"COSTURANDO" A HISTÓRIA

"COSTURANDO" A HISTÓRIA

"Você está narrando um relato

histórico... na Capoeira o que

importa são as histórias" !

me. ROMÃO (SESC, nov/1987)

Os domingos de manhã na Praça da República, entre 1987 e 96/97, eram nossa melhor diversão... enquanto eu faturava vendendo livros e revistas -- até o folclórico "Pinduca" esteve em minha "Banca", no chão da praça -- meu irmão "engavetava" as fofocas mais recentes trazidas pelo DIVA - Depto de Informação da Vida Alheia, além de rever amigos de Capoeira e jogar com êles, Laíca, Rai, Brás, Nonato, Nelson, entre outros. Ao som da Roda animada e, adiante, aos "ruídos" dos berimbaus e "tamboretes" de uma barraca da Feira de Artesanato, no calçadão da praça, lá se ía a manhã, raramente com chuva, que tem hora certa, ou tinha. Na tal Barraca "musical" frequentava o pessoal da UFPA, universitários locais ou estudantes de outros Estados, como o angoleiro "Baiano", moreno encorpado, abrigado na "Casa do Estudante", pardieiro pro lados da Doca, ou Reduto, como queiram. Nessa época, 91/92, pontificara na Praça por algum tempo o acrobata "capoeira" "Alagoas", angoleiro de valor, além de rapaz negro de Salvador vendendo berimbaus e belas camisetas em serigrafia. Da Bahia andou por aqui um certo mestre "Caboclo"... não sei se êle passou pela UFPA, porque foi justo nesse período que um tal de Figueredo "bolou" treinos (ou seriam aulas ?) de Capoeira para os universitários que tinham momentos de AERÓBICA -- na moda, então -- com o prof. "Borrachinha".

Perguntei a um amigo -- professor de Capoeira próximo do tal "Vadião", área livre na UFPA -- como eram as "aulas" de Capoeira lá... deu um sorriso amarelo ! Resolvi conferir "in loco", "presencialmente", como se diz hoje: "uma tristeza", chão de cimento empoeirado, com o vento frio do rio ao lado desanimando até o mais fanático. Dizem que passaram por lá 3 ou 4 "instrutores", nada de Angola, na época. A tal "barraquinha" mudou para 50 metros antes do TWH e não mais vi (nem ouvi, graças aos céus) os "berimbaleiros" porém, pelo visto por mim em vídeo de 1996/97, um deles não aprendeu direito.

Foi desse "núcleo" que nasceu a idéia de aulas de Angola na UFPA... em 1993/94 surgiria por aqui um jovem de nome "Índio" -- aluno do renomado mestre Rogério, da Alemanha -- com seu contramestre "Carimbó", que ficou em Belém um bocado de tempo. Me parece que o Grupo se chamava "Angola Dobrada" ou algo parecido. Se apresentaram no Museu da UFPA, numa Exposição (?!) medíocre de fotos e 1 uniforme de Capoeira (promovida por um oportunista), com bela Roda de Angola, inesquecível para mim que só vira o estilo em fitas de vídeo VHS, me enviadas por mestra "Cigana". Nessa noite um "curioso" a meu lado (olhos arregalados) aprendeu TUDO o que precisava para se fazer instrutor de Angola em universidade classe A da capital. Alertei a Direção sobre aquele "equívoco":

-- "Mas, as aulas dele são tão ENGRAÇADINHAS" !, replicou a responsável. E findou por aí !

A História da prática da Capoeira Angola na UFPA é um "patchwork", "colcha de retalhos", tantos foram os "recomeços" e os vários Grupos que lá estiveram. Pra quem não sabe, os 2 nomes maiores da Capoeira na capital "se engalfinharam" em 1981 no ginásio da UFPA, durante um torneio... mas isso é outra "história" ! Admitindo-se que, em 1993, nem os mestres "Bira do Marajó" ou "Índio" e seu c/m "Carimbó" efetivaram Grupo, a história da Angola na UFPA inicia em meados de 1994, com o polêmico Romão.

