SEGUNDA LIÇÃO DA COPA

 

 

Espanha goleia Costa Rica:  7  X  0.

Estreia na Copa do Mundo em Qatar:  23/11/2022.

Que vexame, não?!...

"Quem não pode com o pote não pega na rodilha!"  -  Diria um peladeiro nordestino.

Que diabo foram esses pernas-de-pau fazer nos lindos gramados do Qatar?!...  Passear?!... 

É...  A Costa Rica levou um "passeio" da Espanha.  Entrou em campo para ver a seleção adversária jogar...  jogar sozinha.

Seu jogador de maior destaque foi o pobre goleiro - Keylor Navas -, que muito se espichou para somente deixar passar sete vezes a bola para suas redes, claro, das inúmeras chutadas pelos craques espanhóis.

É bom que se diga que o costa-riquenho Navas, convocado para a seleção do seu país, é o exímio goleiro do  Paris Saint Germain, um time francês de destaque em toda a Europa.  Todavia:

"Uma andorinha só, não faz verão!"

Pior é que uma desgraça maior esperava a Costa Rica no próximo jogo da tabela, em 27/11/2022.  Seu próximo adversário - ou melhor: seu próximo algoz, o Japão -, naquele mesmo dia, derrotava a seleção favorita ao título, Alemanha, pelo placar de 2 x 1.

Prevendo uma goleada maior, qualquer outro time seria capaz de desistir da competição.  Com certeza, a maior das goleadas ficaria registrada na história de todas as Copas do Mundo.

Pernas trêmulas?!...  E pernas de pau tremem???!!!...  Voltariam antecipadamente para casa?!...

N Ã O ! ! ! . . .  Os costa-riquenhos não se entregam fácil, não!...

A seleção de Costa Rica logo apagou da memória a vergonhosa perda.  Concentrou-se, analisou os seus erros, sopesou e treinou possíveis acertos, buscou o equilíbrio emocional que sempre resulta de um bom trabalho de equipe e, com certeza orientada psicologicamente por seus técnicos, estufou o peito para enfrentar o seu mais temido Golias, a imbatível seleção do Japão.

Entrou em campo pela segunda vez nesta Copa, sem dúvida alguma, inteiramente desacreditada.

Alguém, entretanto, parece ter ensinado aos jogadores o sambinha de Elza Soares:

"Um homem de moral não fica no chão.  Reconhece a queda mas não desanima.  Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima"...

O samba lembrava Elza, que lembrou Garrincha.  Parecia que ele entrara em campo ao  primeiro apito do juiz. Pra Garrincha, nosso craque conhecido mundialmente, futebol não tinha pátria, tinha plateia.

Mas a plateia estava triste, já prevendo a enorme "surra", que, graças a Deus, não aconteceu.

O Japão atacava.  A Costa Rica se defendia e - aqui, ali - contra-atacava.

Aos 35 minutos do segundo tempo, o inesperado acontece.  O lateral direita da Costa Rica, Fuller, dribla a defesa japonesa e faz o seu gol patriótico.

O gol da força de vontade.  O gol de quem acredita no seu potencial.  O gol que abafou a zombaria e a ridicularidade a que a seleção de um país estava exposta.  o um a zero que derrotou a seleção que havia derrotado a outra seleção, diga-se de passagem, favorita.  O gol da solidariedade de uma equipe que soube perder e, humilde e resignadamente, se preparou para ganhar.  O gol comportamental da superação, por sinal, até agora, o que propiciou a única derrota do Japão nesta Copa.

Esse exemplo pode e deve ser lembrado em qualquer situação em que o indivíduo ou o seu grupo se encontre (m) num barco à deriva.  As águas rolam, mas tudo vai passar.

Upa!...  Um exemplo bem recente. Um jovem naquele mesmo dia encarava as provas do ENEM.  Antes inseguro, buscou coragem em si mesmo e, no final, se saíu maravilhosamente bem.

Ufa!...  Mais um exemplo.  Assisti ao jogo junto ao leito hospitalar de uma pessoa de minha estima.  Apenas comentei a derrota sofrida pela Costa Rica quatro dias antes.  Ela considerou que a superação ocorrida a reanimara.  Que bom!... Começou a acreditar firmemente em si e na sua recuperação.

Ah, quão forte nós somos e, nalgumas vezes, nem acreditamos!...

Avante, costa-riquenhos de todas as Copas, de todos os campos!... A superação, mesmo a conta-gotas, nos faz alcançar novas marcas!...  Somos todos costa-riquenhos.  

"Diante do impossivel, o possível cresce"  (Pensamento de Chico Pereira, escritor paraibano).

 

Fernando A Freire
Enviado por Fernando A Freire em 03/12/2022
Reeditado em 03/12/2022
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