"REMOENDO" O PASSADO... MAIS 1 VEZ !!!
"REMOENDO" O PASSADO... MAIS 1 VEZ !!!
"Sempre haverá PONTAS SOLTAS, o
importante é (...) as AMARRAR e solu-
cionar os problemas que se apresenta-
rem. O ideal e o REAL andam bastante
distantes entre si. É assim !
LIBRA (horóscopo) de 15/08/24, in jornal
AMAZÔNIA, Belém, PA (sem autor)
Uma amiga virtual recente reclama (quase protesta) que meus textos de 15 anos atrás e os atuais são "iguais"... e tem razão ! Considerando que "larguei a Capoeira" de Belém em 1993 -- isso, sem nela ter sequer "entrado" -- só posso falar daquele ingrato período ou penoso momento do Passado. E, pior, citar "as mesmas pessoas" quase sempre ! Me lembro de um desengonçado "mestre", com placa na principal avenida da Capital, declarando-se "mestre de maculelê, de puxada de rede" (?!) além, é claro, de Regional e ANGOLA". Em 1990 NINGUÉM falava em (ensino de) Angola, exceto ele ! O que se fazia "como Angola" -- no país inteiro -- era a suposta Regional de me. Bimba, só que mais lenta... a Angola vista hoje surgiria em Belém somente com a vinda em 1992/93 de mestre "Índio" e seu treinel "Carimbó", que aqui ficou. Alguns universitários afoitos iniciariam um núcleo noturno no espaço externo de um setor da sua entidade-mor, porém com professores locais de Capoeira, exceto "Bira do Marajó", vez ou outra, este de passagem por Belém.
Alguém discute sobre o conhecimento de "Bira", com estágios de Angola na França e Holanda, salvo engano ?! Fora ele, tinha ainda o "João Mineiro", de Icoaraci (adiante, "PÊLO"), que sequer ensinava "a verdadeira Angola", seja lá o que o termo signifique. João ganharia "2 cordas" num mesmo evento (ou "Batizado"), "obra" de um dos mais "controversos" -- eu ía dizer... funestos -- mestres que a Capital viu surgir. O gajo esteve por lá em (maio? junho?) 1994 (num certo projeto "Riacho Doce") com registro de página inteira em O Liberal e que dizia conter 206 ou 416 alunos, a memória já não me ajuda.
Retornaria ao mesmo local pouco depois, em meados de 1997, criando lá "3 Grupos", todos DE ANGOLA... não imagino que "tipo" de Angola. Os 2 famosos "repetiam" aqui a trajetória de dois baianos ilustres de meio século antes, a disputar espaços (?!), com os tais universitários negando a presença lá de 1 deles -- "ficou umas 2 semanas", segundo texto de "projeto escolar" de 2010 (por aí) -- e sendo palco dos vexames e das glórias (use aspas, quem quiser) que a Capoeira local vivenciou ali desde... 1981 !
-- '"O quê ?! Isto é um ABSURDO" !!!, dirão todos.
EU "VI", ninguém me contou, EU LI num jornal na casa de um deles... "trocaram chineladas" num suposto torneio feito lá na época. Corri ao CENTUR para conseguir uma cópia daquele "doc" histórico, de 15, 16 ou 18 de novembro de 1981, no extinto jornal "Folha do Norte" (talvez no "A PROVÍNCIA DO PARÁ", não dá pra lembrar mais.) A página "SUMIRA" daquele exemplar... mas certamente estará em outras bibliotecas de Belém. A poderosa universidade seria cenário -- com um e com o outro -- de tantas outras "novidades" e surpresas, sempre sob o discurso de "eu sou o primeiro, o PIONEIRO" !
Mais de 30 anos depois, essa "sanha" de "primeirismo" volta, agora tendo a mim "no meio" da estória ! PRIMEIROS são superados, serão sempre; já os MELHORES -- um DA VINCI, por exemplo -- resistem por décadas, por séculos até. O jovem genial Michelângelo, aluno dele, o "combateu", tomou-lhe contratos régios, "passou-lhe a perna" em vários momentos e o Mundo só fala em... Leonardo !
