Chico Antunes brilha e o Ceres vence o Campeão Sousense no jogo das faixas

Em um domingo ensolarado e festivo, no bairro das Areias, o cenário estava pronto para a grande celebração do título do Fluminense de Sebastião de Neto, que havia conquistado o campeonato sousense de 1976. Após uma longa e acirrada competição, o "Tricolor das Areias" foi coroado campeão graças ao regulamento que, após dois empates com o América, lhe conferiu o título. A cidade estava em festa, e para abrilhantar ainda mais o momento, o presidente Sebastião de Neto convidou o Ceres de São Gonçalo para participar do aguardado “jogo das faixas”, aquele que consagraria oficialmente o Fluminense como campeão.

O que ninguém esperava, porém, era que o convidado da festa se tornasse o verdadeiro protagonista do evento. O Ceres, um time tradicional e respeitado na região, entrou em campo sem cerimônias e, com uma exibição magistral, carimbou as faixas do Fluminense ao vencer por 3 a 1, em plena casa do campeão. A vitória foi comandada pelo veterano e ídolo de São Gonçalo, Chico Antunes, que, com dois gols, garantiu que o nome do Ceres fosse lembrado naquele que seria um dia de glória para o Fluminense.

A Trajetória do Fluminense até o Título

O Fluminense vinha de uma campanha consistente ao longo da década de 1970. A competição de 1975 só foi concluída em junho de 1976, fato comum naquela época, quando os torneios locais se estendiam por meses devido às limitações estruturais e à organização esportiva amadora. Na final, após dois empates com o América, o regulamento proclamou o Fluminense como campeão por ter tido a melhor campanha geral. Mesmo com contestações de alguns adversários, o tricolor não quis saber e comemorou o título, consagrando-se como o melhor time da cidade.

No elenco, o Fluminense contava com jogadores talentosos e conhecidos na região, como o goleiro Barrala, os zagueiros Teíno e Didi da SOCIC, e o lateral Moura. O cérebro do time era Pedrinho de Chico de Pedro, um jogador habilidoso e inteligente, cujos passes milimétricos deixavam os atacantes Sales e Nery em ótimas condições para marcar. Completavam o elenco do campeão: Renê Elias, Chiquinho Cicupira, Raimundo, Gildário, Zenilton, Sales e Nery. Era um time forte, com jogadores técnicos e disciplinados, o que só aumentava a expectativa para o jogo das faixas.

O Confronto Inesperado

No segundo domingo após a conquista, tudo estava pronto para a celebração do título. Faixas preparadas, torcida empolgada e o Fluminense em campo para mais uma exibição de gala. Mas o presidente Sebastião de Neto, inadvertidamente, escolheu o adversário errado para a festa. O Ceres, apesar de ser um time visitante, jogou com a autoridade de quem não temia enfrentar o campeão.

O jogo começou equilibrado, com o Fluminense tentando se impor, mas o Ceres logo mostrou suas credenciais. Liderados por Chico Antunes, o time de São Gonçalo aproveitou as brechas na defesa adversária e, ainda no primeiro tempo, Chico abriu o placar. O Fluminense tentou reagir, com Pedrinho organizando as jogadas, mas a defesa do Ceres, comandada por Inaldo Dantas e Deta de Torreiro, neutralizava as investidas do ataque tricolor.

No segundo tempo, Chico Antunes marcou mais um, ampliando para 2 a 0. O Fluminense até conseguiu diminuir com um gol de Pedrinho, mas a reação parou por aí. Nos minutos finais, Luizinho da Ancar fechou o placar em 3 a 1, consolidando a vitória do Ceres e carimbando de vez as faixas do campeão.

O Legado do Jogo das Faixas

A derrota do Fluminense em sua própria festa não apagou o brilho da campanha vitoriosa, mas marcou a memória esportiva de Sousa. O Ceres, com sua atuação impecável, mostrou que títulos não intimidam quem joga com paixão e confiança. Para os jogadores de São Gonçalo, aquela vitória representou mais do que uma simples partida; foi uma demonstração de que o futebol amador do sertão paraibano estava vivo, pulsante e cheio de surpresas.

Sebastião de Neto, mesmo vendo sua equipe derrotada, reconheceu a superioridade do adversário naquela tarde. O Fluminense seguiu como o grande campeão sousense de 1976, mas o Ceres, com sua vitória memorável, conquistou o respeito e a admiração de todos os presentes naquele domingo histórico.

E assim, o “Tricolor das Areias” pode até ter levantado a taça, mas quem realmente brilhou no “jogo das faixas” foi o Ceres de São Gonçalo, com Chico Antunes eternizando seu nome em mais uma página gloriosa do futebol sertanejo.

Josemar Alves
Enviado por Josemar Alves em 20/09/2024
Reeditado em 20/09/2024
Código do texto: T8155677
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