E por ter existido, a emoção sentida em suas jogadas e a magia que ele trouxe ao campo se tornaram parte indelével da identidade local, transformando cada partida em uma festa e cada vitória em um legado. A sua existência nos presenteou com grandes exibições, um testemunho de que o futebol é, acima de tudo, uma celebração da arte.