Dos tempos das "baratinhas" temos o intrépido Juan Manoel FÂNGIO, nos anos 1940/50. Na era moderna, no Brasil, Émerson Fittipaldi e Airton Senna inscreveram-se como os MELHORES (ao lado de um Schumacher) e continuam insuperáveis. Em Belém, até há pouco tempo "não havia Capoeira" (?!) quando um deles chegou, mais 1 "pioneiro"... agora, temos depoimentos do próprio (em videoclips) reconhecendo (?!) que encontrou um "capoeira" aqui e este se tornou "seu PRIMEIRO aluno" ! Mas, afinal, QUANDO realmente ele chegou em Belém ?! Alguém sabe ? Em março de 1989 entrevistei os dois (com 1 deles o fiz também em 17/nov. de 1987, no SESC-Doca, tendo "Zumbi" ao lado) e seus depoimentos foram tão inacreditáveis que me vi "obrigado" A PESQUISAR suas vidas. Um, mal chegou em Belém, abriu 3 locais de ensino no mesmo semestre ! (Quem o conheceu, sabe que isso "virou costume" na vida dele !) Era pouco: também exercia massoterapia (?!) e dava aulas numa academia de polícia civil "do outro lado da baía", se Belém tivesse uma ! Porém, em 1976/77 não havia pontes pra lá, apenas 1 barco diário que voltava na manhã seguinte, salvo engano meu. Pior: "disputava" alunos... com o outro ! Segundo ele, S. Nazaré "vivia na janela" do local onde dava aulas e um certo Adauto fôra seu discípulo. Suponho que a fita onde os gravei não exista mais ! Isso possibilita que algum fã(nático) me desminta.
Voltemos ao tema PRIMEIROS... o "primeirão" lá do início do texto -- seria "tri-mestre" ou "quadri-mestre", chisteia meu irmão -- continua fazendo sucesso (?!), sendo bajulado e aplaudido nas Rodas embora os vídeos atuais demonstrem que, de 1990 para cá, pouco ou nada aprendeu... nem de uma, nem da outra !
Livreto encontrado em "lixão" exibe perto de 1600 "primeiros", (*1) mas o termo é impróprio e tem muita bobagem pelo meio: cita o francês que pulou com 2 guarda-chuvas da janela de uma mansão ("paraquedas", diz o texto) em 1783 (pag 208). Já o túnel de 14 km e 920 metros atravessando os Alpes suíços (1882) precisa "de um segundo", para não ser o ÚNICO. Mesmo com outro na região (ou na Europa inteira) corre o risco de "ser menor" que o seu sucessor. Aliás, já é menor que o que liga por debaixo do mar (*2) Paris a Londres. (pag 238)
Há PRIMEIROS que ninguém quer ser: a) o primeiro a ser guilhotinado em Paris, o bandido salteador Nicolau Pelletrin, em 1792 (pag 227); b) o primeiro mártir da Ordem dos Capuchinhos, em 1622 (pag 45) ou c) a notável aviadora AMÉLIA EAHART, que cruzou de avião os Oceanos por 2 vezes e "sumiu" na terceira viagem. (pag. 238) Certamente ninguém quer ser o PRIMEIRO TRAIDOR da História (do Brasil, no caso): Domingos F. Calabar, que desertou em abril de 1632 e passou pro lado dos holandeses. Foi enforcado em 1635 ! (pag 65) Há primeiros "sem segundos", como o indiozinho tupinambá que foi levado em 1600 e tal para a França ou o menino W. Amadeus MOZART, que já compunha para piano e violino aos 4 anos, em 1760 (pag 196) e há "segundos" que nem se importam caso o "primeiro" seja o titular de um "BOLÃO" premiado da MegaSena de Natal.
Nesse momento estou às voltas com uma Mestra que quer ser a PRIMEIRA do Rio, talvez aqui de Belém (*3) e até DO BRASIL... ela poderia ser "do Século XX", porque a "primeira" do Século 21 já tem nome: mestra "NOA" ! Vejam no YouTube o vídeo "Jogos da mestra NOA" e tirem suas conclusões:
https://youtu.be/x_FQ-DI4KhU?si=CiV1EcrAXaRCWrsO
Enquanto o nome maior da Capoeira paraoara não parece saber EM QUE ANO "aportou" em Belém, a moçoila "bate o martelo": "ele estava aqui em setembro de 1970" ! Ela o viu em Rodas DE RUA... meu irmão, junto com me. Laíca, Brás, Nelson Guedes, mestre "Rái" e seu irmão Nonato, entre outros fez Rodas dominicais na Praça da República entre 1988 e 94/95 e o sujeito só apareceu lá 2 vezes: nos dias de "apresentação" da recém-inaugurada Federação, em 1994. Mas nos tenebrosos anos 70 da Ditadura a Capoeira NAS RUAS era proibida, impedida, perseguida... me. "Laíca" me conta que em 1981 a PM punha os "capoeiras" pra correr da Praça da República com sua Cavalaria !
