O Ceres F. C. e o massacre no Paulão

Era uma vez, no distante ano de 1999, quando um grupo de intrépidos boleiros de Sousa-PB, mais precisamente do Jardim Sorrilândia I, decidiu que estavam prontos para conquistar o mundo — ou, pelo menos, os campos de pelada da região. Após meses suando a camisa no mítico (e improvisado) campo da Comunidade Cigana, no Jardim Sorrilândia III, onde a linha do meio de campo era mais teórica do que prática, esses heróis da várzea finalmente reuniram onze jogadores de cada lado. E com o time completo, pensaram: “Por que não agendar uma partida contra uma equipe de São Gonçalo? Estamos prontos para desafios maiores!”

O que eles não sabiam, ou convenientemente ignoraram no calor do momento, era que “São Gonçalo” também abrigava uma das equipes mais temidas da região: o Ceres F. C. Claro, o Combinado de Sousa não conhecia muito bem o adversário, mas quem precisa de informações quando se tem esperança e uma chuteira de segunda mão? Assim, agendaram o confronto, provavelmente pensando que seria apenas mais uma pelada, como as que aconteciam entre as cercas enferrujadas do bairro. Eles apenas não esperavam que estavam indo de peito aberto para o que seria uma verdadeira chacina futebolística.

Chega o grande dia. O palco: o estádio "O Paulão", em São Gonçalo-PB. O Ceres F. C., já veterano em campanhas gloriosas, entra em campo com aquele ar de quem está prestes a abrir uma sessão de treinos. Enquanto isso, o Combinado de Sousa chegava animado, como se fossem guerreiros em missão, mal imaginando que estavam prestes a enfrentar algo mais parecido com um rolo compressor do que um time de futebol.

O jogo começa. Em questão de minutos, fica claro que as metas do Combinado de Sousa e do Ceres F. C. estavam em dimensões diferentes — enquanto o Combinado tentava jogar, o Ceres simplesmente destruía. A bola parecia ter ímã nos pés dos jogadores do Ceres, e cada chute deles era como se fosse enviado por encomenda expressa ao gol de Sousa. O placar foi subindo de forma tão acelerada que, por volta do sétimo gol, os jogadores do Combinado já começavam a pedir para o árbitro conferir se não tinha algum buraco negro no campo sugando as chances deles.

No final, o placar cravou impressionantes 11 a 0 para o Ceres. O Combinado de Sousa saiu do campo com o orgulho ferido, mas com uma lição aprendida: nunca subestime o poder de um erro de agendamento. Afinal, voar alto é bom, mas é importante checar a previsão do tempo antes de decolar — especialmente quando você pode acabar sendo atingido por uma tempestade de gols.

Josemar Alves
Enviado por Josemar Alves em 11/09/2024
Reeditado em 21/09/2024
Código do texto: T8148886
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