Butijinha: o atleta que construiu lendas no Sertão Paraibano

Butijinha: o atleta que construiu lendas no Sertão Paraibano

De acordo com Andrade Filho (2021), no coração do sertão paraibano, em meio à aridez da caatinga, o futebol encontrou uma dupla que se eternizou na memória dos torcedores locais: Edilson e Butijinha, da Sociedade Esportiva Sousense (SES). Enquanto Edilson brilhava como artilheiro, a figura de Butijinha, o incansável e raçudo atacante, era sinônimo de trabalho duro e de dedicação, características que o transformaram em um dos maiores "garçons" do futebol sertanejo.

A dinâmica da dupla s

Se no Santos a torcida reverenciava Pelé e Coutinho, fazia história, na cidade de Sousa, a sinergia entre Edilson e Butijinha era o que fazia o coração dos torcedores bater mais forte. O futebol de Butijinha não era baseado em dribles extravagantes ou gols memoráveis. Seu talento residia na entrega total, na disposição para correr por cada centímetro do campo, na briga incansável com os zagueiros adversários e, principalmente, na precisão com que alimentava os artilheiros ao seu lado.

De estatura baixa e de pele preta, Butijinha talvez não fosse o protagonista clássico de uma história de futebol, mas seu papel nos gramados da Paraíba era inegável. Participava de quase todos os gols, seja com um passe açucarado, um desarme no meio de campo ou um cruzamento perfeito. Ele era a alma do time, a força motriz por trás dos tantos gols que fizeram de Edilson, Caristia e outros atacantes grandes ídolos do futebol regional.

Uma máquina de jogar futebol

No fim da década de 1960, a SES vivia uma fase áurea, preparando-se para sua primeira competição oficial, o "Torneio Matutão", promovido pela Federação Paraibana de Futebol. O time, com nomes como Zamba, Robson Marques, China, e claro, Butijinha e Edilson, era uma verdadeira máquina de gols. Sob o comando do técnico Gilmar Marques, essa geração construiu uma identidade forte, que unia garra e talento em igual medida. Dentro de casa, a torcida já sabia: a Sociedade não perdia.

Os duelos entre SES e o Santos de Cajazeiras, outra potência regional, também entraram para a história. Zamba e Negro Di, pela Sociedade, enfrentavam Fuba e Mucuim, pelo Santos, em embates que ultrapassaram as fronteiras do futebol para se tornarem eventos culturais da região. O pequeno estádio se transformava em uma arena de gladiadores, onde o suor e a poeira se misturavam em jogos inesquecíveis.

Butijinha: o símbolo de uma era

Segundo Andrade Filho (2021), em 1974, ocorre a fundação do Atlético Clube de Sousa, que contratou os maiores craques da Sociedade E. S. Enquanto isso, a Sociedade seguia com um time modesto, mas aguerrido. Butijinha consolidava sua figura como o eterno operário do futebol sousense. A seu lado, jogadores como Josué, Custódio, Edmilson e Chico Machado, a revelação da época, mantinham as tradições rubro-verdes vivas. E, assim, ele navegou entre várias gerações, sempre com o mesmo espírito guerreiro que o consagrou.

Para os torcedores mais antigos, Butijinha não foi apenas um jogador. Ele foi a personificação do esforço, da luta incansável e da paixão pelo esporte, inspirando muitos que vieram depois dele. Sua história mostra que, no futebol, nem sempre os holofotes brilham sobre os artilheiros. Às vezes, é no trabalho invisível, nas assistências precisas e no espírito de equipe que se encontra o verdadeiro herói.

O legado de Butijinha

Hoje, ao recordar essa era de ouro do futebol sertanejo, é impossível não falar da dupla Butijinha e Edilson. Cada jogo, cada passe, cada dividida no campo de chão batido se transformou em uma lenda local, e Butijinha, com sua humildade e dedicação, segue vivo na memória de todos que tiveram o privilégio de vê-lo jogar. Ele foi o motor de um time que, em um campo distante dos grandes centros, construiu sua própria história de glórias e conquistas.

REFERÊNCIA:

ANDRADE FILHO, F. C. de. Capítulos da Formação e Trajetória do Futebol Profissional de Sousa. Sousa: Edição do Autor, 2021.

Josemar Alves e Francisco Cicupira de Andrade Filho
Enviado por Josemar Alves em 02/10/2024
Reeditado em 22/10/2024
Código do texto: T8164578
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