VAMOS FALAR DE... CAPOEIRA ?!

Teorias, por melhores que sejam, não podem substituir a prática, a experiência real, as sensações e sentimentos que ela produz na alma humana. Portanto, o saber teórico não embasado na prática é PALPITE, para não dizer "embuste", farsa bem encenada. É claro que a observação por longo tempo -- e feita com atenção aos detalhes -- nos traz esclarecimentos que o praticante despretensioso não atinge, não conquista. Ainda assim, quem é DO MEIO deve dar preferência ao praticante tradicional, qualificado, com história... e histórico consistente, trabalho abalizado e que FALA em seu nome.

Qualquer um que está há bastante tempo na Capoeira -- não só de Belém, no Brasil inteiro -- tem noção de quem são os MELHORES, sem mistificações, cuja fama é resultado DE JOGO na Roda, a essência da Capoeira e da construção de seu Grupo por anos e décadas. Quantos nomes, quantos Mestres de Belém, de Castanhal à Icoaraci / Outeiro cabem nessa lista ?! Uns 15, mais de 10 pelo menos, todos aí com suas histórias de construção da Capoeira DO PARÁ... e a quem insistem em ENTREVISTAR ?! A mim, um "teórico barato" que não a pratica desde 1976/77, que nunca ensinou nada a ninguém, que não se viu em Grupo nem em Roda quase nenhuma.

O IPHAN de Belém fez recentemente uma dessas LIVEs monótonas, desinteressantes e, pior, cheia de improvisações que atrapalham o andamento. Vi outras ou com som ruim ou com iluminação deficiente e, sempre, com o mestre "falando para baixo", incômoda forma tanto para êle quanto para nós, espectadores. Voltando a do IPHAN, quem falou por Belém ? O que falou sobre a Capoeira local ? Pode-se ver isso aonde ? Me parece -- é impressão e não certeza -- que o IPHAN local dá ou daria preferência à vertente ANGOLA aqui na Capital, prática de uns poucos, 20% ou menos.

"A Capoeira é uma só"!, teria dito mestre Paulo dos Anjos ! Me interessa desvendar, conhecer as origens da moderna Capoeira praticada em Belém, a partir dos anos 70/80... temos vários Mestres vivos e atuando que se encaixam nessa descrição, muitos com acervo de jornais, de fotos, revistas e fitas VHS, material esse que precisa ser copiado, reproduzido antes que tudo se perca. Esse é o trabalho mais urgente, que o IPHAN deveria abraçar !

LIVEs só são úteis com gente que viveu a Capoeira e que irá questionar (e pressionar) o depoente sobre os mais diversos aspectos dela... LIVE onde o sujeito fala o que quer serve mais para lhe trazer futuros processos (e ao realizador dela) do que para ESCLARECER o Passado desta Arte-Luta. (*1) LIVES "de bajulação", do tipo "Viva meu mestre" podem agradar a grupelhos e aos admiradores da figura -- desagradando a todos os demais -- e são quase inúteis, ao final.

Procurar a mim, quando há tantos Mestres PARA FALAR, é desinformação sobre minha AUSÊNCIA nela, quase a mesma de um certo velho Mestre local, "que passou pela Capoeira mas não a viveu", porque só viajava ! Mesmo assim FALA dela sempre que pode ! Não vivo de fantasias e nem estou "ME ESCONDENDO", conforme me aponta um praticante moderno... existem pelo menos DEZ MESTRES de gabarito na minha frente. Falarei depois deles, se tiver vontade !

"NATO" AZEVEDO (17/julho 2021, 5hs)

OBS: (*1) - ouvi falar de mestres antigos que pediram para APAGAR trechos de seus depoimentos... e nem estavam "AO VIVO", felizmente !