Semifinal célebre: Independente e Estudantes duelam em busca da glória sousense
O ano de 1991, e o Campeonato Sousense vivia um de seus momentos mais acirrados, com o futebol de São Gonçalo conquistando destaque, em parte, pelo impacto do Estádio O Paulão, recentemente inaugurado. O advento desse novo templo do futebol impulsionou a visibilidade esportiva da região, atraindo jogadores talentosos e reforçando as equipes locais. Entre eles, atletas importantes como Wilton Moreno e Júnior, oriundos do futebol cajazeirense, chegaram para fortalecer o promissor Estudantes de João Lopes, enquanto o Ceres, sob o comando de Donato Lopes, contava com nomes de peso como Elzimar, Dudu, Welito e Edilson Barroso.
Ambas as equipes de São Gonçalo se destacaram durante todo o torneio, classificando-se para as semifinais. O Ceres enfrentaria o Náutico tradicional, enquanto os Estudantes teriam pela frente o temido Independente, equipe experiente e sólida. Foi justamente nesse confronto entre Estudantes e Independentes que o Campeonato Sousense viveu um dos seus episódios mais marcantes.
O Duelo no Paulão
A primeira partida entre Estudantes e Independentes foi realizada no Paulão, com as torcidas divididas e o estádio lotado. O confronto foi acirrado, marcado pela força defensiva de ambos os tempos e pelas oportunidades frustradas de gol. O empate no tempo regulamentar selou o destino daquele encontro, tomando a decisão para um novo jogo, agora no Estádio Antônio Mariz, em Sousa.
O Jogo dos Pênaltis Infinitos
Sousa aguardava ansiosamente pelo confronto decisivo, realizado em um estádio que, apesar de envelhecido, ainda exalava a aura dos grandes clássicos sousenses. O jogo, como de fantasia, começou às 16 horas, e novamente as equipes não conseguiram se superar durante os 90 minutos, encerrando o tempo normal com o placar inalterado. A vaga para a grande final seria decidida nos pênaltis.
Mas o que aconteceu a seguir tornou-se essa semifinal inesquecível. As cobranças de pênalti, normalmente tensas e decisivas, se transformaram em um espetáculo inusitado: ninguém errou. Um a um, os jogadores de Estudantes e Independentes acertavam suas cobranças com precisão implacável, enquanto o público assistia perplexo. Os arqueiros não têm chance contra a frieza dos batedores. As séries de trapaças continuavam, e, por mais que o placar se juntoasse, ninguém desperdiçasse.
O julgado, sem saber como lidar com a situação, consultou a direção da competição, e, numa decisão inédita, as cobranças foram suspensas. O destino da vaga não poderia ser decidido daquela maneira inusitada. Um terceiro confronto seria necessário, agora em campo neutro, e Cajazeiras foi a cidade escolhida para sediar o jogo decisivo, no emblemático Estádio Perpetão.
A Batalha no Perpetão
No sábado, 3 de agosto de 1991, caravanas recebidas de Sousa e São Gonçalo invadiram a cidade de Cajazeiras. O Perpetão, palco de tantos grandes jogos da região, recebeu um público expressivo, com as torcidas de ambos os lados prontas para torcer com paixão. Os cajazeirenses, em sua maioria, optaram por apoiar os Estudantes, impulsionados pela presença de Wilton Moreno, um de seus filhos ilustres.
O Estudante, jovem e aguerrido, jogava com intensidade, dominando as ações iniciais e criando várias chances de gol. A torcida vibrava a cada jogo, acreditando que a vaga na final estava cada vez mais próxima. Contudo, a experiência do Independente tinha em seu artilheiro Cicinho a arma perfeita para resolver o confronto.
A Vitória do Independente
Cicinho, o maior goleador do campeonato, mostrou mais uma vez porque era temido pelos defensores adversários. Com dois gols decisivos, ele liderou o Independente a uma vitória épica por 2 a 1. O primeiro gol veio em um trabalho trabalhado com precisão, e o segundo, em um contra-ataque mortal, pegando a defesa dos Estudantes de surpresa. O Estudantes ainda conseguiu marcar com um belo gol de Deodato, mas não foi o suficiente para mudar o destino da partida.
Ao apito final, o Independente se classificou para a grande final, deixando o valente time de São Gonçalo pelo caminho. A torcida do Independente comemorou a vitória merecida, enquanto os torcedores do Estudantes aplaudiram a bravura de seus jovens atletas, que progrediram muito naquele campeonato.
A semifinal de 1991, marcada pelos pênaltis intermináveis e pela vitória suada no Perpetão, entrou para a história como uma das maiores batalhas do futebol sousense. Os Estudantes, apesar da eliminação, saíram de cabeça erguida, cientes de que havia lutado até o último minuto, enquanto o Independente segue em busca do título máximo da temporada.