Isolado e brilhante: o dia em que Edilson calou o Almeidão
Isolado e brilhante: o dia em que Edilson calou o Almeidão
Naquela tarde no ano de 1978, o Botafogo da Paraíba, tetracampeão paraibano entre 1975 e 1978, tinha pela frente mais um desafio no estádio Almeidão, em João Pessoa.
Entre os jogadores do Botafogo, estava Edilson, o craque sousense de 28 anos de idade, em seu único jogo pelo clube, que ele abandonaria logo em seguida para fazer carreira no Piauí. Contudo, o clima não era favorável para ele. Dentro de campo, parecia sofrer um boicote dos companheiros. As jogadas não passavam por seus pés, a bola raramente lhe chegava, e ele se via isolado, à margem de um time que não parecia disposto a lhe dar espaço.
Mas, aos 30 minutos do primeiro tempo, tudo mudou. Em um lance de pura genialidade, Edilson recebeu a bola na direita e, sem pensar duas vezes, partiu para cima do lateral adversário. O drible foi rápido e preciso, deixando o defensor para trás. Com espaço à frente, Edilson avançou com firmeza e, da entrada da área, um pouco á direita, arriscou um chute forte.
A bola disparou em direção ao gol, mas encontrou o travessão com um estrondo. O impacto silenciou o estádio por um breve momento, antes de arrancar da torcida um grito de surpresa e aplausos calorosos. Era o tipo de lance que quebra qualquer dúvida sobre o talento de um jogador. Naquele instante, Edilson conquistou o respeito que até então lhe fora negado.
Depois daquele chute, a dinâmica mudou. Os companheiros, antes relutantes em passar-lhe a bola, começaram a buscá-lo em campo. A torcida, que já estava desconfiada, se rendeu ao seu talento. E a imprensa esportiva da capital, sempre crítica, passou a mencioná-lo com outro tom.
O jogo seguiu em frente, mas o que ficou daquela tarde no Almeidão foi mais do que o placar. Foi o momento em que Edilson, mesmo num dia em que tudo parecia contra ele, com um único lance, provou que o futebol ainda é uma questão de talento, persistência e, sobretudo, oportunidades.
Após o jogo, o craque abandonaria o Botafogo-PB, retornando para Sousa. No mesmo ano, seguiria para o Piauí, onde defenderia as cores do Tiradentes (1978), Piauí (1979), Flamengo (1979), River (1980-1982) e Auto Esporte (1985).