CAPOEIRA ESTEVE AQUI...

CAPOEIRA ESTEVE AQUI...

"Capoeira é pra homem,

menino e mulher... é, é"!

(trecho de "corrido")

Embora essa declaração nos pareça ecumênica, socializante, por muito tempo a Capoeira foi só para homens, homens feitos, adultos, fotos antigas e filmes da época confirmam isto. Já nos anos 70 se introduz nelas crianças, meninos, claro, que o "Clube do Bolinha" sempre foi o ambiente ideal para a Capoeira. Creio que só nos anos 90 a Mulher (?!) -- meninas, nesse caso, a adulta ainda "continua fora"... futebol e Capoeira é "coisa pra macho" -- entraria nela, sem levar muita vantagem. Todavia, não houve preocupação por longo tempo em se criar métodos ou práticas específicos para esse público, o INFANTIL esclareço, já que mulher adulta na Capoeira continua sendo algo raro, ou quase isso. Parece haver um "consenso" em admitir quais são as atividades mais "indicadas" à Mulher... e Capoeira não seria uma delas ! Posso estar errado "no geral", vejo fotos e vídeos atuais em que uns 20% do Grupo ("nem tanto, nem tanto", diria um humorista !) já são mulheres E ADULTAS, isso na vertente Regional, as Angolas todas se mantém "reduto masculino". A "escala" cantada no "corrido" (de mestre João Grande ?!) continua intacta, ao que parece !

Não há um método, um caminho TÉCNICO para o ensino da Capoeira especificamente para crianças... e nem falo em dividí-las por sexo pois meninas em qualquer academia ou Grupo não passam de 10%, duas ou três se tanto. Quando adultas, a proporção se mantém. A Capoeira enquanto brincadeira -- sua vocação natural -- seria ideal para crianças, meninas também, porém o aproveitamento das aulas é pequeno, há um atraso certamente quando misturadas a jovens e adultos. O treino, a prática, acaba por refletir a Vida nesta Sociedade tão injusta e desigual que é o Brasil, onde "levar vantagem" em tudo é o "ideal" a ser perseguido. A "prepotência" implícita do Poder do maior (perna mais longa, mais auto-domínio) sobre o menor se impõe, dificulta ou atrasa a evolução das crianças, entre alunos adultos.

Vi aulas de meu irmão só para crianças, num método de "aprendizado direto" -- sem ginástica ou repetição exaustiva dos mesmos movimentos -- e o aproveitamento do ensino foi ótimo, por igual e permanente, para todos, sem o receio natural que um "pernão" causa a um(a) iniciante.

A parte musical também se ressente de um ensino específico voltado para a criança, principalmente o de berimbau e o de canto com palmas, ação incomum para quase todos. Insisto na confecção de berimbaus MENORES, mais leves, para a garotada (pandeiros, também), mesmo com algum "prejuízo" para o SOM, o natural de cada tipo de cabaça. Gosto do instrumento mas me foi imenso sacrifício, adulto já, aprender a tocá-lo, o dedo "mindinho" doía horrivelmente, poucos minutos depois de iniciar.

Cantar com êle, tocando-o, era suplício -- tem velho mestre que ainda não faz isso direito -- daí mestre "Bimba" contratar (?!) "charangueiros", tocadores exímios. A Capoeira avançou tanto -- desde o longínquo 1973/74, quando por ela me interessei -- e o problema continua: é só PRA HOMEM !

"NATO" AZEVEDO (em 10/julho 2021, 3hs)

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ADENDO AO TEXTO: creio já ter dito tudo o que pretendia sobre a Capoeira, mesmo com incorreções. Sou do tempo do "errando é que se aprende", na Escrita e na Vida e se incentivava a pessoa a agir, mesmo sabendo pouco do assunto ou do esporte. Hoje, me falam "para ler mais", que eu "só vejo o que quero ver" ou ainda que "tenho muito o que aprender" com um rapaz com metade da minha idade e sem ter visto o que vi na Capoeira... os melhores dela, no auge de suas formas técnica e física !

Meus textos estão LIBERADOS para o uso que queiram fazer deles, dinheiro nunca me moveu, porém sem alterações (na Grafia original e nem nos conceitos emitidos) e qualquer discordância ou nota será feita no final de cada texto meu. Tal livro se chamará "CAPOEIRA ESTEVE AQUI...", por influência de um LP de Eric Clapton ("E.C. was here"... de 1970 ?) de rythm' blues, que eu adorava ! A capa "apropriava-se" do Graphitti, arte de rua nascendo naquela época e reproduzia em mim a sensação da expressão tão usada por tantos, em vários momentos: "saí da Capoeira, mas ela não saiu de mim" ! Longe dela faz tempo, creio que nunca ela se fez tão presente !

Encerro meus "rabiscos" sobre Capoeira, literalmente PICHAÇÕES quase sempre, com a certeza de que me movia a sinceridade de sentimentos e propósitos. A Capoeira segue novos Caminhos... e não me vejo neles ! Sigo curtindo a Capoeira que aprendi 50 anos atrás, isso me basta ! Sendo preciso, voltarei a escrever, errado ou certo ! (NATOAZEVEDO)