O.D.C. - MISTÉRIO A DESVENDAR !
O.D.C. - MISTÉRIO A DESVENDAR !
-- "Errei, p*rra" !, exclamou Deus, quando São Pedro foi alertá-lo, Êle tentando castigar um garoto malvado. A piada é do "Costinha", portanto, proibida para menores,daí eu não recontá-la aqui.
-- "Errei, p*rra" !, repito eu que, até hoje pela manhã, acreditava que o livro "ODC CAPOEIRA" (assim o divulgavam, com esse "título" !) era quase uma lenda, não existia, extraviara-se, fôra destruído ou devorado pelas traças, mofo, etc. Eis meu espanto ao vê-lo na Internet num site de leilões... em 2018,"ali pertinho", 3 ANOS somente ! Seu dono anterior tratou "diamante bruto" como pérola barata de ostra doentia. Em leilão internacional, numa Christies por exemplo, faturaria 10 VEZES mais que os 2 MIL ou 5 mil reais que recebeu !
Amigo, se me ler, faça uma gentileza à Humanidade: reproduza em "fac-símile" algumas páginas, ou melhor, use seu celular mesmo. ERREI ontem (1990) e hoje, ao recuperar da memória trechos de minha "caça ao tesouro": esqueçam os "palpites" sobre o "Guia do Capoeira", de 1907 -- seu título real no texto "ODC & OUTROS TEMAS", que acabei de postar -- a Pesquisa COMEÇA agora e depende de muitos outros que já avançaram nos assuntos ligados a Capoeira "de antanho", dos dias primevos dela. Esqueçam "Oswaldo de Carvalho"... sigo firme na "sensação" de que O.D.C. seja as INICIAIS do Autor mas "abro mão" do C como "capoeira". Provavelmente é parte do sobrenome do "escritor", os "pontinhos" entre as consoantes me levam a isso, sendo o D também sobrenome ninguém, quando abrevia, faz isso com o DE, o DOS, DO !
Ouso afirmar que já temos o PERFIL do autor e até a Região, uma delas, pelo menos. O livro foi "rodado", impresso no Rio de Janeiro, logo, o "escritor" morava lá... "boto areia" nesse palpite ! A jovem Paula Juliana Foltran Fialho -- numa pesquisa impressionante sobre "mulheres-capoeiras" de Salvador, nos 1910/20, nos informa que a perseguição lá era feroz, justo na época da publicação "do ODC", atingindo até vendedoras de comidas, das praças e ruas. Se era baiano -- toda a Capoeira era baiana, ou derivava dela -- teria descido ao Rio para imprimir lá a obra.
E chegamos À DEDICATÓRIA... segundo mestre Lacé ela seria a tal sigla ODC, com o explícito "À DISTINCTA MOCIDADE" vindo em seguida, mero apêndice da "sigla misteriosa". Sou pior que São Tomé, tal explicação me é INCONVINCENTE ! (*1) Entretanto, a expressão é tão incomum em gente simples do povo, no "capoeira" simplório, que nos aponta para indivíduo que sabia DA PRÓPRIA IMPORTÂNCIA, teria êle ascendência, 1 TÍTULO talvez, junto à mocidade... e o mais curioso, revelador até, juventude DISTINTA ! A quem se referia, a quem se destinava a dedicatória ? Ao trabalhador do Cais do porto, taifeiros, estivadores, carregadores de piano e outras "bugigangas", "camelôs", sapateiros, todos NEGROS ?!
Gente, a pesquisa está só COMEÇANDO... temos um O.D.C. para localizar, no Rio -- quem sabe, em Salvador -- cujo prenome inicia com O, tendo êle mais 2 sobrenomes. "Alea jacta est", disse Júlio César... iremos precisar de muita sorte e de muito tempo para vencer o desafio, quem sabe o que nos aguarda ?!
"NATO" AZEVEDO (em 20/maio 2021, 15hs)
OBS: (*1) Em todo e qualquer LIVRO, abaixo do título vem sempre o NOME de seu Autor... seguindo essa premissa, o O.D.C. com seu enorme destaque, quase maior que o título, seria a identificação do Autor. Nada mais natural, deixar um "sinal" a ser reconhecido por seus iguais, exceto a polícia ou a Lei.
