PSICODELIA CARNAVALIZANTE

PSICODELIA CARNAVALIZANTE

Foi uma noite como poucas, como raramente tive, 3 ou 4 sonhos diferentes, interligados, realíssimos... não sei se é da comida -- um restaurante amigo nos fornece uma "quentinha" todas as noites, cortesia benvinda -- ou se já é o início de uma deterioração cerebral que nos levará, meu irmão e eu, a um "universo paralelo" com apenas o corpo nesse "vale de lágrimas". Espero que não... viver como uma "planta", aéreo para quase tudo, num "mundo particular", não é um Futuro que alguém mereça.

Mas, vamos aos sonhos, supondo que alguém me leia: começa num ônibus lotado, de noite, meu amigo "Zé" -- "camelô" de roupas na feira do bairro do PAAR, a meu lado -- exercendo seu ofício dentro do coletivo. "Pula" para um karaokê em churrascaria suburbana, bastante frequentada... me ofereço para cantar, Martinho da Vila, claro ! Minha música não tem no setlist, me "empurram" outra, da qual só conheço parte. Vexame total, sou "rifado" do evento e me vejo numa rua lamacenta, a empurrar um carrinho de supermercado cheio dos meus escritos, rumo a um "lixão", eu preocupado que alguém os encontre e me leia.

Suprema ironia... na vida real, o que mais quero é ser lido ! E "me assisto" agora, após acordar às 1:40hs para "esvaziar o tanque", no que foi o delírio mais longo dessa noite psicodélica... num estreito corredor cheio de bancos recém-pintados, eu alertando as pessoas que a tinta negra está fresca, vão se sujar ! Ninguém me ouve ! No final do corredor há um salão onde várias pessoas veem na TV um programa qualquer. Surge meu irmão e chamo a atenção dele para um show de carnaval que irá iniciar. Um pierrô ou arlequim desce enorme escadaria de mármore muito enfeitada, bonecos gigantes de espuma (ou cortiça) interligados, fazendo um "corrimão" para o apresentador, cercado de belas mulatas. "Sorteia" numa caixinha que traz na mão a primeira atração, surpreendente: Capoeira feita só por jovens brancas, esguias, roupas colantes pretas cheias de "recortes", sensualíssimas, com uma vareta na mão... como som, um Canto de Angola, gravado suponho, a expressão "Camoraguai" se sobrepondo !

A primeira dupla se desentende "na saída" de "aú" e meu irmão protesta: "Angola NÃO SAI de aú, é tradição isso"! Eu complemento... "se a expressão não vem do Árabe ou é africana, o tal "Camoraguai" é mais uma invencionice" ! (OBS: nosso "tumtum-tá-tum" é nitidamente árabe !) A dupla seguinte -- um casal dessa vez -- nem joga, vai consolar a "dondoca" que levou 1 "pesada" inesperada. Lembra episódio de mestre Bimba diante do governador baiano Juraci Magalhães, nos anos 30:

-- "O que é isso, Mestre" ?!, pergunta estupefato o jovem "Caiçara".

-- "É o meu pé, meu filho" !, responde depois de dar "uma bênção de chão" ou uma "chapa" no desavisado oponente.

Voltemos ao sonho... entram duas guerreiras cheias de disposição, que mulher na Capoeira não é "para brincadeiras". Uma jovem dá bela "varetada" nas costas da outra e aí "o pau quebra" (não a vareta, explico) pra valer entre as 2 ! FIM DO SONHO, são 5:25hs agora... isso dá o que pensar ! Nem a Angola, antes tradicional -- "a la carte" diriam os franceses -- consegue se livrar das INVENCIONICES que os praticantes atuais (mesmo antigos nela) estão a recheá-la ... onde vamos parar ?!

"NATO" AZEVEDO (em 25/set. 2021, 6hs)

***********

OBS: esse jogo de mestre "CHURRASCO", embora criativo e divertido (para êle, pelo menos) pode passar aos menos conhecedores da prática uma mensagem de que "tudo é permitido" na Angola. *** Grandes Mestres Churrasco e Mestre Ratinho na roda do Chafariz.

https://www.youtube.com/watch?v=sAQBHVuLfD8