"Santos rebaixado"

Ontem, certamente o torcedor santista testemunhou a página mais triste de toda a sua história. Diante de uma Vila Belmiro lotada, o Santos sucumbiu ao Fortaleza pelo placar de 2x1, quando o clube dependia apenas de suas próprias forças para escapar da degola. O problema é que em meio a tanta limitação técnica, depender das próprias forças não era um alento, mas sim uma preocupação gigantesca. Ainda assim, se o Bahia não vencesse o Atlético mineiro na boa terra, o peixe se manteria na primeira divisão. Não aconteceu: os baianos atropelaram os mineiros por 4x1, além do Vasco ter vencido o Bragantino em São Januário.

Diante de uma total desorganização fora do campo, dificuldades financeiras, troca de técnicos, ficava difícil esperar um resultado diferente, a não ser que os adversários fossem ainda mais incompetentes que o peixe. Não foram. A última rodada foi crucial para sacramentar o descenso, inédito na história de um clube tão vencedor, sendo que o fato foi noticiado em vários veículos internacionais da imprensa esportiva.

Enquanto torcedor, logicamente lamento o desfecho ruim, ainda que ele fosse esperado. Não há como esconder a tristeza, e por que não a vergonha pela situação até então desconhecida pelo alvinegro praiano. Tenho uma opinião formada e ela recai principalmente aos gestores do clube. Quanto aos jogadores, fizeram o que puderam, os mesmos são limitados tecnicamente e compunham o fraco plantel exatamente pelo fato de os dirigentes do clube terem feito um péssimo planejamento, que culminou no temido rebaixamento.

As zoeiras dos torcedores rivais fazem parte do mundo futebolístico, e é claro, se a situação fosse inversa, logicamente exerceria meu direito de tripudiar. É do jogo, é sadio, desde que não existam ofensas e agressões. Saber perder é fundamental, tanto no futebol, quanto na vida.

Dizer que a maior parte da torcida santista não merecia o "presente" de fim de ano dado pelos cartolas do clube é correto. O mesmo não se aplica aos maus perdedores que depredaram e indenciaram veículos em Santos. Se perder, perdeu, paciência!

Resta aos novos gestores que assumirem o clube ano que vem tentarem colar os cacos do estrago deixado pelos atuais dirigentes. O planejamento precisa ser equilibrado, sem mirabolâncias financeiras incompatíveis com a realidade do clube, que deixariam-no num rombo ainda pior. Não adianta priorizar a volta à série A a qualquer custo, através de empréstimos e irresponsabilidades deficitárias. Tal manobra até poderia trazer o clube de volta à elite do futebol brasileiro, mas de forma inconsistente, num possível e frequente flerte com a série B.

Ano que vem, o Santos certamente não mandará seus jogos na Vila Belmiro, que será finalmente reconstruída e modernizada. Porém, isso é um outro grande dificultador para o retorno à primeira divisão do campeonato brasileiro. Não será fácil, a não ser que a frutífera categoria de base traga boas surpresas em meio a um cenário tão caótico, que os incompetentes dirigentes santistas fizeram por merecê-lo. O maior ícone da história do Santos, o Rei Pelé, felizmente não está entre nós para testemunhar tal vexame, incondizente com o legado deixado por uma história de craques, conquistas e vitórias. Paciência, resiliência, e Santos, sempre Santos!

* O Eldoradense