Num livreto interessante, "Alegria da Capoeira", o real mestre da moça a chama de "aluna de Volta Redonda" (pag 29) e, embora a revista seja de 1988/89, não a cita como MESTRA, feita (segundo ela) em 1980. (*4) Nos textos ele afirma que... "parou em 1973, VOLTOU POR UNS 3 ANOS, parou de novo (pag 35) para viajar pelo país, retornando apenas em... 1988". As datas "não coincidem" ! De acordo com a revista "CONEXÕES", ela seria somente a terceira, vindo após as mestras "Tonha Rolo do Mar" e "Sandrinha", isto sem considerar 19 ou 20 Estados da época, anos 70.
FIM DA LINHA: tem muitos "fios soltos" nesse "novelo" e há um bocado de gente que mal conheceu as figuras citadas -- a carapuça me cabe, porém sobram "candidatos" a ela -- REESCREVENDO (?!) a "biografia" de seus ídolos, sem se importar com FATOS e muito menos com o "perfil" dos retratados. Coitados dos pesquisadores: nada "casa", quase nada faz sentido ou tem alguma LÓGICA, contudo ninguém recua de suas declarações. É o "FEBEAPÁ" da Capoeira... "e la nave va" !
"NATO" AZEVEDO (em 15/agosto de 2024, 11hs)
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OBS: (*1) - trecho do livreto "OS "PRIMEIROS" DO MUNDO, de M .J Matheus, edit. EDIOURO, de 1965, RJ-GB.
(*2) - passados 100 anos o túnel suíço findou em 4º lugar, talvez mais. Mestre "GUARÁ", "chez Paris", me informa que o "EuroTúnel LE MANCHE" tem 50 km e 450 metros, com quase 38 km sob as águas. É superado pelo do Japão, cujo Túnel "Seikai" tem 53 km e 850 metros... em primeiro lugar vem o Túnel São Gotardo, com 57 km. (Merci, mon ami !)
(*3) - em meados de 1991 conheci a primeira "mestra" de Belém. Estava eu no Ver-o-Peso quando me tocam o ombro. Uma jovem baixinha, sorrindo, pergunta:
-- "Lembra-se de mim" ?! (Não lembrava !)
-- "Sou a Mestra NAZARÉ, do SESC" !
Lembrei à custo, quase não comparecia aos treinos, entre fins de 1988 até o início de 1990, quando lá frequentei, aos sábados, vez ou outra.
(*4) - segundo a revista "CONEXÕES" (vol. 21, SP, 2024) que pesquisou sobre 296 mestras, a carioca "Sandrinha" seria Mestra desde os anos 70, tendo sido citada na revista de Artes Marciais "DÔ" (da EBAL, RJ) nº 10, de 1979, em artigo com o título de... "MESTRA SANDRINHA: a mulher na roda de Capoeira". (pags. 22-25)
Esse "debate" perdeu quase todo o sentido: em msg (trecho de futuro livro) a honorável senhora admite "ser a primeira Mestra... DA BAHIA'" e, por ser carioca, provocou protestos na região. Como documento oficial ela tem seu registro de Mestra na CBP desde 1986. Com a FPC - fed. Paulista de Capoeira criada em 1974 e a do Rio (FCERJ) em 1984, o cadastro na CBP faz pouco sentido.
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(abaixo, trecho inicial da tese publicada na revista "CONEXÕES":)
RESULTADOS E DISCUSSÃO - De um total de 296 mestras de capoeira, que estão espalhadas pelo Brasil e fora dele, foi possível identificar três mestras, como possíveis pioneiras, quais sejam: Tonha Rolo do Mar, Sandrinha e Cigana. A Mestra Tonha Rolo do Mar (in memoriam) ensinou o Mestre Cobrinha Verde a jogar a navalha no cordão, nas mãos e nos pés, em Santo Amaro (BA), mudou-se para o bairro do Tomba, em Feira de Santana (BA), e não há mais notícias sobre ela; a Mestra Sandrinha nascida em 1959, no Rio de Janeiro (RJ), lecionou no Grupo Bantus de Capoeira, fundado pelo Mestre Roque, e participou de shows com o Grupo Sabata, foi reconhecida mestra na década de 1970. Já a Mestra Cigana, Fátima Colombiano, nasceu em 1956 em Volta Redonda (RJ). Ela iniciou na capoeira em 1970, no estado do Pará, com o Mestre Bezerra; cinco anos depois, conheceu o Mestre Canjiquinha em São Paulo, e foi para Salvador (BA) treinar com ele, sendo consagrada mestra em 1980. Ela é responsável pela Associação de Mestre Canjiquinha em Volta Redonda e pela formação das Mestras Luana e Arara em seu estado natal. Considerações finais: As mestras têm colaborado para a manutenção da capoeira e têm conquistado seus espaços dentro e fora dessa manifestação cultural. (revista "CONEXÕES", vol 21, 2023/24 - Univ. Estadual de CAMPINAS. SP) *** (continua, etc)