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A Capoeira fôra inclusa no CPB - Código Penal Brasileiro, nos primeiros dias da República, pouco antes. Era preciso coragem para produzir um livro com o tema e muito dinheiro para fazê-lo e, adiante, VENDÊ-LO às escondidas, de mão em mão, Capoeira ERA CRIME e os 10 REAIS da época "uma fortuna", para o pobre, pelo menos. A "capa" traz o preço impresso... 1$000 réis, mil réis, 10 x 100 réis, caríssimo para o bolso do pobre, que nem sabia ler, na maioria dos casos.
A obra tinha "endereço"... além do da LIVRARIA NACIONAL, onde foi produzida, outro espanto ! Seria entregue a pessoas das relações do autor, 30 ou 50 exemplares somente, não haveria tantos praticantes de posses em 1907. Resta saber como CONVENCEU o dono da tipografia a imprimir "um crime", um libelo a favor de atividade proscrita. Seria amigo do dono ? Poderia ser o próprio dono da Livraria Nacional, este sim com clientela DISTINCTA (e de posses), entre êles jovens praticantes da "Gymnástica Brazileira" ?! Que coragem a dele, tirando nossa Capoeira do rol das práticas criminosas e alçando-a à categoria de GINÁSTICA !
Lamartine Pereira da Costa -- autor de preciosa obra, inigualável a meu ver -- teria introduzido a Capoeira nas atividades da Marinha de Guerra por volta de 1920, segundo meu irmão... mas, a prática NÃO ERA CRIME ? Então, podemos explicar isso ?!
Temos "ganchos" para iniciar uma investigação e o DONO da tipografia é um... teria "bancado" a tiragem, que custou uma fábula ?! Se a obra tinha imagens era preciso fotolito (placa de chumbo, na época) para reproduzir cada foto, desenho, tudo caríssimo ! Outro "rastro" é o (português) MANOEL CAVALCANTI, proprietário (?!) do "sebo" que vendeu o exemplar que foi a leilão virtual em 2018. É hora de ir à luta, "à caça" !
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Não quero ser impertinente e nem impor minha idéia, afinal O.D.C. pode muito bem ser o que se afirma: "Ofereço / Dedico / Consagro" 1 Fui ao Dicionário e lá está, para CONSAGRAR, além dos significados religiosos, "aclamar, DEDICAR-SE A"... logo, ODC faz todo sentido !
Tenho em mãos obra e 1941, de Jorge Amado. já na Ortografia atual, sem os PH, Y ou C mudo... traz no FRONTISPÍCIO -- a página após a capa e que "reproduz" esta, sem imagens -- uma dedicatória sem o termo DEDICO, raramente usado em livros. Já o OFEREÇO só vi em poemas, no interior do volume, em versos que traziam o nome da pessoa amada. Me pergunto se, naquela distante época, alguém saberia que D. ou O. teriam tal significado ! Como disse, o mais comum é citar o nome e os motivos para a dedicação.
Me "incomoda" o tamanho das letras ( o "corpo" dizia-se e FONTE é o tipo delas, formato) do ODC em relação à "sumida" dedicatória real... À DISTINCTA MOCIDADE ! Algo não faz sentido ! Conclui-se que o "escritor" não era do ramo, naquela primeira página só entra título, autor e dedicatória, quando muito a Editora, Estado e ano.
Nosso amigo desconhecido "enfiou" na tal página não só o PREÇO -- muito incomum, INÉDITO isso, novidade mesmo -- como ainda nome e endereço da Livraria, outro absurdo, o que elimina o dono dela, êle jamais cometeria uma gafe daquelas.
Essa história não acabou... ainda que ODC seja o que e diz, livro de MIL RÉIS (uns 40 "paus" hoje) era para poucos e esses O GUARDARAM -- seus ascendentes "ginastas" -- e, agora, trinetos e tataranetos têm a oportunidade de LOCALIZAR a obra nas suas bibliotecas empoeiradas.
"NATO" AZEVEDO (adendo em 21/maio 2021)