Clube do Remo - Futebol profissional, 1945 - 1974

INTRODUÇÃO

Durante a organização de textos para o registro sobre o futebol do Clube do Remo, para que fossem apresentados com menor dificuldade para leitura e entendimento, decidiu-se separá-los em três artigos: Clube do Remo - Futebol Amador - 1913-1944; Clube do Remo – Futebol Profissional 1945 – 1974; Clube do Remo - Futebol Profissional 1975 – 2020.

Este é o segundo artigo e tratará da implantação do futebol, o desempenho nas décadas desse período, os títulos conquistados e as equipes. Além disso, a apresentação de sugestão para a criação das “academias de prata de futebol do Clube do Remo" e das "academias de ouro de futebol do Clube do Remo".

IMPLANTAÇÃO DO FUTEBOL PROFISSIONAL

A transição do futebol amador ao profissional no Pará não tem uma data, mas sim um período em que fatos se sucedem e o profissionalismo se implanta.

Esses fatos podem ser caracterizados como de natureza: social, onde o elitismo e o racismo do amadorismo perdem espaço; econômica, onde ocorria a presença de muitos clubes remunerarem seus principais atletas, como se funcionários fossem, bem como pagarem incentivos conhecidos como “bichos”; mercadológica, pois na Europa já existia o profissionalismo e, em consequência, a debandada dos melhores jogadores brasileiros aos times europeus, para serem bem remunerados; e política, onde grupos disputavam por manter o amadorismo e outros, por fazer como a Europa, implantar o profissionalismo.

Como data marco da implantação do futebol no Brasil, ou melhor, nas duas principais capitais brasileiras, Rio e São Paulo, escolheu-se 1933.

Processo semelhante, com variações regionais, ocorreu no Pará, ou melhor, na capital Belém, e o ano de 1945 representa a data marco de transição do ciclo amadorista para o profissionalismo em Belém, quando foram criados os primeiros contratos entre os clubes e seus jogadores, que passaram a ter vínculo empregatício.

O primeiro campeonato da fase profissional foi em 1945, entretanto, o primeiro titulo do Clube do Remo somente aconteceu em 1949.

Nas avaliações do futebol profissional remista, que serão apresentadas por década, o critério é de simplicidade irresponsável, mas, acredita-se que qualifica as décadas relativamente entre si: número de campeonatos estaduais; a existência de campeonatos sucessivos; a participação em competições regionais, nacionais e internacionais e o reconhecimento, ou transferência de jogadores para grandes equipes nacionais e ou equipes internacionais. As ponderações variam de 0 a 200

AS TRÊS PRIMEIRAS DÉCADAS DE PROFISSIONALISMO

Década De 50

A década em que o Remo estreia no futebol profissional registra quatro títulos estaduais, dos quais um tricampeonato, e um título internacional.

Merecem destaques: o técnico Nagib Matni; o goleiro Veliz; o zagueiro Isan; o lateral esquerdo Muniz, o meia Jaime; e o atacante Quiba. Isan transferido para o Vasco e Quiba, para o Flamengo.

Mais do que justo, ponderar o aproveitamento do Leão, nessa década, com 55% (110/200).

Em 05 de fevereiro de 1951, celebração de fundação do Clube do Remo, a imprensa publica de autoria do poeta paraense Antônio Tavernard, o Hino do Clube do Remo.

Década de 1960

Três títulos estaduais 1960, 1964 e 1968, este com o 10° título de forma invicta, com somente um empate em 10 jogos. Destacaram-se nesse título o técnico Danilo Alvim e a dupla de ataque Amoroso e Robilotta.

Participação em duas edições 1961 e 1965 da Taça Brasil. Em 1961, ficou na oitava colocação e em 1965, na nona colocação. As duas melhores colocações entre as equipes do Norte, que, nessa década, participaram da Taça Brasil.

Para incluir as equipes do norte e do nordeste que ficaram de fora com o fim da Taça Brasil e a criação do “Robertão” – Roberto Gomes Pedrosa, a CBD cria os torneios regionais.

Dois títulos regionais, bicampeão da Taça Norte, 1968 e 1969.

Aproveitamento do Leão, nessa década, com 45% (90/200).