Com quem ?! Teria êle formado lá 2 Grupos, o "Vertentes de Angola" e o "Festa de Angoleiros" -- não tenho dados para confirmar isso, mas fazia pesquisas no intuito de escrever a história MODERNA da Capoeira EM BELÉM -- e me parece que levou pra lá também a sua FRC - Fundação Roda de Capoeira, criada por volta de 1992 ou antes disso. Criar Grupos era "especialidade" dele, que fundou uma Associação de Mestres e Contramestres, que teve até "guerra de bolos" segundo soube, ignoro se por essa época ou pouco depois.

Aí é que "a porca torce o rabo"... num estranho projeto de levar "instrumentos de Capoeira" para as EPs de Belém -- sonho originado (em 2010 ?) sob o teto da UFPA -- há meia página de um Histórico que resume a presença do mestre lá "em poucos meses" somente, sem sequer indicar a data. JRS voltaria à UFPA em 1997 para 2 dias de um evento de Angola mais polêmico ainda. Este não pode ser ignorado ou NEGADO... há um vídeo dele por aí e 10 ou 12 mestres locais ("Zumbi" entre êles, eu acho) -- só não sei se ANGOLEIROS -- que participaram do tal Encontro "angonal" !

Em 1995 surgiria o famoso NUCAAL - Núcleo de Capoeira Angola Arte e Liberdade, tendo à frente mestre Bezerra -- eleito presidente da FEPAC nessa época -- "cujo grandioso trabalho lá" (*1) foi motivo até de Medalha em Salvador. Há um vídeo por aí para comprovar os resultados de seu ensino !

Em 2000 estaria lá uma certa profa. VITÓRIA, da FICA (entidade criada por me. "Cobra Mansa", não sei ao certo), suponho que com trabalho próprio, talvez auxiliada por "Bira do Marajó", que dispensa apresentação. Ao que tudo indica o tal NUCAAL teria definhado após 1997. Talvez isso explique a "volta" fugaz de me. Romão para realizar o "I Encontro de Capoeira Angola do Pará, na UFPA", desconheço se foi noticiado na Imprensa de Belém.

Em 2003 -- ainda nas palavras de Augusto Leal -- surge o ANGA - Angoleiros da Amazônia, creio que com mestre "Bira" à frente, este de breve duração. Augusto viria a fazer parte do futuro "Malungos" em 2006, data que me causa estranheza.

Em 2006, salvo engano meu, aparece o projeto "Riacho Doce", página inteira num Jornal, O LIBERAL se bem me lembro, 8 a 10 crianças na foto, das 416 citadas na manchete. Com vários esportes e incluindo, claro, a Capoeira... com quem mesmo ? EU LI (ninguém me contou)... com J. Romão ! O projeto estava ligado às atividades da UFPA porém meu irmão soube, adiante, que seria professor lá um rockeiro de nome "Paulo Roque", com programa na TV RBA. Questionado, nem confirmou e nem desmentiu a "fofoca", ficou num "meio termo". Ao que parece o tal projeto nem sequer saiu das intenções, pelo menos naquela época.

Nesse mesmo 2006 (?!) seria criado na UFPA o "Malungos", com supervisão do baiano "mestre BEL", conforme A. Leal. É de se crer que esteja atuando lá até hoje (2021), mas um "passarinho me contou" que um certo "Grupo RAÍZES DA MATA" (*2) de um certo prof. ou mestre Rudimar estaria atuando nas dependências... mas "será o Benedito" ?! Não, talvez seja Josimar ou Edimar !!!

Num texto irônico, "TERRA FIRME: Celeiro de Bambas", meu irmão narra parte dessa estórias todas e que soube que um aluno do mestre Marlon, próximo dali, é quem teria assumido as aulas na UFPA,em algum período. "O que importa mesmo SÃO AS HISTÓRIAS"... resta saber se teremos quem queira contá-las, sem tirar nem pôr NOMES e fatos apenas porque NÃO GOSTA desse mestre ou ADORA aquele !

"NATO" AZEVEDO (em 5/junho 2021, 22hs)

OBS: (*1) - tal definição é de mestre F.Rabelo e vamos aguardar que o vídeo dessa maravilha seja exibido, algum dia.

(*2) - tirei conclusão precipitada, o RAÍZES DA MATA é do bairro Terra Firme, mas não da UFPA.