O ídolo eterno de Cajazeiras: Perpétuo no coração do Sertão

Cajazeiras, cidade que se destaca por sua vibrante tradição cultural e esportiva, viu surgir, ao longo de sua história, diversos talentos notáveis. Contudo, nenhum conseguiu alcançar o reconhecimento e a maestria de Perpétuo Correia Lima, cujo talento se tornou lendário nos campos da região. Nascido em 2 de abril de 1939, em um lar modesto, Perpétuo não apenas conquistou os corações de sua cidade natal, mas também inscreveu seu nome na memória do futebol do sertão paraibano.

Desde a infância, Perpétuo revelava uma natural afinidade com a bola, brincando nos campos improvisados da cidade. Ao longo de sua carreira, vestiu a camisa de clubes como Santos, Estudante, Duque de Caxias, Atlético Cajazeirense e Botafogo local, sempre destacando-se pela sua técnica refinada. No Estádio Higino Pires Ferreira, foi aclamado como o seu principal atleta da história.

Segundo Rolim (2010), o Estádio Higino Pires Ferreira foi o cenário onde Perpétuo Correia Lima, com sua habilidade inigualável, encantava os torcedores de Cajazeiras. A cada partida, ele transformava o futebol em espetáculo, atraindo a admiração até dos oponentes. Seu chute era uma marca registrada: preciso, veloz e letal, deixando os defensores confusos e impotentes. Perpétuo tinha o dom de marcar gols de todos os tipos e em todos os ângulos, e sua presença em campo despertava uma expectativa especial nos torcedores. Quando "Péto" balançava as redes, a euforia tomava conta da torcida, e esses momentos se tornavam inesquecíveis.

O nome de Perpétuo rapidamente ecoou além dos limites de Cajazeiras, ganhando reconhecimento no interior do Nordeste. Vários clubes demonstraram interesse em contar com o craque, mas ele permaneceu fiel à sua terra natal, retornando sempre que possível. Jogou em equipes de cidades como Sousa e Patos, mas nunca se distanciou de suas raízes.

Sua passagem pela Sociedade Esportiva Sousa também foi marcante. Ao lado de jogadores como Bilar, Alberico, Pelim, Geraldo Gomes, Butijinha, Robson, Edilson e outros, Perpétuo deixou sua marca, ajudando a elevar o nome do clube. Sua versatilidade e visão de jogo impressionavam a todos que o assistiam: um meia hábil e artilheiro que dominava a bola com os dois pés e sempre parecia estar um passo à frente dos adversários.

Perpétuo também teve passagens memoráveis por times de outros estados, como Quixadá, no Ceará, onde seus feitos ainda são lembrados com grande carinho pelos torcedores. A habilidade de Perpétuo transcendeu fronteiras, mas ele sempre carregou consigo o orgulho de ser um representante do futebol sertanejo.

Um dos momentos mais icônicos de sua carreira foi o confronto com o lendário Garrincha. Em 1973, Perpétuo teve a oportunidade de enfrentar o craque em duas ocasiões. O primeiro encontro aconteceu em um amistoso entre o Botafogo de Cajazeiras e a Sociedade de Sousa, no Estádio Antonio Mariz, onde Garrincha, já aos 40 anos, jogou apenas o primeiro tempo, encantando os presentes. Em outro amistoso no mesmo ano em Cajazeiras, Perpétuo enfrentou novamente o ídolo brasileiro, dessa vez no Botafogo de Cajazeirense de Desportos contra um combinado de jogadores do Guarany e Icasa, do Ceará. Esses duelos tornaram-se momentos eternos na trajetória de Perpétuo, marcando a história do futebol local.

Infelizmente, a vida de Perpétuo foi interrompida tragicamente em 30 de outubro de 1977. Ao sofrer um acidente doméstico que resultou em uma infecção por tétano, o craque faleceu, deixando Cajazeiras mergulhada em tristeza. Em sua homenagem, a cidade eternizou seu nome: uma rua de um conjunto habitacional foi batizada com seu nome e, em 1985, o estádio "Perpetão" foi inaugurado, assegurando que sua memória jamais se apagasse.

O legado de Perpétuo Correia Lima é celebrado como um dos maiores capítulos do futebol de Cajazeiras e do sertão paraibano. Segundo o livro "História do Futebol de Cajazeiras", escrito por Reudesman Lopes Ferreira, ele é descrito como um verdadeiro gênio da bola, um ícone que jamais será esquecido, um símbolo de excelência e paixão pelo futebol.

REFERÊNCIAS:

FERREIRA, Reudesman Lopes. 100 anos do futebol de Cajazeiras (1923-2023). Cajazeiras: Real, 2023.

FERREIRA, Reudesman Lopes. História do futebol de Cajazeiras. Cajazeiras: Real, 2015.

ROLIM, C. M. PÉRPETUO, OU PÉTO: o nosso Pelé de Cajazeiras. Disponível em: https://noticiasdecajazeiras-claudiomar.blogspot.com/2010/10/pperpetuo-ou-peto-o-nosso-pele-de.html. Acesso em: 14 out. 2024.

SERPA, F. de A. D. L. Péto - Saudades de um Gênio do Futebol Sertanejo . Cajazeiras de Amor, 02 nov. 2011. Disponível em: https://coisasdecajazeiras.com.br/almanaque/peto-saudades-de-um-genio-do-futebol-sertanejo/#google_vignette. Acesso em: 14 out. 2024.

SERPA, F. de A. D. L. Causos e lendas do nosso futebol. João Pessoa: Editora A União, 2015.

Josemar Alves
Enviado por Josemar Alves em 02/10/2024
Reeditado em 06/12/2024
Código do texto: T8164742
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