Década de 1970

Com mais um campeonato da Taça Norte, sagra-se tricampeão, 1968 -1970

Seis títulos estaduais fazendo o Remo tricampeão por duas vezes. Um título internacional, realizado em Belém.

Oito campanhas consecutivas na série A, sendo uma delas a melhor campanha do Remo na elite do futebol brasileiro. Em 1972, o Remo e o Nacional-AM foram os primeiros clubes a representar a Região Norte na Série A.

Reconhecimento de jogadores dessa década: Goleiro Edson Cimento e o lateral direito Aranha forma premiados com a Bola de Prata pela revista Placar. O lateral direito Rosemiro e os atacantes Alcino e Bira transferidos, respectivamente, para Palmeiras, Grêmio e Internacional.

Essa foi uma das melhores décadas do futebol remista. Mais do que justo nessa avaliação, mais do que simplista, distingui-la com 70% de aproveitamento (140/200)

TÍTULOS INTERNACIONAIS

1950, Torneio Internacional de Caracas (Venezuela).

Esse torneio foi precursor do “Mundialito”, que vigorou de 1952 a 1957, Pequena Taça do Mundo.

1975. Torneio Internacional de Belém;

TÍTULOS NACIONAIS – DESTAQUES

1967, Torneio Quadrangular de Salvador (BA);

1971, Campeonato Nacional Norte-Nordeste;

Equipe campeã no Norte e Nordeste em 1971: Dico; Mendonça, Mesquita, Valdemar e Edílson; Tito, Jeremias (Elias) e Carlitinho; Ernani (Alcindo), Rubilota e Neves. Técnico: François Thym

TÍTULOS REGIONAIS

Bicampeão Torneio do Norte: 1968 e 1969.

De 1959 a 1968 existiu campeonato nacional entre clubes brasileiros, a Taça Brasil. Com o fim da Taça Brasil e a predominância do Robertão, cujo critério de participação era o "convite"; a CBD decide criar torneios regionais para as equipes que ficaram de fora do Robertão.

O Clube do Remo consagra sua hegemonia na região, sagra-se bicampeão da Taça Norte (CBD) em 1968 e 1969.

Time campeão da Copa Norte em 1968

François; China, Alemão, Casemiro e Edilson; Sirotheau e Carlitinho, Birungueta, Rubilota, Amoroso (Waltinho) e Adinamar. Técnico: Danilo Alvim –

Taça Norte: 1971

O Leão reafirmando sua hegemonia regional, conquistando o Tricampeonato da Taça Norte (CBD).

DESTAQUES OUTROS TÍTULOS ESTADUAIS, OU MUNICIPAIS

1954 - Copa I Congresso da Amazônia – Femaco;

1954 -Taça Vasco da Gama; e

Torneio Cidade de Belém: 1964, 1965, 1966, 1970.

CAMPEONATOS ESTADUAIS – FUTEBOL PROFISSIONAL

1949

Veliz; Expedito, Isan; Modesto, Jambo e Muniz, Itaguary, Quiba, Silvio, Jaime e Marido. Técnico Nagib Matni

1950 - Bicampeão

Venceu o Paysandu por 4x1 na segunda de melhor de três sagrando-se supercampeão de 1950

Veliz; Expedito, Isan; Modesto, Jambo, Muniz; Iyaguary, Quiba, Geju, Jaime e Marido. Técnico: Nagib Matni

1952 - Campeão

Veliz; Germano, China; Smith, Jambo, Muniz; Hermínio, Quiba Sessenta, Jaime e Marido.

Importantes goleadas foram aplicas sobre o rival nesta década. A principal delas foi na Final do 1º Turno do Campeonato Paraense de 1952, disputada na Curuzu, terminou 6x1 para o Leão.

1953 - Bicampeão

Vence a Tuna por 2x0

Veliz; Germano, China; Smith, Jambo e Muniz; Hermínio, Quiba, Sessenta, Jaime e Santo Antônio.

1954 - Tricampeão

O primeiro tricampeonato estadual do futebol profissional remista, conquista garantida com empate de 1x1 com o Paysandu. Técnico - Nagib Matni

1960

Esse é o campeonato paraense que pela primeira vez tem a participação de um time do interior: Beneficente Avante Futebol Clube de Salvaterra, município situado na Ilha de Marajó.

