Ceres F.C. 1 x 1 Botafogo de Cajazeiras: um combate histórico em São Gonçalo
O dia 1º de maio de 1974 ficará eternamente gravado nas páginas do futebol são-gonçalense. Foi nesse dia que o Ceres Futebol Clube, de São Gonçalo, enfrentou o poderoso Botafogo Futebol Clube de Cajazeiras, em um amistoso que seria lembrado como um dos maiores espetáculos já presenciados pela comunidade. Sob o olhar atento de uma multidão de torcedores locais, que lotaram o campo do acampamento, o Ceres conquistou um empate heroico contra uma equipe profissional, de grande expressão no cenário estadual, que disputava o Campeonato Paraibano daquele ano com uma campanha de destaque.
Desde o apito inicial, o nível elevado do confronto era evidente. O Botafogo de Cajazeiras, em sua melhor forma e com o time titular completo, mostrou rapidamente o porquê de ser um dos favoritos no campeonato. Entre os destaques da equipe, sobressaía-se Zamba, um dos maiores talentos do futebol paraibano, recém-chegado de uma temporada no futebol francês. Em um dos lances mais emocionantes da partida, ele dominou a bola no peito com a habitual elegância, próximo à entrada da área, e emendou um magnífico chute de sem-pulo. A bola explodiu no travessão do Ceres com tamanha força que arrancou aplausos até dos torcedores adversários. O impacto foi tão intenso que a bola, ao bater na trave, percorreu grande parte do campo, retornando próxima à linha do meio.
O primeiro tempo foi de grande equilíbrio. Ambas as equipes criaram boas jogadas, mas as defesas se sobressaíram. O goleiro Laércio Dias, do Ceres, brilhou com defesas seguras, enquanto Marcone, do Botafogo, também demonstrou sua qualidade, mantendo o placar zerado até o intervalo.
No segundo tempo, o panorama mudou. O Ceres retornou mais ofensivo, impulsionado pela energia de sua torcida. Mas aos 15 minutos, o zagueiro Deta tentou recuar uma bola para o seu goleiro, porém o o oportunista atacante Fuba, que vinha em alta velocidade, alcançou a bola antes e não desperdiçou a chance, colocando o alvinegro de Cajazeiras à frente no placar.
Longe de desanimar, o Ceres respondeu com vigor. O Botafogo recuou, tentando administrar a vantagem, mas o time da casa, com sua torcida fervorosa, partiu para o ataque com determinação. Chico Antunes, em uma de suas jogadas mais inspiradas, driblou dois marcadores e encontrou Bastião do Coco, que, com um chute preciso no ângulo, marcou o gol de empate, levando os torcedores ao delírio.
Nos minutos finais, o Ceres era todo pressão, junto com sua eufórica torcida, em busca da virada. Luizinho da Ancar e Alberto Antunes criaram boas chances, mas a experiência do Botafogo prevaleceu. O time visitante segurou o empate por 1 a 1, mas o placar foi o de menos. O espetáculo em campo, a garra dos jogadores e a emoção que tomava conta de todos os presentes fizeram daquele jogo uma lembrança inesquecível.
Para muitos, aquele foi o jogo mais empolgante já realizado em São Gonçalo, um verdadeiro épico que provou a força do futebol amador do sertão. O Ceres, com sua dedicação e talento, saiu de campo aclamado, tendo conquistado não apenas um resultado, mas o respeito de todos os que presenciaram aquela tarde histórica.