Semifinal de 1991: Ceres supera Náutico e avança à final com brilho e raça
Na manhã escaldante de 28 de julho de 1991, o futebol sousense testemunhou uma das partidas mais intensas de sua história. A semifinal do Campeonato de Sousa colocou frente a frente dois gigantes do cenário local: o Náutico, com sua força técnica e tática, e o Ceres Clube, um time tradicional de São Gonçalo, que chegou determinado a buscar sua vaga na final. Sob o sol inclemente, a vitória do Ceres por 1 a 0 não apenas garantiu a passagem à decisão, mas também reafirmou o espírito indomável de uma equipe que superou todas as expectativas.
Aos olhos de muitos, o Náutico era o favorito. Com uma formação recheada de talentos, como o confiável goleiro Carlos — o melhor da competição —, a força defensiva de Welito e Dedé Teixeira, além das novidades de Deuzimar e Dida no meio-campo, o tempo parecia ter os ingredientes certos para dominar o jogo. No ataque, Edvan e o temido Cicinho "O Bode" formaram uma dupla implacável, prontos para desfazer qualquer resistência.
No entanto, o Ceres, embora técnico inferior em alguns aspectos, trouxe um gramado uma combinação letal de estratégia, disciplina defensiva e, acima de tudo, resiliência. Desde o apito inicial, a equipe de São Gonçalo mostrou-se pronta para travar uma batalha de nervos e desgaste. A defesa, liderada pelo goleiro Elzimar, projetando uma verdadeira muralha, bloqueando as investidas do Náutico. Elzimar, em uma atuação digna de ser lembrada por décadas, parecia imbatível. Cada ataque do Náutico, cada rampa, cada tentativa de infiltração foi frustrada por defesas espetaculares, que mantiveram o placar inalterado e fizeram crescer a impaciência da equipe alvirrubra.
No meio-campo, Beré e Osmar controlavam o ritmo, ora cadenciando o jogo, ora acelerando com passes precisos. A dupla, serena e com uma leitura tática afiada, desarmava o Náutico, retirando-lhe o conforto que tanto buscava para desenvolver seu futebol. E foi justamente Osmar, com sua visão de jogo apurada e um toque de genialidade, que decidiu o destino da partida.
Já nos minutos finais do confronto, quando muitos acreditaram que a prorrogação seria o desfecho concluído, um lampejo de categoria mudou tudo. Em uma lança que parecia rotineira, mas que tinha enorme qualidade técnica, Osmar aparecia como o maestro. Com um toque sutil e preciso, encontrou uma brecha na defesa adversária e colocou a bola no fundo das redes. O gol, quase aos 45 minutos do segundo tempo, trouxe uma redenção para o Ceres e desmoronou as esperanças do Náutico.
A equipe de Chico dos Ovos, dirigente alvirrubro, não aceitou o resultado facilmente. Alegando um erro de direito, levou a questão à Justiça Desportiva da Liga Sousense de Futebol (LSF), tentando anular a derrota nos tribunais. No entanto, após uma análise criteriosa, a Federação Paraibana de Futebol ratificou a vitória do Ceres, confirmando a sua vaga na final contra o Independente.
O Ceres, com sua vitória suada e heroica, gravou seu nome na história do futebol sousense e provou que, mesmo diante de um adversário teoricamente superior, a determinação pode ser a chave para o triunfo. E, assim, o distrito de São Gonçalo se preparou para testemunhar sua equipe na grande final daquele ano.