O Remo conquistara o primeiro turno, então se vencesse o 2° turno sagrava-se campeão. A final foi justamente com o único representante do interior: Remo 1x 0 no Avante. Remo campeão estadual de 1960.

O Paysandu entra com recurso na justiça desportiva paraense que decide por nova decisão, em única partida contra o Paysandu. Com gol de Walter, Remo vence e sagra-se, “Duplo Campeão” de 1960. Foi esse título dado por torcida e cronistas a essa conquista azulina.

O time desse “duplo campeonato”: Piedade; Olinto e Ribeiro; Vicente, Isaías e Socó; Jorge de Castro, Wálter, Câmara, Sessenta e Ferreira. Técnico – Armando Monteiro

1964

Campeão em cima da Tuna, 2x1

François; Ribeiro e Socó; Edilson; Zé Luiz e Casemiro; Newton(?), Valmir, Zequinha, Kibinha e China. Técnico Sávio Ferreira :

1968.

Campeão Invicto em cima do Paysandu, em melhor de três pontos (2x0 e 2x2)

Jorge, Alemão, China, Casemiro, Ângelo, Edilson, Birungueta, Robilota, Amoroso, Celso e Zequinha – Treinador Danilo Alvim (também técnico campeão da Taça Norte)

Campeão 1973

Campeão na disputa do título estadual com o Paysandu.

Formação titular do Remo, campeão paraense de 1973: Dico; Augusto, Mendes, Aldeci, e Cuca; Elias, Tito, e Lindóia; Caíto, Roberto Diabo Louro, e Neves. Técnico - Aloísio Brasil.

Essa equipe de 1973, que inicia o tricampeonato, ainda não se firmara, haja vista as mudanças sofridas no comando técnico da mesma: Aloísio Brasil sai no meio do campeonato, entra Wilson dos Santos, que sai após alguns poucos jogos, e substituído pela velha fórmula, quando a crise se agrava, espécie de junta, de comissão: Cleber Carmerino, François (goleiro) e a volta de Aloísio Brasil.

As mudanças de comando se refletiam nas alterações do elenco. Alcino que se tornaria o artilheiro junto com Roberto, somente passou a jogar a partir da sétima rodada deste campeonato, substituindo Neves.

Bicampeão Invicto 1973,74

Dico; Rosemiro, Ruy Azevedo, Dutra, e Cuca; Elias, Caito, Mesquita e Neves; Alcino e Roberto – Treinador Paulinho de Almeida.

ACADEMIA DE PRATA DE FUTEBOL DO CLUBE DO REMO – 1949-1974

De mesma forma, como fizemos para o futebol Amador do Clube do Remo, onde criamos, aos 32 anos desse período a Academia de Futebol Amador do Clube do Remo, para o profissional devido ao período se estender, indefinidamente, dividimos por períodos de 25 anos – Academia de Prata e 50 anos, Academia de Ouro.

Assim, até 1999 teremos três academias: duas de prata e uma de ouro.

Alguns critérios objetivos para definir essas academias: número de anos de atuação no clube; número de títulos que participou; identificação com o elenco e com o clube; reconhecimento pela torcida, transferência para times de ponta.

Academia de Prata – 1949 - 1974

Veliz; Rosemiro; Isan, Socó e Cuca; Elias, Caito, e Mesquita; Kiba, Alcino e Amoroso.

Técnico: Nagib Matni

Difícil selecionar as academias, pois existe rotatividade muito grande de técnicos e jogadores. Mas, dentro dos critérios escolhidos essa foi a primeira academia de prata do futebol profissional remista.

Evidente, tratar-se de sugestão. Essas academias devem ser selecionadas por comissão de historiadores, técnicos e jornalistas.

FONTES:

Livro: A História do Clube do Remo – Ernesto Cruz; e

Sites:

campeoesdofutebol.com.br

pt.wikipédia.org.

remopedia.blogspot.com

universidadedofutebol.com.br

J Coelho
Enviado por J Coelho em 18/05/2021
Reeditado em 15/09/2021
Código do texto: T7258397
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